Vou ser reto, direto e diplomático (você vai entender o sentido de “diplomático”) sobre o que está ocorrendo em Santo André. A pergunta é a seguinte: até quando o PT de Santo André vai continuar sendo um balcão de negócios eleitorais e administrativos em concubinato com o PSDB de Paulinho Serra?
Será que o PT de Santo André se dá tão bem com a Administração Paulinho Serra porque a Administração Paulinho é cada vez mais um ponto de interrogação no campo da corrupção?
Será que o PT de um diretório municipal mancomunado com a gestão de Paulinho Serra perdeu de vez a vergonha na cara e seguirá com cara de paisagem diante de tudo que já ocorreu na gestão da Prefeitura de Santo André enquanto, por interesses mais que conhecidos, não dá trégua ao prefeito Orlando Morando, em São Bernardo?
Que Orlando Morando não tenha mesmo paz administrativa, num jogo democrático em que não prevaleçam pecadores mais que conhecidos. Entretanto, no caso de Santo André, Paulinho Serra, enredado em várias situações de desvios administrativos, segue o amorzinho de cada dia numa afronta à cidadania.
Pior que isso é o silêncio da mídia. Mais que isso: é o silencio seletivo da mídia de um lado, e os esculachos da mídia de outro lado.
JOGO CASADO
E tudo indica, porque há uma combinação que vai além dos astros, que o PT de Santo André em comunhão com outros partidos que lotearam o Paço Municipal de Paulinho Serra, está afinadíssimo na guerra santa para conquistar São Bernardo na próxima temporada.
Ou seja: a Santo André que se tem apresentado como um antro de corrupção (ou o que ocorreu durante a pandemia e denunciado em forma de relatório pela Controladoria-Geral da União é fake news?) prevalece um comboio de troca de favores e vantagens com aval silencioso porque conveniente, quando não cúmplice, do PT.
O Diretório Municipal do PT caiu na farra da Administração de Paulinho Serra e seus tentáculos. A árvore de pecados é frondosa. Comissionados aos montes ocupam postos na Prefeitura. Ex-petistas que sempre ficaram em mutismo acovardado diante do Caso Celso Daniel, como se desconhecessem os bastidores daquela administração, também se enamoraram de personagens que sempre estiveram do outro lado naqueles acontecimentos. Gente impiedosa contra o PT.
DOBRANDO ESPINHAS
Existe algum petista em Santo André, especialmente na gestão de Paulinho Serra, que poderia ser relacionado como gente séria, preocupada não só com o futuro do partido no Município, mas principalmente com o futuro do próprio Município?
Será que esses petistas adoradores dos poderes de ocasião não se sentem atordoados quando eventualmente veem qualquer coisa no dia a dia relacionado ao prefeito Celso Daniel?
Será que esses petistas covardes preferem mesmo se inspirar na banda podre do partido em nível estadual e nacional, que todos sabem quem são, ao optarem para valer por mimetizá-los como escória de negócios sob o manto envergonhado de uma agremiação que supostamente participa da vida democrática do País?
Até quando esses petistas vão dobrar a espinha ética e moral a essa gente inescrupulosa que faz de Santo André o que bem entende? Gente que usa a regionalidade que jamais praticaram para tomar conta do barraco de gestões orçamentárias ricas, embora a cada dia a realidade social da região seja cada vez mais preocupante?
Onde estavam os petistas graduados e mesmo os menos conhecidos durante o período da pandemia quando uma auditoria externa e independente contratada pela então presidente da Fundação do ABC constatou desvios milionários?
Onde estavam os petistas que silenciaram diante de uma tentativa de assassinado minimizada pela mídia envolvendo uma das cabeças-chaves dos desvios na Fundação do ABC?
MAIS PERGUNTAS
Onde estão os petistas que seguem em silêncio agora que a Controladoria-Geral da União confirmou a porção ainda pequena de corrupção na mesma Fundação do ABC, autenticando, portanto, aquela auditoria externa?
