Se alguém disser que Santo André é um livro aberto, a expressão deve ser tomada ao pé da letra. Numa iniciativa guiada pela transparência administrativa, a Prefeitura lançou o Sumário de Dados 2006, anuário de 180 páginas que disseca 20 setores, de aspectos físicos, territoriais e demográficos a transporte, saúde, finanças e educação, passando por economia e saneamento e energia e segurança pública. Trata-se de prato cheio para pesquisadores, estudantes, consultores, jornalistas ou simplesmente qualquer cidadão que deseja conhecer a cidade com mais profundidade.
O Sumário de Dados 2006 tem duas grandes veredas. A primeira é reunir, em única fonte de consulta, informações pulverizadas por diversos órgãos e departamentos. A segunda é disponibilizar o manancial de dados sistematizados ao público externo — e por meio do velho e insubstituível material impresso. “A Internet é útil, mas não se compara à experiência de folhear e ler em papel, por isso optamos pela mídia tradicional” — assegura Ronaldo Tadeu Ávila de Paula, diretor do Departamento de Indicadores Sociais e Econômicos, ao explicar que os três mil exemplares estão sendo distribuídos prioritariamente para escolas, bibliotecas, órgãos públicos, entidades e associações empresariais. Ronaldo de Paula explica que Santo André publicou o último sumário há 10 anos, mas que a partir de agora o produto será reeditado em base anual. “Já começamos a trabalhar para a edição 2007” — comenta.
O lançamento foi realizado no auditório do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) com presença de técnicos da Prefeitura, do prefeito João Avamileno e da vice-prefeita e secretária de Orçamento e Planejamento Participativo, Ivete Garcia. “Informação é bem público e, como tal, deve ser socializada” — destacou Ivete Garcia. “O sumário reforça a transparência administrativa e ajuda a acompanhar o desenvolvimento da cidade” — ressaltou João Avamileno, ao lembrar que no final dos anos 1960 Santo André era a segunda cidade mais populosa do Estado, atrás apenas da Capital, por conta do incremento demográfico na esteira do desenvolvimento industrial ao longo da ferrovia. “De lá para cá foi ultrapassada por São Bernardo, Campinas e Guarulhos, não apenas em termos demográficos como também econômicos” — concluiu Avamileno.
O prefeito tem razão ao afirmar que o Sumário ajuda a acompanhar as mudanças porque os dados são apresentados em séries históricas. No capítulo sobre segurança pública constata-se que a guarda municipal registrou 6.097 ocorrências em 2005, mais que o dobro das 2.776 em 1997. Em saúde, descobre-se que novos casos de Aids caíram de 201 em 1994 para 144 em 2005, e em habitação depara-se com nada menos que 150 assentamentos precários.
O capítulo economia solidária retrata a performance do Banco do Povo, cuja missão é dar crédito a microempreendedores formais ou informais que se multiplicaram vertiginosamente não apenas em Santo André mas na região como um todo, como consequência da avalanche de demissões industriais. Tabela mostra que o Banco do Povo concedeu em 1998 184 créditos que totalizavam R$ 420 mil. Em 2005 o número de créditos saltou para 1.956 e o valor total emprestado foi a R$ 2,746 milhões.
Em vários casos, a realidade de Santo André é retratada comparativamente à de outros municípios da região. Em aspectos econômicos, por exemplo, o ranking dos sete municípios segundo o PIB per capita mostra que São Caetano assume folgadamente a dianteira com R$ 36,247 mil, seguida de São Bernardo com R$ 19,246 mil, Santo André com 13,312 mil, Diadema com R$ 12,539 mil, Mauá com R$ 11,338 mil, Ribeirão Pires com R$ 5,834 mil e Rio Grande da Serra, com R$ 4,795 mil. Nesse caso, a fonte é o IBGE com base em dados de 2003.
A disposição para compilar e apresentar dados sistematizados não surpreende. Há quatro anos a Secretaria de Desenvolvimento e Ação Regional então comandada por Jeroen Klink saiu na frente ao lançar o boletim Observatório Econômico, que está na 13ª edição.
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15/10/2024 SÃO BERNARDO DÁ UMA SURRA EM SANTO ANDRÉ