Política

Mata-matas eleitorais
viram carnificinas

DANIEL LIMA - 18/10/2024

Não fosse o fato de ser o que sou, ou seja, obrigado a ser o que minha profissão exige, acho que não teria paciência para assistir aos debates eleitorais. Assisti a vários entre candidatos na região e os três últimos dos finalistas de segundo turno em Diadema, São Bernardo e Mauá. Foi de lascar. O primeiro turno foi apenas uma degustação de  agressividade do segundo turno.

Os candidatos são levados a repetições e agressividade porque o formato leva a isso. Acompanhei três debates do G1.

A maior falha no modelo (e sobre a qual fiz abordagem rápida outra dia) é que  âncoras  não têm conhecimento algum do que se passa em cada Município.

Entrega-se a pauta aos próprios contendores. E os contendores ficam à vontade em pautarem o adversário a partir de ataques violentos. Esse é o mal maior. O mal maior da insistência em dizerem o que já não importa mais para quem enxerga o futuro sob a ótica de mudanças de verdade.

FALTA ANCORAGEM

Assisti outro dia ao debate entre os candidatos presidenciais nos Estados Unidos. Dois âncoras botaram ordem no encontro até o ponto em que era possível colocar. Mas mesmo assim o jogo descambou para baixarias. Mas havia uma linha de corte possível. Eles controlaram os presidenciáveis até onde era possível sem necessidade de imposição subjacente da representatividade social da plataforma midiática.

Diferentemente, portanto, do debate na Globo para a Prefeitura de São Paulo, quando Pablo Marçal foi amordaçado em nome da civilidade que em outros tempos, com outras indumentárias, sempre fraudou os telespectadores. Basta lembrar a última disputa presidencial. Ou, um pouco antes, o servilismo do apresentador do Jornal Nacional diante do então ex-presidente da República. Há determinadas agressões éticas que superam largamente agressões verbais.

A Rede Globo no debate paulistano ou em qualquer outro evento do gênero ao longo dos tempos jamais se pautou pela praticidade responsável e desatadora de nós da rede norte-americana do último debate presidencial.

A diferença é que os âncoras norte-americanos têm conhecimento dos fatos e das fakenews, por isso tratam de tornar os embates menos enviesados.  

NADA DE ECONOMIA

Talvez seja melhor dar um exemplo do debate com que sonho e que falta insistentemente em todos os quadrantes de primeiro e de segundo turno.

Vou voltar ao encontro de ontem que envolveu os dois finalistas de São Bernardo, Alex Manente e Marcelo Lima. Eles passaram o tempo todo repetindo o que disseram durante os encontros do primeiro turno e aumentaram o tom de acusações e contra-acusações. Nos dois debates  anteriores, com os finalistas de Diadema e de Mauá,  a fórmula foi exaustivamente igual.

A saída seria o âncora estar dotado e informações consistentes, atualizadas, incontestáveis, para testar o conhecimento dos debatedores e colocá-los em sintonia com as demandas da sociedade.

Marcelo Lima e Alex Manente deveriam ter sido perguntados sobre o que esperam da economia de São Bernardo quando se sabe que a desindustrialização vai se acentuar e que o setor de logística além de não ter o mesmo tônus de geração de riqueza também encontra barreiras à evolução quando se sabe que a cidade sofre a concorrência acirradíssima de municípios no interior e exterior da Região Metropolitana de São Paulo.

Caberia a cada candidato responder ao enunciado. Será que concordariam integralmente ou, mais que isso, teriam respostas surpreendentes? 

MAIS PERGUNTA

Outra pergunta estaria relacionada ao fato (e os números são abundantes) dos prejuízos econômicos que São Bernardo sofreu desde que o Trecho Sul do Rodoanel Mário Covas foi inaugurado e encurtou a distância para quem vem do Interior em direção ao Litoral ou mesmo dentro da Grande São Paulo.

Como cada candidato observaria o encalacramento econômico de São Bernardo (e da região como um todo) diante do deslocamento da produção de riqueza à Grande Oeste, de Barueri e Osasco, e também rumo à Baixada Santista? E mais ainda: o que esperar agora que o trecho Norte, centralidade de Guarulhos, está chegando para ferrar de vez a região?

As grandes questões que envolvem especificamente cada Município da região e também os obstáculos compartilhados por duas ou mais cidades da região deveriam ser temas obrigatórios nos debates e sabatinas.

