Administração Pública

Santo André ainda pior
no Ranking Econômico

DANIEL LIMA - 26/08/2024

Se você considerou escandalosamente preocupante a posição de número 117 de Santo André no Ranking Nacional de Competitividade dos Municípios, métrica que envolve três vertentes, 13 macroindicadores e 65 indicadores, é porque não sabe o que vamos revelar agora. 

Preste muita atenção ao que se segue, parte do destrinchar dos estudos do Centro de Liderança Pública (CLP): na vertente de Competitividade Econômica, que reúne 19 indicadores, Santo André está ainda pior do que na classificação geral ao ocupar a posição de número 207 entre as 410 cidades com mais de 80 mil habitantes. Entre 2022 e 2023, Santo André caiu 69 posições na classificação específica do setor econômico. Uma barbaridade de resultado.

Nessa nova análise que reúne seis das sete cidades da região do ranking nacional, a situação de Santo André é a mais dramática entre os três endereços mais tradicionais. No Ranking Econômico,  São Caetano é a décima colocada e São Bernardo é a 49ª. Nas outras três cidades da região ranqueadas na área econômica, Ribeirão Pires é a 210ª colocada, Diadema é a 215 e Mauá a 250ª.

MODULAÇÕES TEMPORAIS

Nunca é demais ressaltar que a versão dos resultados do ano passado do Ranking Nacional de Competitividade dos Municípios não é um retrato do momento ou dos últimos anos, mas uma construção ao longo dos tempos. Os resultados de cada ano são reflexos dos anos anteriores, mas também, em menor grau, do próprio ano pesquisado. São modulações temporais.

Ou seja: é evidente que num período tão extenso como os últimos oito anos, por exemplo, período de dois mandatos dos atuais prefeitos de Santo André, São Bernardo e São Caetano, não é exagero esperar melhora nos números.

E não é o que está acontecendo principalmente com Santo André. Na classificação geral, que leva em conta as três dimensões do ranking (Institucional, Econômico e Sociedade), só no período entre 2022 e 2023 Santo André perdeu 44 posições. Portanto, na soma das três divisões, Santo André perdeu posições demais.

APENAS UM EM 19

Para se ter ideia da fragilidade de Santo André, antiga Capital Econômica da região, título que São Bernardo começou a conquistar com a chegada das montadoras de veículos, em apenas um dos 19 indicadores classificou-se à frente dos demais municípios da região na área econômica, com a 60ª posição no ranking nacional em Recursos para Pesquisa e Desenvolvimento Cientifico.

Sexta classificada no cômputo geral das três dimensões de competitividade nacional e 10ª em Economia, São Caetano lidera na região em nove indicadores entre os 19: é 13ª colocada nacional na Taxa Bruta de Matrícula no Ensino Superior, 25ª na Taxa Bruta de Matrícula no Ensino Técnico e Profissionalizante, 41ª em Emprego no Setor Criativo, 23ª no PIB per capita, 183ª em Crescimento dos Empregos Formais, terceira em Formalidade no Mercado de Trabalho, segunda em População Vulnerável, 11ª em Acessos de Banda Larga e 141 colocada em Acessos de Banda Larga-Fibra Ótica.

São Bernardo, 21ª colocada na classificação geral nacional e 49ª no ranking nacional de Economia, lidera cinco indicadores quando se considera apenas a classificação regional: está em 63º lugar na Qualificação dos Trabalhadores em Emprego Formal, está em 25º em Crédito per Capita, está em 16º lugar em Crescimento da Renda Média dos Trabalhadores, está em 13º em Renda Média do Trabalho Formal e ocupa o 64º lugar em Acesso de Telefonia Móvel.

Ribeirão Pires e Diadema completam o quadro de liderança regional com duas primeiras colocados nos quatro indicadores que restam. Ribeirão Pires ocupa a posição nacional 160ª no indicador de Acesso de Banda Larga – Fibra Ótica no País e o nono lugar nacional em Acesos de Telefonia Móvel -4G. Já Diadema é terceira colocada nacional em Complexidade Econômica e 67ª em Crescimento do PIB per capita.

