Marcelo Lima conquistou ontem a joia da coroa da Administração Municipal do Grande ABC. Ao superar por vantagem relativamente confortável o deputado federal Alex Manente (veja os dados mais abaixo, inclusive das duas outras decisões na região), o ex-vice-prefeito e ex-deputado federal inscreveu-se automaticamente como o centro do poder regional. São Bernardo é a Capital Econômica e Política da região.
A roda que gira literalmente em São Bernardo é a roda que faz o Grande ABC girar. Os quase 40% de liderança no PIB Regional é maior ainda quando a influência do poderio econômico é retirada do circuito da municipalidade. Os vasos comunicantes das montadoras de veículos e de autopeças se espalham por toda a região. São Bernardo é o centro de atratividade econômica regional. E também de periculosidade econômica da região.
Por essas e tantas outras a gestão de Marcelo Lima precisa de atenção total. E também de esperança no sentido de que repita, com mais capricho, porque as circunstâncias agora o favorecem, os oito anos de Orlando Morando, a quem deve parte do sucesso eleitoral, reconhecido, aliás, pelo vencedor. Os números do segundo turno comprovam a influência do apoio do prefeito. A diferença entre o primeiro e o segundo turno aumentou favoravelmente a Marcelo Lima frente a Alex Manente.
SITUAÇÃO PRIVILEGIADA
Orlando Morando vai deixar São Bernardo em situação privilegiada quando se tem como referência janeiro de 2017, ao assumir o cargo para o primeiro mandato. São Bernardo vinha de catástrofe econômica do governo Dilma Rousseff.
Só nos dois anos imediatamente anteriores, entre 2015 e 2016, São Bernardo perdeu 22% do PIB Geral e 30% do PIB per capita. Uma catástrofe sem igual no território brasileiro. O PIB médio nacional caiu pouco acima de 7%.
A Doença Holandesa Automotiva de São Bernardo se manifestou da forma mais contundente possível, Empresas e empregos desapareceram inclusive durante parte do primeiro mandato de Orlando Morando. Dilúvios econômicos não desaparecem num piscar de olhos do calendário gregoriano. Dilúvios econômicos perduram anos a fio.
Conquistar o título de maior vencedor eleitoral do Grande ABC não é pouca coisa e isso deve fazer de Marcelo Lima o centro das atenções durante os próximos quatro anos.
COMPETIÇÃO ACIRRADA
A vitória nas urnas não é uma vitória qualquer, dessas em que a bola pode ser cantada antes mesmo de o jogo começar. São Bernardo conta com agentes político-eleitorais fortes, como é o caso do deputado Alex Manente, mesmo derrotado pela quarta vez na tentativa de chegar ao Paço Municipal, e a tradição do PT forjado sob a liderança de Lula da Silva. Só não enxerga a realidade quem faz uso de doping de estupidez.
Em Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra também há combates para valer, mas sem a mesma importância e amplitude histórica de São Bernardo. Em Santo André e em São Caetano as disputas são quase amistosas depois que o PT virou um puxadinho do Paço Municipal de Paulinho Serra e o Palácio da Cerâmica em São Caetano não comporta adversários.
Sem entrar em maiores detalhes (isso ficará para outra análise), o resumo da importância de São Bernardo além dos limites do próprio Município quando se trata de futuro do Grande ABC é que a casa administrativa a ser deixada de legado pelo prefeito Orlando Morando ocupa a 21ª colocação no Ranking de Competitividade dos Municípios Brasileiros, integrado por 404 endereços com mais de 80 mil habitantes.
Santo André vai mal das pernas com a colocação 117%, Ribeirão Pires vem antes na 100ª colocação, enquanto Diadema é a 182ª colocada e Mauá a 219ª. São Caetano é a sexta colocada.
APESAR DOS PESARES
O fato estatisticamente comprovado de que apesar dos pesares dos últimos 30 anos de sucessivas perdas industriais São Bernardo ocupar a 21ª colocação num ranking de 65 indicadores nas áreas de Gestão Pública, Gestão Econômica e Gestão Fiscal não é pouca coisa. E a maior parcela dos indicadores está sob influência do administrador público de plantão.
Quatro anos de um mandato não conferem marcas próprias de uma gestão municipal no ranking de competitividade, mas dois mandatos, como no caso de Orlando Morando, são definidores sim de políticas públicas.
