O deputado federal Alex Manente transmite a sensação de que está disposto a fazer qualquer negócio para viabilizar candidatura a prefeito de São Bernardo. Mais que isso: ele estaria disposto a tudo para chegar ao segundo turno previsto para São Bernardo. Ainda mais que isso: não parece existir dúvida de que entregará a alma para ocupar a Prefeitura de São Bernardo.
A artilharia midiática aliada a Alex Manente já não tem pudores aos horrores do que o partidarismo e, pior que isso, a personalização, comprometem a imagem de uma publicação e, principalmente, o futuro da região.
Municipalismo e regionalismo que se lixem. O que interessa mesmo é botar no comando da Capital Econômica da região alguém de fácil manejo. Manente é esse alguém.
O atual ocupante do Paço Municipal, Orlando Morando, cuja nota média de aprovação poderia ser bem maior se atentasse mais às questões econômicas, está consagrado pelo eleitorado e é peça-chave na disputa. Fosse mais diligente na Economia, Morando terminaria os dois mandatos nos braços das estatísticas mensuráveis. Principalmente porque herdou do governo Dilma Rousseff a maior recessão já vivida por São Bernardo (e um pouco menos pela região como um todo), com quebra monumental do estoque de trabalhadores com carteiras assinadas e unidades industriais. Já cansamos de escrever sobre isso.
DUAS COMPETIÇÕES
Orlando Morando está em aprovação popular para o eleitorado de São Bernardo assim como Paulinho Serra está para Santo André. O que os distanciam é que a disputa política em São Bernardo é uma Champions League enquanto em Santo André é uma Segunda Divisão Paulista.
O PT de São Bernardo sempre será um adversário difícil de ser batido. O PT de Santo André morreu aos poucos desde que Celso Daniel se foi. Essa referência é municipalista. Com Lula da Silva na parada o PT aproxima-se dos conservadores de Santo André. Como nas eleições passadas. E, como nas eleições passadas, vence em São Bernardo.
A franja popular de Santo André faz a alegria da esquerda em disputas nacionais e a felicidade da primeira-dama Carolina Serra com seu projeto de extraordinária sensibilidade social e uma máquina pública toda direcionada ao arrebanhamento de votos.
FICHAS ELEITORAIS
A nova manobra eleitoreira tem a finalidade implícita de colocar na mesa peças adicionais de um tabuleiro de negociações que pretendem, no fundo, extrair do atual ocupante do Paço Municipal um acordo para apoiar Alex Manente.
Trata-se de fazer do vereador Paulo Chuchu, o mais conhecido bolsonarista da região, um fio condutor de pressão máxima. Chuchu pertence ao minúsculo PRTB e foi assessor parlamentar de um dos filhos de Jair Bolsonaro. A migração de Chuchu para o PL, como se pretende, esbarra no controle do partido pelo grupo de Orlando Morando. Alex Manente, da federação PSDB/Cidadania, deverá mudar de partido para poder concorrer. O candidato de Morando não começa com a letra “A” nem termina com a letra “E”.
O problema todo é que esqueceram de combinar com o passado de desprezo, quando não de desdém, do supostamente socialista Alex Manente à trajetória repleta de contradições de Jair Bolsonaro.
Não há um registro sequer, unzinho da silva, que coloque Alex Manente no mesmo patamar programático dos conservadores representados pela liderança de Jair Bolsonaro. Diferentemente disso: sempre que teve oportunidade, Alex Manente bandeou-se rumo à oposição.
DESISTÊNCIA IMPROVÁVEL
A Internet está disponível a consultas. Alex Manente antepôs-se a Jair Bolsonaro desde a PEC do voto impresso até a quebra do esquema mais que manjado de publicações oficiais de organismos públicos em jornais impressos.
A invasão do domicilio eleitoral dos conservadores no cangote de um vereador que se pretenderia candidato a vice-prefeito na chapa de Alex Manente é mais uma tentativa do deputado federal ganhar visibilidade numa disputa que deverá o candidato da situação e o petista Luiz Fernando Teixeira. Financiamento eleitoral se dá entre outros pontos com base em projeções especulativas ou não. Manente só conta aparamente com emendas parlamentares como combustível.
A única possibilidade previsivelmente mais encaminhadora à mudança do roteiro já traçado seria a desistência do petista que demora a engrenar e o alinhamento da esquerda à candidatura de Alex Manente, inversão ao que já deu em outros tempos.
OUTRA HISTÓRIA
Mas é praticamente impossível que essa equação ultrapasse a teoria. O PT não entregaria a rapadura da disputa como o faz em São Paulo porque existe o simbolismo histórico de ter saído das entranhas sindicais locais e, mais que isso, Manente jamais seria enquadrado como réplica do psolista Guilherme Boulos.
Manente não tem no passado a invasão de domicílios como prova provada de que é socialista de verdade. Manente só invade mesmo cabeças vazias que aceitam qualquer nome sem verificar o currículo e a entourage que o cerca.
Manente é um deputado de muito marketing e pouca realização. Sobremodo na região. Exceto na distribuição de dinheiro público em forma de emendas parlamentares sempre carregadas de suspeitas de reciprocidades.
Não sou avesso a políticos profissionais porque entendo que não se deve cercear ninguém a buscar o seu destino, mesmo que o destino de terceiros não seja o destino que gostaria de ver conquistado. Por isso, a reprovação ao político Alex Manente se prende exclusivamente à ineficiência e ao proselitismo como fórmula de ludibriar o distinto público.
O golpe que pretende dar agora ao se lançar nos braços de um bolsonarista conhecido, vendendo a ideia de que teria sido procurado para tanto, não passa mesmo de uma partitura mais que conhecida em práticas políticas.
Uma narrativa típica de quem está pressionado pelo tempo e pelas circunstâncias. No fundo, o que o grupo de Alex Manente pretende mesmo é valorizar o passe do deputado federal como terceira via no processo eleitoral, já que a indicação de seu nome pelo prefeito Orlando Morando é descartada.
FORA DO PAÇO
O Paço de São Bernardo não é o espaço que Alex Manente frequentaria no período eleitoral como extensão do controle do prefeito Orlando Morando. E a situação se torna cada vez mais inviável, como se já não o fosse, na medida em que busca refúgio ou proteção ou parceria ou qualquer outra coisa com agentes midiáticos repudiados pelo prefeito Orlando Morando.
Ou seja: o que temos mesmo na praça é uma forçada de barra que pretende vender uma canelada como se fosse um drible da vaca, em jogada decisiva para botar na parede a Administração de Orlando Morando.
Temos, portanto, um marketing perna de pau. Não percebem que, ao mesmo tempo em que colocam novos tijolos de interdição nas relações com o Paço Municipal, reforçam o muro de desconfiança com a vizinhança do PT do candidato Luiz Fernando Teixeira. É impossível o petista não perceber que na escala de valores do conglomerado que pretende chegar ao Paço Municipal, o candidato indicado por Luiz Marinho, ex-prefeito, não passa do banco de reservas. E mesmo que tudo isso seja combinado para desgastar o Paço Municipal, os efeitos colaterais não compensariam.
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29/11/2024 PESQUISAS ELEITORAIS ALÉM DOS NÚMEROS (27)