Política

Quanto vão pesar Bolsonaro
e Lula na disputa municipal?

DANIEL LIMA - 19/05/2023

Pode tirar o cavalinho de expectativas da chuva de curiosidade porque não vou responder ao enunciado do título. E não vou responder porque estou com preguiça mental de me lançar a essa quase aventura.  

Entenda preguiça mental como a situação de quem, neste dia, não está com autoconfiança suficiente para se meter mato adentro numa  questão que exige muita ponderação e complexidade de formulações. 

Se cada um dos leitores deste texto fosse levado a responder o que está aí em cima e se cada um não fosse precipitado, certamente também renunciaria a uma resposta robusta, porque resposta robusta não existe com segurança.  

A consequência de eventual impetuosidade teria o mesmo destino de quem invade o terreno da precipitação.  

FATORES INFLUENCIADORES  

Para facilitar minha tarefa e a tarefa dos leitores, não que isso seja o encaminhamento a respostas na sequência, mas apenas para provocar um efeito especulativo pessoal, vou exibir uma relação com 10 fatores nucleares a qualquer inventário que procure dar seguimento a uma solução minimamente pertinente à curiosidade e à expectativa. 

Traduzindo tudo isso em termos simples: vou apresentar na sequência o que chamaria de mapa da mina das razões que de alguma forma ou de muita forma contribuiriam para tentar responder à indagação central contida na manchetíssima deste texto. 

O que se segue serve para todo mundo, acredito, menos, claro, às exceções que confirmam a regra.  

EXCEÇÕES CONSOLIDADAS  

E as exceções são aqueles votos já consolidados num determinado candidato ao comando de paços municipais da região, independentemente de quaisquer outros valores postos.  

Como quero fazer suspense antes da lista de orientação ao esquartejamento dos valores que influenciam o voto municipal, não custa lembrar que o lulismo e o bolsonarismo representam a maioria do eleitorado nacional.  

Lula da Silva e Jair Bolsonaro constituem, goste-se ou não de um ou de outro, ou tanto de outro quanto de outro, os maiores fenômenos políticos do País desde o que chamam de redemocratização, após o período do Regime Militar que uma banda expressiva da sociedade chama de Ditadura Militar.  

PASSADO CONTROVERSO 

Não quero polemizar e tampouco sair do foco, mas a julgar por estes dias, nem houve redemocratização e tampouco Regime Militar era Ditadura Militar.  

De fato, foi um Regime Militar seguido de Ditadura Militar.  

No caso de redemocratização, o que se plantou no período que desemboca nestes tempos foi um conjunto de regras e de comportamentos delitivos em conflito com as demandas da sociedade como um todo.  

Um dia desses vou fazer  breve incursão sobre os dois fenômenos em questão, de dois gênios da política nacional, cada um a sua maneira. Gênios sim senhores. De matizes diferentes, de estilos diferentes, mas gênios na arte de arrebanhar eleitores. 

Lula da Silva descobriu a Bolsa Família como força-motriz do sucesso. 

Jair Bolsonaro descobriu a Bolsa Ideologia como força-motriz do sucesso.  

Sem maiores delongas, vamos aos 10 fatores que determinariam influências externas às disputas locais no Grande ABC na próxima temporada:  

 

 RESCALDOS DOS TUCANOS. 

 AMBIENTE POLÍTICO NACIONAL. 

 AMBIENTE ECONÔMICO NACIONAL. 

 RESSONÂNCIAS DO OITO DE JANEIRO. 

 REDES SOCIAIS. 

 ATIVISMO JUDICIAL. 

 COTIDIANO METROPOLITANO. 

 VÁCUO TELEVISIVO. 

 VELHA IMPRENSA.  

 CAMPANHA PRESENCIAL.   

 

Notaram que é preciso estar minimamente inspirado para analisar cada um desses enunciados?  

Perceberam que o voto municipal para prefeito em outubro do ano que vem está sujeito ao que chamaria de intempéries externas que não podem ser desqualificadas sob o pressuposto de que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, como se cada um dos municípios da região fosse uma ilha? 