A cantilena em torno de questões de saúde, educação e transporte virou musiquinha cansativa recheadíssima de promessas orçamentariamente inconciliáveis. Sem contar que os concorrentes mal sabem de fato o que se passa nesses setores. Os números são marginalizados e são os números que desmascaram falsidades.

AUDIÊNCIA ESTÉRIL

É claro que não poderia deixar de haver debate franco de temas a critério de cada candidato, durante um ou dois blocos, mas nada que levasse a desvios e à centralização de determinados casos, eliminando-se a possibilidade de desvios de rota com fins eleitoreiros.

Não que o temário relativo a eventuais escândalos devesse deixar de constar da pauta dos debatedores, mas a insistência com que se recorre às mesmas questões destrói qualquer possibilidade de alargar esclarecimentos em outras áreas. Sem contar que todos sabem que no Brasil destes tempos há uma vocação ao liberou geral.

O problema todo para que um debate fosse fértil na busca por respostas ajustadas às questões essenciais ao desenvolvimento de cada Município tem as raízes nos próprios organizadores. Pensa-se mais em audiência estéril.

Ainda voltando à formulação de questões que tenham de fato interesse popular e reduzam a carga de eleitores que mais e mais se afastam das urnas, já imaginou o que diriam Marcelo Lima e Alex Manente sobre a Rota do Frango com Polenta, aquele corredor de gastronomia e entretenimento que praticamente virou pó depois da debandada industrial na vizinhança?

Ou, então, a praticamente exterminada Rota do Amor com Carinho, mais adiante em direção ao Riacho Grande, formado por motéis que fizeram história? O que os candidatos proporiam à recuperação desses dois corredores gastronômicos, cada um à sua maneira, em São Bernardo?

Se me estender sobre a pauta propositiva que os organizadores dos debates deveriam apresentar aos candidatos,  preencheria dezenas de páginas. E isso quando São Bernardo é a centralidade da disputa.

PATRIMÓNIO HISTÓRICO

Em Santo André, fosse esse formato utilizado, o primeiro turno teria esclarecido muita coisa. Um exemplo: o que fazer com o cada vez mais destruído prédio do Moinho São Jorge, na Avenida do Estado, local que se notabilizou não só pela produção como fez parte da cultura de Santo André com o Salão de Mármore de convidados ilustres? O Moinho São Jorge deveria integrar a coleção de patrimônio cultural de Santo André ou seguir como está, jogado às traças do tempo implacável? Colocar o Moinho São Jorge na pauta significaria colocar outros imóveis de Santo André e da região sob o escrutínio crítico do que se deveria reservar como investimento cultural.

E o que os candidatos falariam a respeito do Projeto Cidade Pirelli, que virou pó inclusive com escândalos para dar vez a empreendimentos imobiliários? Será que alguém ousaria dizer que buscaria redefinir a ideia de Celso Daniel e seus condecoradíssimos planejadores urbanos ou simplesmente diria que não haveria mais como, mesmo com adaptações, recuperar a proposta de dar uma cara especial à Economia e ao Planejamento Urbano de Santo André?

Cada cidade da região seria um manancial de questionamentos aos candidatos em encontros que mais que os pautarem circunstancialmente, poderiam desmembrar-se a pautas complementares fora do período eleitoral. Ou seja: retiraríamos do ambiente municipal e regional o cheiro de oportunismo que domina os atuais debates e lançaríamos estacas à promoção de novas inserções na agenda da sociedade e dos políticos em geral.

MAIS COMPROMETIMENTO

Há muitas maneiras de melhorar o ambiente político na região (e no País como um todo) mas a mídia não colabora nada na medida em que assuntos muito mais próximos da preocupação da sociedade cedem espaços a ofensas, acusações e denuncismos. Os políticos são resultado da demanda social e por isso mesmo sucumbem diante de mídias despreparadas ao encaminhamento de iniciativas.

O endereçamento de pauta prévia aos candidatos, com  referenciais de preparação às questões, evitaria constrangimentos. Nenhum político é obrigado a saber de tudo e ter a resposta para tudo. Mas na medida em que é previamente comunicado sobre o que lhe será perguntado por âncoras controladores do debate, estimula-se a equipe de assessores a trabalhar em busca de informações que lastreariam as respostas.

