O Instituto Paraná, espécie de assessoria de marketing do grupo de políticos que sustenta Paulinho Serra, já iniciou a temporada de sensibilização do eleitorado. Entrou em campo a tropa escalada para aferir em forma de teste propagandístico cenários prováveis e também especulativos dos concorrentes que disputariam o governo do Estado em outubro do ano que vem.
É isso mesmo: em pleno fevereiro de 2025 já se tem na ponta da agulha outubro de 2026. Se você acha que há um erro clamoroso de decisão, não entende nada de política. Tudo isso faz parte de um roteiro pré-determinado. As cartas já foram lançadas porque as cartas precisam ser valorizadas ou desgastadas, dependendo dos dados aferidos e conferidos, quando não feridos.
Ex-prefeito de múltiplos equívocos e exageros à frente de Santo André, incensado pela mídia controladora da própria carreira, Paulinho Serra, nada surpreendentemente, consta das sete opções de votos estimulados do Instituto Paraná de Marketing Promocional.
Paulinho Serra vai mal em todos as alternativas. Nada mais lógico. Mas, o vai-mal não significa que Paulinho Serra vai-mal com toda a intensidade e irreversibilidade.
VEJAM OS CENÁRIOS
O que interessa a quem o empurra rumo a um futuro extrarregional que parece improvável, apesar de na política ser tudo possível, é que Paulinho Serra ganha visibilidade.
A quase totalidade de companhias com as quais divide os cenários são referenciais populares que agregam valor ao nome de Paulinho Serra. Exatamente por isso o marketing eleitoral do Instituto Paraná o colocou nas sete listas. Nenhum outro suposto concorrente tem frequência tão absoluta.
Antes de dar prosseguimento ao que entendo que precisa ser explicado, seria melhor reproduzir na sequência os cenários organizados pelo Instituto Paraná e os respectivos resultados. Vamos lá, então:
CENÁRIO-1
Tarcísio de Freitas (Republicanos) – 37,8%
Geraldo Alckmin (PSB) – 24,7%
Pablo Marçal (PRTB) – 16,2%
Alexandre Padilha (PT) – 4,8%
Paulo Serra (PSDB) – 3%
Não sabe/Não respondeu – 4,5%
Nenhum/Branco/Nulo – 9%
CENÁRIO-2
Tarcísio de Freitas (Republicanos) – 40,3%
Pablo Marçal (PRTB) – 17,6%
Márcio França (PSB) – 12,7%
Alexandre Padilha (PT) – 7,1%
Paulo Serra (PSDB) – 5%
Não sabe/Não respondeu – 6,2%
Nenhum/Branco/Nulo – 11,1%
CENÁRIO-3
Tarcísio de Freitas (Republicanos) – 48,6%
Márcio França (PSB) – 16,6%
Alexandre Padilha (PT) – 8,5%
Paulo Serra (PSDB) – 5,9%
Não sabe/Não respondeu – 7,3%
Nenhum/Branco/Nulo – 13
CENÁRIO-4
Ricardo Nunes (MDB) – 27%
Pablo Marçal (PRTB) – 25,6%
Márcio França (PSB) – 17%
Alexandre Padilha (PT) – 6,3%
Paulo Serra (PSDB) – 5,1%
Não sabe/Não respondeu – 6,8%
Nenhum/Branco/Nulo – 12,2%
CENÁRIO-5
Ricardo Nunes (MDB) – 35,8%
Márcio França (PSB) – 21,6%
Alexandre Padilha (PT) – 8%
Paulo Serra (PSDB) – 6,5%
Não sabe/Não respondeu – 7,9%
Nenhum/Branco/Nulo – 20,2%.
CENÁRIO-6
Márcio França (PSB) – 18,8%
Marta Suplicy (PT) – 18,3%
Rodrigo Garcia (sem partido) – 12,3%
Rodrigo Manga (Republicanos) – 9,5%
Paulo Serra (PSDB) – 6,4%
Gilberto Kassab (PSD) – 4,7%
Não sabe/Não respondeu – 7,2%
Nenhum/Branco/Nulo – 22,7%...
CENÁRIO-7
Márcio França (PSB) – 19,3%
Marta Suplicy (PT) – 19,2%
Rodrigo Garcia (sem partido) – 12,8%
Rodrigo Manga (Republicanos) – 9,8%
Paulo Serra (PSDB) – 6,3%
Felício Ramuth (PSD) – 2,7%
Não sabe/Não respondeu – 7%
Nenhum/Branco/Nulo – 22,8%.
AOS DESTRINCHAMENTOS
Como se verifica, Paulinho Serra não chega a ser um traço insignificante na corrida eleitoral estando como está num PSDB prestes a ser dissolvido depois de dividir com o PT, durante três décadas, a cena política paulista. O que o teria catapultado mesmo que modestamente aos números expostos?