Isso quer dizer que Marcelo Lima recebe uma São Bernardo privilegiada sob a ótica dos macroindicadores e indicadores do Ranking de Competitividade dos Municípios Brasileiros. Agora a expectativa é que faça São Bernardo deslanchar, mesmo se reconhecendo que a missão é árdua.
Afinal de contas, são muitas as pressões macroeconômicas, entre tantas outras, que tornam São Bernardo vulnerável no poderio de riqueza industrial, base de tudo no atendimento às demandas sociais.
Marcelo Lima terá a oportunidade de aperfeiçoar o modelo de desenvolvimento social de Orlando Morando e com isso ganhar fôlego também para iniciativas de cunho econômico que façam com que o ritmo de crescimento após o desastre de Dilma Rousseff não seja interrompido. Faltam dados sobre o comportamento do PIB de São Bernardo durante os oito anos de Orlando Morando, porque há atraso na divulgação dos números do IBGE. Nos primeiros cinco anos houve recuperação acumulada de 9% ante dezembro de 2016. Os empregos também voltaram em parte, mas ainda não se recompuseram ativos pré-Dilma.
VANTAGEM AMPLIADA
Marcelo Lima superou Alex Manente no turno final de ontem em São Bernardo por uma diferença de 33.600 votos. Foram 55,74% a 44,26% no critério de votos válidos. No primeiro turno, numa disputa restrita entre os dois finalistas (ou seja, sem considerar os demais), a diferença que separou os dois candidatos foi de 8.802 votos. Em termos práticos, o placar do primeiro turno foi favorável a Marcelo Lima por 51,91% a 48,09%, sempre considerando exclusivamente os votos válidos que receberam.
Quando se desconsidera essa especificidade, ou seja, quando os resultados do primeiro turno levam em conta todos os concorrentes, Marcelo Lima superou Alex Manente por 28,64% a 26,53%.
No primeiro turno, Marcelo Lima somou 119.593 votos ante 110.791 de Alex Manente num total restrito aos dois concorrentes de 230.384 votos. No segundo turno, 369.260 eleitores votaram nos dois candidatos finalistas. Marcelo Lima ficou com adicionais 86.238 e Manente com 52.638. Ou seja: Marcelo Lima livrou vantagem de 33.600 votos, quadruplicando a diferença registrada no primeiro turno ante o concorrente.
Os votos excedentes que Marcelo Lima e Alex Manente receberam no segundo turno se devem aos eleitores dos dois principais derrotados no turno eleitoral, o petista Luiz Fernando Teixeira e Flávia Morando, sobrinha do prefeito.
O PT manifestou neutralidade no segundo turno, embora recomendasse veto a Manente. Já o prefeito Orlando Morando, a deputada estadual Carla Morando e Flávia Morando foram às ruas e às redes sociais em defesa da candidatura de Marcelo Lima. Uma participação importantíssima quando se sabe das dificuldades que Marcelo Lima encontrou para obter atenção eleitoral da classe conservadora, parte da qual sempre votou em Alex Manente, agora com o reforço do bolsonarista Paulo Eduardo Chuchu, candidato a vice-prefeito.
SEM PENTACAMPEÃO
Em Diadema, a tentativa do petista José de Filippi Júnior chegar ao pentacampeonato fracassou diante de um concorrente que poderia se tornar triderrotado, já que perdeu duas vezes seguidas nas eleições de 2016 e 2020. Taka Yamauchi, até outro dia secretário paulistano, venceu por 52,59% a 47,41% dos votos válidos. Uma diferença de 11.447 votos. No primeiro turno, a diferença foi inferior: Taka somou 47,39% dos votos válidos e Filippi 45,09. A diferença foi de 5.158 – 106.141 ante 100.641.
Em Mauá, o petista Marcelo de Oliveira confirmou a vitória no primeiro turno diante de Atica Jacomussi. No primeiro turno o placar de votos válidos foi de 45,13% ante 35,56%. Uma diferença de 19.816 votos. No segundo turno de domingo, a distância caiu levemente para 15.298. Marcelo de Oliveira chegou a 54,05% dos votos válidos ante 45,95% do deputado estadual.
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18/12/2024 MARCELO MORANDO LIMA NÃO SERIA GILVAN SERRA