REGIÃO X LIDERANÇA

Quando se considera que Desenvolvimento Econômico é a raiz frondosa que determinada a força matriz das demais atividades que constam dos resultados do Ranking de Competitividade dos Municípios, não é improvável que o futuro de Santo André e dos demais municípios da região pareça sempre mais complicado. A tendência seria de mais perdas nos demais indicadores não relacionados ao Desenvolvimento Econômico.

Uma comparação dos melhores resultados dos municípios do Grande ABC na dimensão econômica tendo Florianópolis como adversária deveria servir de referencial a um planejamento municipal que colocasse cada endereço da região como desafio a continua recuperação econômica.

A capital catarinense lidera também a classificação na dimensão econômica, além do primeiro lugar nacional geral.

Nas quatro divisões de Desenvolvimento Econômico do Ranking, nas quais estão inseridas os 19 indicadores, Florianópolis é superior  em várias disputas  disputa contra cada um dos municípios da região.

Enquanto Santo André lidera na região em Recursos para Pesquisa e Desenvolvimento Científico, mas ocupa a 60ª posição em nível nacional, Florianópolis é a segunda colocada.

Ribeirão Pires lidera na região no indicador de Acessos de Banda Larga—Fibra Ótica ao ocupar a 160ª posição nacional, Florianópolis tem desempenho inferior, porque  é a 380ª colocada.

Ribeirão Pires também está à frente na região em Acessos de Telefonia Móvel - 4G como o nono lugar no País, enquanto Florianópolis é apenas a 399ª colocada.

Florianópolis também perde para a campeã regional em Economia: Diadema ocupa a terceira posição nacional, ante a 32ª posição da capital de Santa Catarina. E também perde para Diadema no Crescimento do PIB per capita: a cidade da região está em 67º lugar, e Florianópolis na posição 295.

Na disputa com São Bernardo, vencedora de cinco indicadores na região, Florianópolis consegue vitórias e derrotas: é a 32ª colocada em Qualificação dos Trabalhadores em Emprego Formal, enquanto São Bernardo é a 63ª colocada. Em Crédito per Capita, São Bernardo ocupa a posição 25 em nível nacional, ante a 23ª colocação de Florianópolis.

São Bernardo é melhor que Florianópolis em Crescimento da Renda Média do Trabalho Formal com a posição 16ª no País, ante a posição 229 da capital catarinense.

No indicador de Renda Média do Trabalhador Formal, São  Bernardo é a 13ª colocada, quanto Florianópolis ocupa é a sexta colocada.

Já no indicador Acessos de Telefonia Móvel,  São Bernardo ocupa a posição 64 no País, ante a quarta posição de Florianópolis.

Completando a disputa por indicador de Desenvolvimento Econômico, agora diante de São  Caetano, os resultados são relativamente equilibrados.

Na Taxa Bruta de Matrícula – Ensino Superior, a campeã regional é a 13ª nacional, enquanto Florianópolis é a 22ª colocada. No indicador Taxa Bruta de Matrícula – Ensino Técnico e Profissionalizante, São Caetano lidera na região com a 25ª posição nacional, enquanto Florianópolis está na 11ª posição.

São Caetano perde feio para Florianópolis no Empregos no Setor Criativo ao ocupar a posição 41 no ranking nacional, enquanto Florianópolis é a quinta colocada. No indicador, São Caetano é a 23ª colocada nacional, e Florianópolis está bastante distante, em 150º lugar.

No indicador de Crescimento dos Empregos Formais, ante a posição 183 de São Caetano, Florianópolis ocupa a posição 245. No indicador Formalidade no Mercado de Trabalho, São Caetano é a terceira colocada e Florianópolis é a oitava. No indicador de População Vulnerável, São Caetano é a segunda em nível nacional, enquanto Florianópolis é a 45ª colocada.

No indicador Acessos de Banda Larga, São Caetano é a 11ª colocada nacional, enquanto Florianópolis é a quinta. E no indicador Acessos de Banda Larga – Alta Velocidade, ao 141º lugar de São Caetano, Florianópolis ocupa a posição a posição 116.

Vamos dar continuidade às análises do Ranking Brasileiro de Competitividade dos Municípios. Na próxima edição dissecaremos a dimensão Instituições, com forte influência da gestão pública municipal.



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