Primeiro, a metodologia aplicada. Foram listados ou escolhidos ou preferidos poucos concorrentes. Os eleitores não foram chamados a palpitar levando-se em conta a memória eleitoral que deteriam, mas uma lista já pronta. A isso se dá o nome de voto estimulado. Na opção de voto espontâneo, Paulinho Serra, um desconhecido na cena política estadual, que jamais concorreu a um cargo à Assembleia Legislativa, jamais foi secretário de Estado, jamais foi outra coisa senão vereador e prefeito de Santo André, Paulinho Serra não recebeu uma só menção. Se dona Carolina Serra e os amigos mais chegados participassem da pesquisa, alguma coisa apareceria.
Nada desonroso, é bom que se diga. Apenas verdadeiro. Seria assim com praticamente todos os demais políticos da região. Não temos expressividade político-eleitoral individual fora dos quadros petistas locais que também já foram para a cucuia de popularidade.
JOSÉ OU PAULO SERRA?
Talvez o fator que mais tenha influenciado os números de Paulinho Serra tenha sido o parentesco de sobrenome, só de sobrenome, com o ex-governador José Serra, também senador da República. Tratado na pesquisa como Paulo Serra, como a mídia da região também o trata depois de todos abandonarem o “Paulinho Serra” dos tempos de vereador, é mais que provável que Paulo Serra que é Paulinho Serra tenha sido mesmo confundido com José Serra. Ou seja: a maioria dos eleitores que o apontaram na pesquisa o imaginou José Serra.
Caso esteja certo este jornalista no raciocínio, é muito provável que à medida que eventualmente Paulinho Serra apareça na mídia de massa, mais o eleitorado cairá na real de que não se trata de quem imaginavam se tratar. A ficha cairia e o ex-prefeito de Santo André que ainda parece prefeito de Santo André, porque atropela o prefeito de Santo André eleito em outubro do ano passado, desabaria nos resultados. Paulo Serra ou Paulinho Serra para os mais íntimos, não é José Serra, como se sabe.
Da mesma forma que Marcelo Lima e Daniel Lima não são parentes nem frequentam o mesmo ambiente, embora tenham em comum, entre alguns pontos, o destino do Clube dos Prefeitos. A diferença é que Marcelo Lima não sabe o que fazer do Clube dos Prefeitos, enquanto Daniel Lima já cansou de dar a receita com base em experiência de dezenas de interlocutores de múltiplas representações econômicas e sociais.
PREPARANDO O TERRENO
Voltando à pesquisa do Instituto Paraná, os próximos tempos vão revelar os resultados que sairão da teoria para o pragmatismo desejado. No caso específico de Paulinho Serra, o que se pretende é fortalecer a imagem junto aos caciques estaduais, principalmente, de forma que o PSDB não vá de vez para o buraco da desativação ao ser incorporado pela turma de Gilberto Kassab, principalmente.
A operação do Instituto Paraná é meticulosa porque pode salvar Paulinho Serra de um passo em falso ao aceitar como aceitou assumir o comando do PSDB em São Paulo e acompanhar a cada dia o desmonte que o Palácio dos Bandeirantes promoveu com a tomada de cidades às dezenas, quando não às centenas.
Resta saber – e esse ponto é fundamental à compreensão dos próximos resultados – qual seria o limite de salvação da carreira extra- região de Paulinho Serra. Se o PSDB for mesmo abduzido, entrando como peça suplementar do balaio de gatos de uma federação dominada pelos mandachuvas partidários que dão as cartas no cenário estadual, Paulinho Serra terá de construir novos caminhos. O Instituto Paraná está aí para cumprir essa missão.
BARBEIRAGEM COM GILVAN
Resta saber se o Instituto Paraná não vai cometer barbeiragem com a dinâmica de cavoucar um espaço seguro para Paulinho Serra. Por mais que atue como assessoria de comunicação do ex-prefeito de Santo André, sempre existe a possibilidade de cometer equívocos. Pesquisas não são ciência exata, apesar de lidar com dados. Dependendo de como se definem cenários preliminares, os resultados nem sempre são o que se imaginam ser.
Tanto é que na disputa pela Prefeitura de Santo André o Instituto Paraná apontou a possibilidade de o candidato apoiado pelo grupo de Paulinho Serra, no caso Gilvan Júnior, ter de disputar o segundo turno. Havia tanta preocupação que até o apoio do governador Tarcísio de Freitas foi requisitado na reta de chegada. O que se deu nas urnas foi uma diferença de 20 pontos favoráveis a Gilvan Júnior. Um erro crasso da pesquisa. Aliás, o único erro nas sete praças da região.
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24/03/2025 IMPERIALISTAS QUEREM DOMINAR SÃO BERNARDO