Esportes

Propina e esporte
de mãos dadas?

DONIZETE RADDI - 14/05/2012

Até agora, ninguém provou de forma inconteste, mas a "situação" de Aidan Ravin não é nada confortável quando o assunto é propina numa autarquia com cara de casa de tolerância. Pior é que outro dia, numa conversa com o amigo Zorro, tentei disfarçar, encerrei o assunto, mas fiquei com a pulga atrás da orelha. Há, mesmo, coincidências estranhas de datas e atitudes entre a liberação de certas licenças ambientais e patrocínios esportivos salvadores.
 
Pra quem não se lembra, em maio de 2011, sob ameaça de extinção por falta de investimento público digno e certa incompetência diretiva, o vôlei masculino foi salvo no último minuto por R$ 520 mil oriundos de empresas anunciadas pelo então todo-poderoso secretário Nilson Bonome, hoje em aparente litígio com o prefeitão.
 
Fontes confiáveis enfronhadas no poder e conhecedoras dos subterrâneos do paço garantem que, como nada é de graça, em troca as empresas teriam sido beneficiadas pelo Poder Público. No caso, o Semasa teria ignorado prováveis obstáculos ambientais para a Construtora Fratta, as Lojas Marabraz e o Grupo Santa Helena (segmento médico), exatamente os enaltecidos "salvadores" do vôlei de tantas glórias.
 
Como se não bastasse, a verba que ajudou o basquete feminino a conquistar o importante título nacional na temporada passada veio do Semasa. Só não se sabe, ao certo, se os R$ 180 mil vieram de um rompante de bom senso do prefeitão ou do esgoto malcheiroso da autarquia.
 
Título conquistado, as meninas da Laís e da Arilza, como de costume, foram recepcionadas na Prefeitura. Aidan Ravin se atrasou, mas, quando chegou, a justificativa estava na ponta da língua:
 
"Demorei porque estava acertando o aumento do patrocínio do nosso basquete com o pessoal da Gafisa. Ainda não está tudo certo, mas bem encaminhado".
 
Tudo não passou de conversa. Palavras do prefeitão mais uma vez não se confirmaram. Por algum motivo, talvez prevendo riscos à imagem, a construtora preferiu ficar fora da obra. Foi salva pelo gongo.
 
Há quem garanta, ainda, que o Banco do Brasil e a Chocolândia também estavam interessados em apoiar nosso esporte tão carente de respeito e respaldo financeiro. Seria ótimo para o esporte! Desde que o cacau não chegasse via propinoduto. Será que tudo isso -- fora o que ainda não sabemos -- é mera coincidência? Pura especulação em ano de eleição? Ou seria mais uma arapuca dos homenzinhos de vermelho que compõem a orquestra do mal?
 
E pensar que há um ano, sob o título "Encurralado, o poder se coça", cheguei a elogiar a disposição dos caciques da Praça IV Centenário. Aparentemente, fui de uma inocência imperdoável.


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