Política

Paulinho Serra foge de escombros
petistas e vira adversário de Grana

DANIEL LIMA - 24/07/2015

Somente os estúpidos, os excessivamente cautelosos ou quem acredita em Papai Noel seriam capazes de fugir da realidade dos fatos, bem retratados na manchetíssima (manchete das manchetes de primeira página) do jornal Diário Regional desta sexta-feira: o tucano por natureza e até outro dia neopetista por esperteza, Paulinho Serra, abandou o barco avermelhado tomado pelas águas do escândalo da Petrobras e já se prepara para concorrer à Prefeitura de Santo André. Qualquer outra interpretação à manobra de Paulinho Serra significa dar corda à hipocrisia que move a política, em descompasso, portanto, com os anseios da sociedade que trata a atividade com desdém exatamente porque não suporta teatralizações tão despudoradas.


 


Os salamaleques da despedida informal de Paulinho Serra, porque o prefeito Carlos Grana é um político educado, não escondem a gravidade dos fatos. Já havia muito tempo Paulinho Serra engatara marcha à ré na Administração Municipal, da qual procurou usufruir com a visibilidade da área de mobilidade urbana. Paulinho Serra era titular de uma secretaria que pouco fez porque pouco dinheiro tem a empobrecida Prefeitura e também porque quando se meteu a fazer meteu os pés pelas mãos. A pressa em mostrar serviço na atividade pública é generalizada àqueles que enxergam o futuro das urnas eletrônicas sem se darem conta dos percalços mais próximos. Corre-se uma maratona na velocidade média de especialistas em curta distância.


 


Mediocridade geral


 


A viabilidade de Paulinho Serra sair da gestão petista rumo à gestão própria na Prefeitura de Santo André será proporcional às possibilidades de recuperação da economia brasileira e, mais que isso, dos novos desdobramentos do escândalo da Petrobras -- além da mesmice de mediocridade geral dos demais concorrentes.  


 


Os eleitores de Santo André terão em outubro do ano que vem oportunidade sofrível de manifestar voto com coerência se levarem a ferro e fogo os princípios republicanos. Carlos Grana integra por osmose o esquartejamento ético e moral do partido que ajudou a fundar. Os demais candidatos até agora anunciados ou especulados não gozam de tessitura política, partidária e ética exemplar.


 


O ex-prefeirto Aidan Ravin é o que se viu durante quatro anos. Está metido numa enrascada chamada Semasa, cuja roubalheira foi denunciada pelo Ministério Público em estranhíssima decisão que poupou mercadores imobiliários que tomaram de assalto os cofres da Prefeitura.


 


Raimundo Salles e Paulinho Serra terão de explicar aos leitores porque se bandearam às cores petistas e deram no pé diante de contrariedades estratégicas.


 


Salles picou a mula no final do ano passado, sob o manto tático de que estaria engajado de corpo e alma na candidatura de Aécio Neves à presidência da República, mas a renúncia tem forte relação também com o esvaziamento de uma secretaria (de Cultura) muito mal escolhida para mostrar serviço.


 


Paulinho Serra, em mobilidade urbana, produziu mais transtornos do que luminosidade. As intervenções no sistema de tráfego foram manchadas pela bobagem de imposição de faixas e corredores de transporte coletivo que jamais funcionaram para valer. Até porque seria praticamente impossível. No centro de Santo André, por exemplo, aquelas faixas reservadas aos ônibus são ocupadas por todo tipo de veículos. Ainda não inventaram uma maneira de dar fluidez ao trânsito sem sincronismo entre volume de veículos de passeio e alternativas de ocupação do espaço inadequadamente transformado em reserva de mercado aos coletivos.


 


Outros pretensos concorrentes aparecem e desaparecem da tela de especulações em Santo André. Muito dificilmente a disputa se dará fora desse quarteto que carrega muito mais ônus que bônus ante o eleitorado mais esclarecido.


 


Promessas e rescaldos


 


Contra Carlos Grana pesa a avalanche de propostas inexequíveis, que o Observatório de Promessas e Lorotas desta revista digital registra. Rescaldos diretos do Petrolão não deverão atingir dramaticamente a administração do petista em Santo André. A centralização de operações com alguns dos participantes da casta de empreiteiros e diretores da estatal ficou por conta do entorno quando não da Administração Luiz Marinho. Mas isso é apenas um alívio que não restaura a plenitude e a inviolabilidade da gestão petista de Santo André.


 


A homogeneidade partidária do PT não distingue perdedores quando situações comprometedoras como a do escândalo da Petrobras saltam ao noticiário nacional. Imaginar que eleições municipais em territórios como o da Província do Grande ABC, nas rebarbas de uma grande Capital, a maior de todas as capitais, se restringirão à temática local é subverter a lógica de intercomunicação social comprovadamente mais densa nessas áreas.


 


Quase um quarto da população economicamente ativa (e politicamente mais reativa) da Província do Grande ABC trabalha diariamente na Capital. São cidadãos metropolitanos por instinto de sobrevivência. Acreditar que olharão apenas para o próprio umbigo municipalista é subestimar o bom senso.  


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