Cadê o PT de Santo André que não tira a limpo, por exemplo, a pretendida privatização de cemitérios?
Onde estavam os petistas de Santo André naqueles dias de concessão do Semasa à Sabesp numa negociação providencial mas obscura?
E onde estão os petistas que não enxergam negócios mais que suspeitos no mercado imobiliário de Santo André, tomado por bandidos sociais mais graduados?
São tantas as questões que enlaçam a Administração de Santo André com suporte direto ou indireto do Partido dos Trabalhadores que, fosse a agremiação alguma coisa que garantisse idoneidade e combate para valer a falcatruas, já teria tomada uma de duas posições.
PROVIDÊNCIAS
A primeira, partiria decididamente às denúncias e apurações ou, a segunda, simplesmente fecharia o Diretório Municipal, até prova em contrário um poço de oportunistas. Tanto são oportunistas que, vejam só, se opõem à candidatura do ex-prefeito Carlos Grana, com memória eleitoral elevada segundo pesquisa cujos resultados foram sonegados pela imprensa.
Até quando o PT de Santo André vai permitir, quando não aplaudir, quando não usufruir de um arremedo de democracia num dos maiores municípios do País?
Ou a tirania do Paço Municipal numa coalizão de partidos, instituições privadas, sindicatos e tudo o mais vai se alastrar em direção à vizinha mais poderosa, a São Bernardo dos metalúrgicos, para instaurar na região o imbricamento de duas repúblicas?
São Bernardo e Santo André estão na alça de mira de gestão conexa única do grupo que controla o Paço de Santo André. As cores não importam.
POLARIZAÇÃO É MELHOR
Aqueles que reclamam com muita dose de razão mas não com toda razão do ambiente de polarização nacional entre a esquerda e a direita, não imaginam o que se passa na Santo André imperialista e o que se pretende para São Bernardo igualmente imperialista.
O contraditório, a disputa legítima por votos, a concorrência por bons projetos sociais e econômicos, tudo isso perde fruição na medida em que os tiranos tomam conta da vida municipal com alastramento seletivamente regional.
A divisão do bolo dos dois municípios de maiores orçamentos da região é o que está estabelecido entre os petistas que se juntaram aos grupos no entorno do prefeito Paulinho Serra.
A situação é daí para pior, porque nem habilidade dispõem os agressores da democracia para disfarçar o que é escancaradamente exibido a cada dia na mídia e nos bastidores controlados sob pressão ou cooptação.
O movimento de destruição do contraditório produtivo na região é sincronizado, e conta inclusive com agentes externos, principalmente como extensão de acordos firmados em Santo André e que controlam os passos e as decisões de Paulinho Serra, um prefeito cada vez mais engolfado pelos devastadores de plantão a ponto de tornar-se um deles.
MUITA COMPETÊNCIA
Denunciar de forma enfática o que se passa na região nestes dias que estão longe ainda dos dias pré-eleitorais e eleitorais é o mínimo que se cobra de consciências ainda passíveis de salvação.
O silêncio da maioria que sente o cheiro de podridão de trens pretensiosos rumo ao ano 2053 só se explica na maioria dos casos porque chegamos a um ponto de introversão social e de individualismos temerosos a impedir a construção de movimentos coletivos.
A sociedade servil desorganizada da região tem em Santo André a porção mais anestesiada em todos os tempos. Os embates desapareceram.
A competência da atual Administração Municipal é inegável nesse ponto. Reunir tantos gafanhotos para destruir a plantação da democracia fundamentada na liberdade de discordar quando necessário e colaborar com competência, não sob os auspícios de grupos de sanguessugas, não é tarefa simples. Destruir esses desbravadores do caos é muito mais problemático ainda.
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19/11/2024 PESQUISAS ELEITORAIS ALÉM DOS NÚMEROS (24)