Estou torcendo para que o PT de Santo André saia mesmo da submersão político-eleitoral e vá para o campo de batalha nas disputas municipais do ano que vem. É preciso dar um aperto democrático na Administração de Paulinho Serra.
O ressurgimento do PT tornou a candidatura do Paço Municipal muito mais que reticente. Antes parecia sobrar nomes. Agora pode escassear. Onde Havia certeza agora há dúvida.
Quando o jogo é jogado para valer, o que se apresentava como fácil pode mudar de quadro. Assim como a rivalidade é o combustível do futebol, a política não tem razão de ser quando todo mundo está do mesmo lado ou quando a maioria está do mesmo lado e o restante não está nem aí com a hora do Brasil.
Pior que isso é todo mundo imaginar que há situação e oposição quando de fato há apenas supostas situação e suposta oposição. O bolo foi dividido geopoliticamente e as duas partes gozam as delicias do Estado – caso de PSDB e PT durante décadas de falsos embates.
COMPETIÇÃO À VISTA
Por isso, seja bem-vindo o PT de Santo André às eleições do ano que vem. O candidato do partido nestas alturas do campeonato pouco importa, embora já pareça estar encaminhado após a pesquisa tiro na culatra do Instituto Paraná.
Carlos Grana, ex-sindicalista, ex-prefeito de Santo André e nos últimos ano recluso, está na pista de decolagem. Botaram-no lá.
Sei que sei porque fui dado a saber e também procurei saber que a notícia do ressurgimento do PT no cenário político de Santo André causou estragos sísmicos no Paço Municipal.
O prefeito Paulinho Serra queria tudo na sucessão eleitoral, menos contar com um adversário competitivo. E o PT decidido a ir à luta, abandonando, portanto, o estado catatônico dos últimos anos, será páreo indigesto.
A brincadeirinha de um 2020 de pandemia, quando não chegou a 8% dos votos, vai ficar para a história como um vexame que jamais se repetiria.
ACABOU A BRINCADEIRA
Qualquer que seja o resultado de um provável segundo turno, os custos emocionais e financeiros de campanha da candidatura preferida do Paço Municipal serão enormes. E precisam ser mesmo.
Jogo jogado na política que não seja jogo de verdade ao invés de faz-de-conta é o retrato da prostração da sociedade. E Santo André conta com uma sociedade desorganizada e inerte. Uma vergonha para quem ocupa a 168ª colocação no ranking de PIB per capita no Estado de São Paulo. E após 40 anos de desindustrialização.
Santo André precisa da reoxigenação política para avançar economicamente. A letargia destes tempos é uma lua de mel enganadora.
Chegamos ao ponto de vassalagem que não se vê uma única instituição sequer a opor algum tipo de resistência aos mandachuvas e mandachuvinhas do Paço Municipal e do entorno do Paço Municipal.
Há uma unanimidade burra a calar-se diante de erros e acertos da gestão de Paulinho Serra.
SOCIEDADE CONTROLADA
A política de controle da sociedade é a pior das políticas porque prejudica inclusive o algoz, já que critérios de avanços sociais e econômicas são flexibilizados excessivamente e se tornam nocivos. Quem muito fala sobre sociedade organizada em Santo André e no Grande ABC como um todo quer mesmo explorar a ignorância geral ou joga no time da sociedade controlada.
Talvez a única figura que poderia ser chamada de pública que se tem debruçado para valer e continuamente sobre a gestão de Paulinho Serra seja mesmo este jornalista.
O preço é alto porque às vezes surge a dúvida entre alguns que levam à conclusão de que estamos diante de uma santidade a ocupar o Paço Municipal e um pecador qualquer sempre pronto a cutucões.
Não vou desfilar aqui pelo menos 20 motivos que sustentariam a conclusão de que Paulinho Serra de seis anos de dois mandatos incompletos está muito longe das necessidades de Santo André. Mais ou menos em equilíbrio com os antecessores pós-Celso Daniel. A ideia de que faça algo diferente demais é marketing puro.