APENAS EXIBIÇÃO  

Como não vou me aventurar nessa empreitada, porque o propósito mesmo a que me lancei hoje é de vitrinismo, ou seja, de exposição do que entendo como atrativo à masturbação sociológica de cada leitor, congelo meu cérebro especulativo em um ponto que está ligado a tudo isso. 

Que ponto? Não é a primeira vez nem será a última que toco aqui e ali nesses fatores de cunho eleitoral, embora jamais o tenha feito de forma estruturada como agora e, principalmente, tendo como guarda-chuva dois líderes de popularidade como Jair Bolsonaro e Lula da Silva. 

Também não pode ser relegado a terceiro plano o enorme contingente de antibolsonaristas e antilulistas que procuram aqui e ali uma saída para supostamente valorizar o voto. É uma terceira via sem votos para fazer sucesso, mas é uma terceira via disposta a engrossar uma das vias que a sufoca e a interdita.  

A temática do voto municipalista nas disputas para prefeito em contraponto ao ambiente externo que vem de longe e está sujeito a muitas transformações sociológicas, mereceria atenção especial dos próprios candidatos. 

RESPOSTAS DESAFIADORAS  

Houvesse no Grande ABC uma organização civil financiada por empresários interessados no futuro e que se lançassem a decifrar os enigmas que permanecem no ambiente regional quando se trata de comportamento social, se houvesse isso, teríamos uma pesquisa de fôlego, independente, que nos daria a resposta à seguinte indagação: 

 

 QUAL É O GRAU DE MUNICIPALISMO DO VOTO PARA PREFEITO NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES? 

 QUAL É O GRAU DE MUNICIPALISMO DO VOTO PARA PREFEITO NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES? 

 QUAL É O GRAU DE MUNICIPALISMO DO VOTO PARA PREFEITO NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES?  

 

Viram que expus três vezes seguidas a mesma pergunta? Minha intenção não é outra senão chegar à consciência dos bem-aventurados financeiros do Grande ABC para que deem um passo em direção a algo que nos faz tanta falta – ou seja, conhecer nossas próprias entranhas.  

Teríamos sim alternativas à omissão dos endinheirados que preferem usar o bolso em períodos eleitorais para financiar candidatos.  

A VER NAVÍOS  

Bastaria que houvesse uma entidade representativa da sociedade para promover algo no sentido exposto. Seria uma revolução no tratamento de informações que dariam impulso à regionalidade.  

Enquanto nada disso ocorre, nem mesmo algo semelhante, ficamos a ver navios de inconsistências que nós mesmos criamos como fonte de especulação.  

Não ouso neste dia em que estou com um pé atrás e o outro também mergulhar nessa areia movediça de tentar desvendar o peso de fatores externos na definição do voto a determinado candidato a prefeito de qualquer uma das cidades da região. 

Acredito – e isso é especulação – que qualquer resposta sem amparo reflexivo poderá se estatelar na parede da patetice.  

Não ousaria em dia de introspecção demorada nem mesmo apontar um determinado percentual de influência da individualidade ou do conjunto da obra de vetores externos na definição do voto municipal.  

MASSA GELATINOSA  

Parece que o mais razoável é admitir ou garantir ou suspeitar ou sugerir que existe uma porção de motivos que tornam o voto municipal uma massa gelatinosa em matéria de consolidação de convicções.  

E que essa configuração se tornou mais convergente à premissa da federalização do voto municipal em algum nível na medida em que bolsonaristas a lulistas dominam a cena nacional.  

Antes disso, tucanos e petistas, principalmente no Estado de São Paulo, permeavam a vontade eleitoral, mas nem de longe com a tessitura pós-ascensão de Jair Bolsonaro e remelexos petistas.  

Meu prazer recheado de sadismo numa sexta-feira consagrada popularmente à gandaia é que passaremos todos nós um fim de semana juntos e raivosos porque entreguei de bandeja a cabeça de cada leitor ao desafio de tentar entender as razões que o levariam a votar num determinado candidato a prefeito. Se virem. Também tenho minha porção de maldade.  



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