Nem antes e também até agora ninguém mereceu uma réplica do Troféu Celso Daniel de Gestão Pública. Será que algum entre os atuais prefeitos da região conseguirá a façanha ao terminar o mandato em 2024?
É disso que trataremos nos próximos tempos. Vamos fazer uma curadoria rigorosa de três gestores públicos que estão há 76 meses seguidos no poder municipal – Paulinho Serra em Santo André, Orlando Morando em São Bernardo e José Auricchio Júnior em São Caetano. Os demais estão em primeiro mandato.
Não venha com a conversa fiada de que José Auricchio ficou exatamente um ano fora da Administração de São Caetano por conta da Justiça Eleitoral, Isso não cola.
Auricchio não estava no cargo oficialmente, mas a gestão do vereador e prefeito-tampão Tite Campanella seguiu determinações do prefeito afastado. Não houve nenhum tipo de colisão filosófica e operacional grave que pudesse determinar um caminho específico e diferenciado do prefeito interino. Tanto que seguem juntos, embora separados.
AMPLITUDE DO CARGO
Criamos o Troféu Celso Daniel de Gestão Pública porque queremos escancarar a diferença ou a semelhança entre aquele que foi o maior prefeito regional da história do Grande ABC e os demais. Os demais são todos os outros, do passado e até prova em contrário, do presente, e igualmente do futuro.
Trata-se, o Troféu Celso Daniel de Gestão Pública, de conceituação que passa a léguas de distância de qualquer conotação política destes tempos de intolerâncias.
É gestão pública no sentido mais estrutural que se possa imaginar. Ou seja: tanto para dentro como para fora das fortalezas dos paços municipais.
Prefeito que administra uma cidade olhando apenas internamente para o próprio umbigo é prefeito que usa viseira corporativista e carreirista.
Prefeito que administra uma cidade olhando e praticando medidas que vão além do varejismo convencional, de obras e serviços, é prefeito com passaporte ao reconhecimento de gerações.
SEIS DIRETRIZES
Decidimos organizar seis diretrizes às análises que virão. Mais que escolher os pontos centrais, decidimos também estabelecer pesos ponderados a cada uma das especialidades.
É preciso estar atento ao que acabo de afirmar porque está nesse ponto o caminho das pedras do Troféu Celso Daniel de Gestão Pública.
A soma dos quesitos “Competitividade Econômica” e “Regionalidade” representa nada menos que 60% do total geral da nota máxima do conjunto de medidas avaliativas.
Os demais quesitos são igualmente distribuídos com pesos ponderados de 10%, casos de “Governança”, “Governabilidade”, “Transparência” e “Responsabilidade Fiscal.
Então, para que fique mais fácil a anotar, segue o mapa da mina de definições que virão:
REGIONALIDADE, peso relativo de 30%.
COMPETITIVIDADE ECONÔMICA, peso relativo de 30%.
GOVERNANÇA, peso relativo de 10%.
GOVERNABILIDADE, peso relativo de 10%.
TRANSPARÊNCIA, peso relativo de 10%.
RESPONSABILIDADE FISCAL, peso relativo de 10%.
Colocadas essas premissas básicas, cabe um adendo que regulará a entrega simbólica do Prêmio Celso Daniel de Gestão Fiscal: é preciso que cada concorrente alcance nota geral mínima de 70% da registrada por Celso Daniel no período que começa em janeiro de 1997 e termina em janeiro de 2002, quando foi assassinado.
NOTA MÍNIMA
Afinal, qual é a nota alcançada por Celso Daniel após cinco anos completo à frente da Prefeitura de Santo André e – esse é um ponto extraordinariamente diferenciador – como principal agente público em âmbito regional?
Para que um dos prefeitos atuais (os anteriores ficaram longe disso) alcance a nota média mínima necessária para ser merecedor do Troféu Celso Daniel de Gestão Pública é preciso que alcance 6,30 numa escala de zero a 10.
A nota mínima média de 6,30 representa 70% da nota 9,00 registrada por Celso Daniel. Estamos sendo generosos no deságio, porque é praticamente impossível repetir o fenômeno Celso Daniel. De onde saiu a nota média de 9,00 de Celso Daniel? Veja:
REGIONALIDADE, NOTA 10.
