Pretendia escrever sobre outro assunto hoje, mas me perdi em meio aos papeis que são muitos, espalhados. Por isso decidi mudar de roteiro.
Vou voltar -- sem perder o ambiente de suspense-- à empreitada que enquadraria e se encaminharia a questões administrativas, partidárias e políticas que atravancam o Desenvolvimento Econômico do Grande ABC.
Os leitores mais assíduos devem puxar pela memória e capturar o que escrevi ainda outro dia, sobre um plano que levaria ao novo governador do Estado série de medidas que dariam à sociedade desorganizada do Grande ABC mais que um fio de esperança, um fio condutor a novos cenários e ações.
Falei com uma e outra pessoas ultimamente, sem revelar o que tenho no bolso do colete de solucionáticas, e parece que a coisa está andando.
SOMA DAS PARTES
Espero que ande de verdade. Basta um encontro com o novo governador para, garanto, o Grande ABC ganhar nova dinâmica de regionalidade abortada e esquartejada muito antes da morte de Celso Daniel. O então melhor prefeito regional (e único) do Grande ABC já ameaçara jogar a toalha ao ver-se praticamente solitário entre os prefeitos.
O que tenho a apresentar com o currículo de quem é regionalista com olhos, ouvidos e coração em territórios próximos e distantes, é mesmo fonte de fertilidade a novos relacionamentos.
Nada que seja sacada de gênio. Nada disso. É apenas a soma de partes que não frutificaram e algumas pitadas de experiência própria como observador atento do cenário regional, nacional e internacional.
SEM FUTURO
É muita ingenuidade supor que o Clube dos Prefeitos, também conhecido como Consórcio Intermunicipal, vai encontrar o ancoradouro da paz e da prosperidade que o conduziria a jornadas de glória.
O divisionismo do Grande ABC em sete partes que se pretendem unificadas, mas são calamitosamente rivais no pior sentido do termo, esse divisionismo fecha todas as portas à racionalidade.
O modelo do Clube dos Prefeitos que está aí e que é bajulado pelos inconsistentes de sempre, porque os bajuladores são interesseiros por natureza e safadeza, esse modelo do Clube dos Prefeitos é uma anedota de mau gosto.
É a mesma musiquinha tocada há 30 anos, com alguns ensaios tão episódios quanto frustrantes de que todos estariam no mesmo passo.
CINISMO PURO
O rompimento recente no Clube dos Prefeitos, com São Bernardo, São Caetano e Ribeirão Pires dando no pé, é, como já escrevi, é um paradoxo.
Parece desastroso, tem jeito de desastroso, cheira a desastroso, mas é elucidativo.
A partir deste janeiro sabe-se que o cinismo de unidade é isso mesmo, cinismo puro.
O modelo de regionalidade que pretendo fazer chegar ao governador do Estado foi negligenciado nos 28 anos de governança tucana porque os tucanos que comandaram o Palácio dos Bandeirantes eram ruins da cabeça da Economia e doentes dos pés de sensibilidade social.
Ou seja: ficaram no meio do caminho trilhado por políticos liberais e também ficaram aquém da vertente socialista, embora nesse caso, tenham os tucanos lançado algumas novidades de cunho assistencialista. Nada que as prefeituras, de maneira geral, não repitam.
MODELO IDEAL
Sem crescimento econômico, o resto se compromete. E o Estado de São Paulo sob as ordens governamentais tucanas perdeu pedaços importantes do PIB nacional, tanto em termos absolutos quanto relativos.
A indústria de transformação, por exemplo, apesar de alguns novos endereços no Interior do Estado, perdeu feio para outros integrantes da Federação.
O modelo que pretenderia ver à frente do Clube dos Prefeitos independeria em larga margem dos tentáculos político-partidários.
Sei que essa projeção é idiotice pura, porque os políticos e assessores que comandam a região não abririam mão de poderes que não exercem porque não têm aptidão para tanto.
NOVO ENQUADRAMENTO
Afinal, o que seria o Clube dos Prefeitos fora do enquadramento atual, herdado da criação da entidade há 32 anos?
Ora, seria uma agência dirigida e comandada por profissionais doutrinados tecnicamente para enxergarem o mundo regional como deve ser enxergado, ou seja, imerso na recuperação do tecido econômico com viés da livra-iniciativa.
Ou seja: o Estado no formato de municípios seria colocado para fora do baile do comando da regionalidade, no qual só cometeram bobagens, e daria espaço e condições de financiamento de um projeto que observasse o empreendedorismo regional como peça-chave da equação desenvolvimentista.
É claro que outros agentes econômicos participariam do projeto, inclusive representantes do sindicalismo de guerra, mas os pressupostos de desenvolvimentismo com participação do Estado de forma suplementar, estratégica, organizacional, seria a fonte de inspiração e operação da instituição.
LIVRE-INICIATIVA
Não fosse o estado acéfalo de institucionalidade do Grande ABC, impactado pela deserção ao direito de participar ativamente de decisões estatais em nível municipal e o desprezo ao futuro, a agência à qual me refiro nem precisaria de recursos orçamentários das prefeituras.
Bastaria que a livre-iniciativa regional, quem sabe com suporte de instituições do mesmo viés no País e no Exterior, organizasse uma instituição completamente independente das garras estatais.
Nesse caso, os sindicalistas seriam dispensáveis. Deveriam ser requisitados, quando muito para colaborarem em determinadas tarefas.
Os sindicalistas do Grande ABC são prevalecentemente a prova provada de que o passado é o centro de adoração fundamentalista, tendo o Estado gastador e incompetente, e interventor desastrado, como fonte sagrada de inspiração.
MISES E MARX
Traduzindo tudo isso, diria que falta ao Grande ABC uma organização que tenha o liberalismo econômico e o comprometimento social como peças de acasalamento ideal, prospectivo e próspero.
Por isso que, entre outras coisas, não comportaria vanguardas do atraso, regressistas que não tenham o que oferecer, exceto uma capa dourada de democracia participativa que, todos sabem, não passa de embromação e enganação.
O Instituto Liberal do Grande ABC, que tenha intenso comprometimento com a realidade regional feita de sangue, suor e deboche, seria extraordinária notícia nesta terceira década do século.
Necessariamente, não dispensaria o que tenho a apresentar ao governador do Estado. E o que tenho a apresentar é uma charada de fácil compreensão se os leitores mais atentos forem aos arquivos desta revista digital.
Então, ficamos assim: enquanto o governador não é despertado a uma iniciativa estrondosa, vamos idealizando um instituto de liberais econômicos e socialmente responsáveis. O escopo de menos Mises e menos Marx deveria prevalecer. Mas isso é outro assunto. Que fica para outro dia.
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07/03/2025 PREVIDÊNCIA: DIADEMA E SANTO ANDRÉ VÃO MAL