Política

Celso Daniel disputa as
eleições do ano que vem

DANIEL LIMA - 28/03/2003

Celso Daniel vai disputar as eleições municipais em Santo André no ano que vem. Celso Daniel vive eleitoralmente e é o maior caudal de potencialidade de votos no Município onde se transformou em mito. Há pesquisas qualitativas que praticamente canonizam o prefeito que mais pensou o Grande ABC como República do ABC.

Quem, afinal, vai ficar com o espólio eleitoral imediato de Celso Daniel, já que no médio prazo, anotem por favor, a herança terá outro destinatário?

A disputa pelo legado do ex-prefeito divide-se em duas partes, uma nobre e outra podre. O legado nobre é legitimamente de Celso Daniel e suas obras como o gerenciador público mais qualificado que o Grande ABC já conheceu. O legado podre está na transformação de seu assassinato e nas denúncias de propinas no Paço Municipal em carniça pura.

É claro que não é preciso avançar muito para dizer que o legado nobre tentará ser capturado legitimamente pela administração João Avamileno, leal vice e sucessor discreto de Celso Daniel. Não é preciso raciocinar com clarividência estonteante para entender que o legado podre será orquestrado por grupos oposicionistas.

A João Avamileno e ao Partido dos Trabalhadores caberá a sensibilidade de extrair da imagem, do sacrifício e do empenho de Celso Daniel um conjunto de vetores que os relacione com a continuidade administrativa da qual seu sucessor vem dando conta, apesar de trepidações aqui e acolá.

Ataques cirúrgicos

Aos adversários do Partido dos Trabalhadores o que se descortina é a tática de agressividade cirúrgica que, ao mesmo tempo em que não mexerá com a quase divindade em que foi transformado Celso Daniel, atacará impiedosamente o Paço, vinculando amigos do prefeito supostamente envolvidos nas denúncias requentadas no ano passado. O prefeito João Avamileno não faz parte dos delírios de versões rocambolescas sobre o assassinato de Celso Daniel. Por isso, o que vai ser tentado nos quartéis-generais opositores são idiossincrasias as mais abrangentes possíveis para desmoralizar conjuntamente o Paço Municipal, que seria levado coletivamente à suspeição.

Vai ser uma disputa desafiadora a marqueteiros que conhecem a alma dos eleitores. O tênue limite que separa o Celso Daniel gerenciador de elite e o Celso Daniel supostamente acobertador de irregularidades administrativas -- que nas fantasias oposicionistas motivaram sua eliminação -- é o extremo dessa gincana em busca de votos. Não se deve esperar, por isso, critérios éticos na campanha que vai às ruas e muito menos nos comícios. No passado, o próprio Celso Daniel foi atacado de forma sutil mas eticamente condenável pela oposição produtora de outdoors deliberadamente ambíguos. Não seria agora, sem a maior liderança do Município, que a cortesia iria se sobrepor à artilharia pesada.

Conseguirão os opositores enlamear o Paço Municipal e, com isso, atingir o prefeito João Avamileno? Conseguirá João Avamileno reunir força-tarefa intelectual para desbaratar a ofensiva?

Pode parecer exagero, mas é o fator Celso Daniel que decidirá as eleições em Santo André. A presença de João Avamileno num eventual segundo turno é tão certa quanto dois mais dois são quatro, mas daí a superar um eventual adversário munido de mísseis detratores é outra história.