COMPETITIVIDADE, NOTA 10.
GOVERNANÇA, NOTA 10.
GOVERNABILIDADE, NOTA 10.
TRANSPARÊNCIA, NOTA 5.
RESPOSANBILIDADE FISCAL, NOTA 5.
É claro que não faltarão eventuais opositores não só à analise que começo a expor como também ao passado sob o comando de Celso Daniel.
Faz parte do jogo democrático concordar ou não. O que não se pode deixar de observar é de quem eventualmente partiriam restrições profundas ou epidérmicas.
DISTANCIAMENTO CRÍTICO
Para avaliar o que foi o desempenho de Celso Daniel à frente da Prefeitura de Santo André e do Estado do Grande ABC, como poderia ser chamada essa região de três milhões de habitantes, é preciso certo distanciamento crítico.
Torcidas organizadas petistas e torcidas organizadas antipetistas não são as porções da sociedade mais apetrechadas a essa tarefa. Tampouco os indiferentes e os ignorantes.
Celso Daniel e seus cinco anos de prefeitura e iguais cinco anos de prefeituras, ou seja, como melhor prefeito regional do País, não podem ser retirados daqueles contextos.
Não se analisa o passado e suas circunstâncias sob a ótica do presente e tampouco se deve analisar o presente e suas circunstâncias em conflito com o passado.
TEMPOS DIFERENTES
Dúvidas sobre o desempenho de Celso Daniel e por extensão dos três prefeitos que estarão sob análise provavelmente serão dirimidas nas edições que tratarão dessa proposta de situar no tempo e no espaço o que representaram aqueles cinco anos de dois mandatos incompletos na história do Grande ABC.
Não se pode esquecer jamais que Celso Daniel assumiu pela segunda vez a Prefeitura de Santo André em meados dos anos 1990 quando o Brasil como um todo e a região em particular passavam por grandes transformações econômicas.
O Plano Real, lançado em 1994, revolucionou o Poder Público com o fim da inflação sistêmica e destruidora. Uma situação que exigiu mudanças profundas na Administração Pública Municipal. A abertura econômica arrasou o tecido industrial do Grande ABC de tormentosas relações sindicais.
ILHADO POLITICAMENTE
Ainda durante os cinco anos de Celso Daniel à frente da Prefeitura de Santo André é preciso lembrar que ele era uma andorinha entre os tucanos que administravam o Estado de São Paulo e o Governo Federal.
Celso Daniel fez das trevas, luz. Talvez tenha sido exatamente por estar isolado politicamente no âmbito estadual e federal que buscou parcerias, que retirou o PT do quarto de despejos de animosidades entre capital e trabalho.
Tradução de tudo isso? Os ciclos políticos, administrativos e econômicos se renovam a cada momento e se tornam mais complexos nestes tempos de explosão tecnológica de bolsos e bolsas, situação que exige flexibilidade e ponderações.
Celso Daniel não contou com facilidades para desenhar uma coreografia municipal e regional abortada pelos sucessores. Distante disso.
PENSANDO LONGE
O que o diferenciava em relação aos que o sucederam na região e também aos que ocuparam postos semelhantes é que interpretava a gestão pública como ponte rumo ao futuro mais longevo, não necessariamente materialista de obras acabadas.
O Troféu Celso Daniel de Gestão Pública é uma maneira de trazer para o presente o maior símbolo de uma regionalidade que está praticamente liquidada e de uma competitividade econômica em frangalhos.
Sem uma coisa e sem outra coisa o Grande ABC será a mesma coisa desde que Celso Daniel se foi – um território à deriva, com contrato assinadíssimo no cartório de empobrecimento sistêmico. Uma região que não desperta reação nem quando, em uma década, perdeu 23% do PIB (Produto Interno Bruto).
Em qualquer lugar do mundo civilizado, não se aceitaria tamanho tombo. Nem se festejariam dados muitas vezes fraudulentos.
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07/03/2025 PREVIDÊNCIA: DIADEMA E SANTO ANDRÉ VÃO MAL