Entre outras vantagens à sugestão de enriquecimento da pauta de debates, encontraríamos a certeza de que o tema central a resoluções que a sociedade demanda numa região empobrecida como o Grande ABC teria o Desenvolvimento Econômico como guia-mestre. O mesmo Desenvolvimento Econômico largado às traças nos três mata-matas do segundo turno em São Bernardo, Diadema e Mauá.

Menos espetáculo e mais comprometimento social, eis o resumo dessa operação. O problema é encontrar gente na imprensa que enxergue o básico a ser levado aos candidatos. A ignorância é abrangente, contundente e dilacerante. Qualquer gaiato esperto coloca a mídia no bolso. Há quem acredite em besteiragens sem pé nem cabeça. Se facilitar, não faltará quem duvide da desindustrialização.

REPORTER DIÁRIO

Na sequência, reproduzo a reportagem do experiente jornalista Wilson Moço, no acompanhamento criterioso do debate de ontem entre os finalistas em São Bernardo. Um retrato fiel do que foi apresentado e que só confirma a análise que faço acima. Lembro apenas a título de compreensão que só consumi o conteúdo do jornalista de o Repórter Diário após produzir minha própria análise.  

 

 

Candidatos de S.Bernardo citam

propostas, mas perdem tempo

com ataques em debate

 Wilson Moço

O debate entre os candidatos a prefeito em São Bernardo, Alex Manente (Cidadania) e Marcelo Lima (Podemos), realizado pelo G1 nesta quinta-feira (17/10) envolveu ataques, troca de farpas, acusações e ironias, o que exigiu intervenção do mediador José Roberto. Saúde, infraestrutura, segurança, redução de tarifa de ônibus, educação, regularização fundiária e lazer permearam as discussões ao longo dos 60 minutos, tanto em relação ao que já foi feito quanto no que se refere a propostas que os candidatos pretendem tirar do plano de governo se eleitos.

Para além dos ataques, ações já realizadas e de propostas, os dois também lembraram de suas trajetórias políticas e demonstraram preocupação em administrar o tempo que lhes cabia. Não por acaso, juntos fizeram em torno de 50 intervenções, a maioria abaixo ou próximo de um minuto, poucas com menos de dois e apenas três acima dos três minutos, numa clara evidência de que o objetivo era não deixar o oponente ter tempo maior no final do bloco.

A iniciativa do mediador em dar ‘um pito’ nos candidatos colocou o encontro nos eixos, mas não evitou que insultos ocorressem em boa parte do tempo destinado a cada candidato, de 26 minutos no total dos três blocos. Em que pese Marcelo Lima ter aproveitado mais seu tempo para expor propostas que elencou no plano de governo e realizações da atual administração, da qual fez parte como vice-prefeito e secretário.

EMPREENDIMENTOS

Sorteado para ser o primeiro a falar no primeiro bloco, que trataria de construção de hospitais, redução de tarifa de ônibus e zerar filas em creches e de exames e consultas – temas mais citados no debate do turno inicial –, Marcelo Lima prometeu construir o Hospital Infantil Municipal e do Idoso, inaugurar em janeiro o Hospital dos Olhos, fazer do Hospital de Urgência uma unidade de portas abertas, criar o cartão São Bernardo Saúde e o Corujão da Saúde, entre outras iniciativas.

O podemista elencou ainda realizações da atual administração, como o Hospital da Mulher e o de Urgência, e dava a impressão de que seguiria na toada de expor realizações, sobre os planos para o caso de ser eleito prefeito e o comentário de que o encontro deveria ser apenas de debate de propostas.

No entanto, indiretamente Marcelo aplicou uma alfinetada em Alex Manente ao usar parte do tempo inicial para agradecer aos eleitores que lhe deram a vitória no primeiro turno, além de apontar que pesquisas divulgadas até agora o colocam com boa vantagem na disputa com o deputado federal Alex Manente.

“Queria agradecer muito obrigado ao povo de São Bernardo por esse carinho que tem tido com a nossa campanha. Uma campanha de propostas, que eu levo a cada momento, desde a pré-campanha, e cumprimentar o candidato (Manente). Do nosso lado, hoje é um dia importante para discutirmos sobre propostas, pois acho que a população de São Bernardo espera dos candidatos que pretendem governar São Bernardo uma campanha limpa, uma campanha sem fake news, sem ligação clandestina, sem ataques, mas sim com propostas”, comentou.