DELÍCIAS DO PAÇO
Num texto apropriado vou fazer um escrutínio mais profundo da gestão de Paulinho Serra, noves fora o que já produzi ao longo de seis anos.
Por essa razão estou feliz sim com a redescoberta de um opositor no campo político-administrativo, no caso o Partido dos Trabalhadores.
O que tivemos ao longo dos seis anos foi uma aberração de uma agremiação que sempre se pautou como oposição até mesmo irritante, mas sempre ativa.
O PT de Santo André entregue às delícias do Paço Municipal, cooptado que foi pelo grupo de Paulinho Serra, virou marionete. Gente da cúpula e agregados se deleitaram com a condição de puxadinho situacionista.
PODEROSOS DE PLANTÃO
Independentemente de conceitos petistas com os quais não concordo, ou mais precisamente discordo veementemente, como a paixão pelo Estado Grande, acredito que em nível municipal, onde a agenda local e regional é muito mais ativa e também muito mais prioritária, o partido tem muito a colaborar como adversário dos poderosos de plantão, da mesma forma que o mesmo PT deva ser sempre escrutinado quando está na condição de poderoso de plantão.
Tudo é preferível à inação e à covardia, por assim dizer, que temos assistido no Grande ABC e particularmente em Santo André após o desastre econômico provocado pela então presidente Dilma Rousseff.
Foi Dilma a agente principal do desmonte do PT no Estado de São Paulo nas eleições de 2016. Carlos Grana, então prefeito, foi desalojado do sonho da reeleição por conta disso, principalmente. Quem analisar o desempenho eleitoral de Grana naquela oportunidade excluindo o ambiente nacional comete um sério equívoco.
SEM ESQUIZOFRENIA
A reativação motivacional do PT a concorrer para valer em Santo André deveria ser festejada por todos, inclusive por quem tem um olhar radicalmente contrário à agremiação que está de volta ao poder federal.
Não entendo como esquizofrenia política e ideológica lamentar a volta de Lula da Silva ao poder federal, por causa do contexto que o levou à retomada, e despertar a esperança de que o PT de Santo André dê no mínimo um suadouro nos poderosos que bajulam o prefeito Paulinho Serra todos os dias e a qualquer hora.
Há uma linha divisória de interesses e responsabilidades que justificam essa suposta anomalia decisória.
Lamentar a vitória de Lula da Silva e a volta do PT ao poder federal é assunto macropolítico e macrossocial.
Torcer para que a Administração de Paulinho Serra encontre no PT de Santo André um ponto de contraditório forte, coeso, ameaçador nas urnas, é sustentar a chama de que arbitrariedades e farsas administrativas em forma de prêmios sem relevância e decisões cruciais sem transparência alguma encontre um obstáculo e tanto.
HERMAFRODISMO EDITORIAL
Conheço e respeito leitores e eleitores que não abrirão mão jamais da sincronia fina de definir-se como apoiador ou oponente do PT Nacional tanto quanto do PT de Santo André ou de qualquer Município da região. É um direito inalienável postar-se como reflexo condicionado de um espelho que julgue irremediavelmente coerente com os conceitos individuais.
O hermafrodismo editorial deste jornalista talvez seja um passo adiante dos heteros político-eleitorais. Ou um passo anterior, sei lá.
Como sou otimista quando encontro alguma nesga de viabilidade de determinada situação reverter-se, quem sabe até outubro do ano que vem mude de ideia e passe a torcer pelo time de Paulinho Serra diante, quem sabe, de uma inovação no campo de Desenvolvimento Econômico?
Até agora, apesar de tudo o que se formulou, inclusive por parte deste jornalista, Paulinho Serra é mais do mesmo no campo econômico. É melhor que a concorrência regional aqui e acolá em determinadas especificidades. Também é menos efetivo lá e cá. Mas, no conjunto da obra, submeteu-se ao torniquete de um triunfalismo improdutivo, fantasmagórico, ludibriador da boa-fé e omisso.
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19/11/2024 PESQUISAS ELEITORAIS ALÉM DOS NÚMEROS (24)