20 ANOS

Alex Manente assumiu a palavra e agradeceu ao eleitor de São Bernardo pela votação que lhe garantiu avançar na disputa eleitoral como segundo colocado no primeiro turno. Lembrou da trajetória de 20 anos como parlamentar, primeiro como vereador “mais votado na história da nossa cidade até hoje”, depois como deputado estadual mais jovem do município (foi reeleito) e federal (cumpre o terceiro mandato) “três vezes eleito com a maior votação de São Bernardo. 

“E sempre honrando o nosso eleitor. Tive a oportunidade de receber prêmios, de liderar bancada, de presidir comissões permanentes, de ser secretário de relações internacionais, conhecendo políticas públicas eficientes no mundo para trazer agora para a nossa cidade”, discorreu Manente.

Na sequência, Manente disse que o segundo turno e o debate são oportunidades para que a população conheça cada candidato e suas propostas, que o grupo quer iniciar um novo ciclo na cidade e garantir um sistema de saúde “decente” para os moradores e um novo modelo de gestão, “que priorize as pessoas de bem”.

CONSULTAS, EXAMES...

Manente afirmou ainda que tem recebido reclamações diárias sobre demora na realização de consultas, exames e cirurgias, e citou caso de um senhor que disse aguardar há três anos uma operação. A impressão do eleitor da cidade era a de que o debate teria uma linha mais propositiva e de críticas a problemas não resolvidos pela atual gestão, mas Alex Manente mudou o rumo.

“A nossa candidatura é uma candidatura idônea, séria. O candidato Marcelo Lima tem vários processos. Em um deles, inclusive, ele é réu por corrupção, por desvio de dinheiro público na Prefeitura. Tem uma medida cautelar que proíbe ele de ser secretário municipal. E é importante que as pessoas saibam, porque muitas têm perguntado”, atacou Manente.

O deputado voltou a fazer a acusação em várias oportunidades ao longo de todo o debate, inclusive de que o adversário também estaria proibido de entrar no Paço Municipal. Neste momento, o mediador interrompeu um princípio de discussão e pediu aos candidatos que voltassem a tratar exclusivamente dos temas escolhidos.

RECEBEU VOTOS

Marcelo rebateu dizendo que o oponente votou nele como vice na chapa do prefeito Orlando Morando (PSDB), que o deputado tem cargos no governo da cidade, inclusive um secretário que “deveria pedir demissão após o debate”. 

“Viemos aqui para discutir propostas. Não precisava nem do mediador paralisar aqui a fala, candidato. Eu esperava um debate propositivo, um debate olhando para a população, para o futuro, para quem realmente está preparado para governar uma cidade. Eu fui investigado e você votou em mim em 2020. Muito obrigado pelo voto que você deu a mim e ao prefeito Orlando”, disse Marcelo Lima, para depois citar realizações no governo, como construção de viadutos, do piscinão do Paço, duplicação de vias e canalização de córregos, entre outras.

Marcelo Lima aproveitou para ironizar o adversário, ao dizer que sua candidatura representa trabalho e experiência, mas que não sabe, assim como a população, “o que o candidato entregou em 20 anos de vida pública.” “A população de São Bernardo não conhece na prática o que você entregou, mas sim o que nós entregamos”, disse.

EMENDAS PARLAMENTARES

Alex Manente afirmou que enviou em torno de R$ 100 milhões para São Bernardo por meio de emendas parlamentares e de intervenções junto ao governo federal, mas que não tem conhecimento sobre os recursos investidos e acusou a administração de recusar verbas destinadas por ele para determinadas áreas. 

“As obras que levei para a cidade, e é uma pena que vocês que governam a cidade há muito tempo, que têm o poder da cidade, não assumem para a população os recursos que chegam, não dizem onde eles estão sendo investidos. Meu papel como deputado não é fazer obra. Mas quero dizer que a obra no quilômetro 16 (da via Anchieta) está parada há três anos, e não é culpa do governo federal, que era o governo Jair Bolsonaro e agora é Lula, mas é fraqueza da Prefeitura em executar uma obra”, disse o deputado.

Manente foi além. “Demora de três anos para fazer uma alça de acesso do quilômetro 16, que beneficia milhares de pessoas, e com recursos de nossa autoria. E nós vamos reduzir a passagem de ônibus, porque o governo de vocês é o governo que envergonha a cidade com o título da tarifa mais cara do Estado de São Paulo. Essa é a Prefeitura que não cuida das pessoas que mais precisam do poder público”, respondeu.


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