Economia

QUARTO PIB DA
METRÓPOLE?

DANIEL LIMA - 21/11/2024

Em menos de dois meses finalmente iremos conhecer o PIB dos Municípios Brasileiros de 2022. O IBGE divulga sempre com dois anos de atraso o que fizemos num passado recente. A questão que mais me preocupa nesta altura do campeonato é a seguinte: será que caímos para o quarto lugar no PIB Geral da Região Metropolitana de São Paulo?

Isso mesmo: quarto lugar na RMSP. Já escrevi no passado e não custa repetir: o quarto lugar no ranking nacional é lorota. Temos a mania de grandeza, mesmo numa corrente de tristeza.

Se corretamente observamos o PIB dos Municípios também sob a ótica de PIB regional, outros conglomerados demográficos devem receber tratamento igual. Grande Curitiba, Grande Salvador, Grande Porto Alegre, entre tantas variáveis, são igualmente vasos comunicantes na geração de riquezas.

PREFEITOS DE OLHO? 

O próximo conjunto de prefeitos da região poderia começar a mostrar serviço no campo econômico, arena na qual os anteriores, desde a morte de Celso Daniel, fracassaram redondamente. Bastaria olharem para a geoeconomia da Grande São Paulo. Já seria alguma coisa palpável. Nossos vizinhos andam bem melhores das pernas de competitividade, apesar ou por causa da Cinderela São Paulo.

Sugiro aos prefeitos que poderiam dar prioridade às razões que fizeram da Grande Oeste, liderada por Barueri e Osasco, uma área territorial mais competitividade que o Grande ABC. Quais seriam as características principalmente de matriz econômica para a Grande Oeste ter confirmado o que alertamos há três décadas, quando do anúncio do Trecho Oeste do Rodoanel Mário Covas?

Pois é a Grande Oeste de Rodoanel e de atividades ligadas às áreas de Serviços que faz o Grande ABC comer poeira. É cada vez maior a distância de produção de riqueza entre a Grande Oeste e o Grande ABC. O Rodoanel cantado em verso e prosa por ignorantes econômicos está na raiz dessa goleada. E o metrô que um dia vai chegar ao Grande ABC, será a pá de cal. Principalmente se não houver inteligência estratégia ao desembarque desse ramal de transporte. 

CLUBE DE FACHADA? 

Por isso, a fantasia de São Bernardo e São Caetano retornarem ao Clube dos Prefeitos como salvação da lavoura não cola. O Clube dos Prefeitos em larga escala se comportou como um Clube de Omissões e Despreparo desde que foi criado em 1990. Por isso, fetiches direcionados à reintegração formal desse colegiado sem que se apresente planejamento estratégicos prioritário ao Desenvolvimento Econômico não passaria mesmo de enganação.

Mais que isso: elevará a desconfiança de que o Clube dos Prefeitos Formal seria apenas uma fachada do Clube dos Prefeitos Subterrâneo. Uma espécie de organização testa-de-ferro para gastanças raramente sujeitas ao escrutínio contábil, se não bastasse o proselitismo político-partidário.   

Portanto, que tal os prefeitos e eventuais assessores econômicos, que desconheço, concentrarem esforços para saber as razões que podem colocar o Grande ABC atrás do PIB da Capital, da Grande Oeste e possivelmente da Grande Norte na Região Metropolitana de São Paulo?  Aliás, sobre o Grande Norte, liderado por Guarulhos, é mais que certo que se não ultrapassou o Grande ABC em 2022, o fará nos próximos anos. Basta lembrar que o arco do Rodoanel está-se fechando com as obras que beneficiarão de verdade o que poderia ser chamado também de Grande Guarulhos. Já escrevemos sobre isso.

MUITOS  COMPETIDORES 

É claro que os dados do PIB dos Municípios dos três principais blocos da Grande São Paulo (a Capital dispensa comentários) dizem muito sobre táticas e estratégias forçadas ou voluntárias em busca de resistência e crescimento diante do avanço das últimas décadas de concentrações urbanas no Interior do Estado.

Casos específicos da Grande Campinas, da Grande São José dos Campos e da Grande Sorocaba, endereços que desde os primeiros anos de 1990 cantei como nossos principais adversários, para onde a fuga industrial ganhou apelo.

O PIB dos Municípios que será revelado em menos de dois meses é sim uma ameaça de que poderemos ser ainda mais rebaixados na Grande São Paulo. Isso não é chute. É possível confirmação de expectativas realistas, pautadas pelos dados de 2021. 

DADOS COMPARATIVOS 

Vamos, então, para sacramentar essa preocupação, aos números comparativos do PIB dos Municípios de 2021. Os sete municípios da região registraram o total de R$ R$ 150.576.376 bilhões. A Região Oeste alcançou R$ 170.738.153 bilhões, enquanto a Região Norte registrou R$ 142.522.748 bilhões. 

Em números relativos, a Região Oeste tem superioridade de 13,39% no PIB ante o ABC Paulista. E o ABC Paulista goza de vantagem ínfima, de apenas 5,65% diante da Região Norte.  

Agora, vamos dar nomes aos concorrentes. Os municípios da região todos sabem quais são. Já a Região Oeste conta igualmente com sete municípios: Barueri, Carapicuíba, Itapevi, Jandira, Osasco, Pirapora do Bom Jesus e Santana de Parnaíba. A Região Norte conta com 11 municípios: Guarulhos, Arujá, Santa Izabel, Guararema, Salesópolis, Itaquaquecetuba, Ferraz de Vasconcelos, Suzano, Mogi das Cruzes, Biritiba Mirim e Poá.  

Acompanhe os números do PIB das três regiões dentro da Grande São Paulo, em valores nominais de 2021: 

1. Osasco -- R$ 86.111.260 bilhões.

2. Guarulhos – R$ 77.376.467 bilhões.  

3. São Bernardo, 58.277.014 bilhões. 

4. Barueri – R$ 58.027.667 bilhões.  

5. Santo André, 32.620.295 bilhões. 

6. Mauá, R$ 20.776.213 bilhões. 

7. Mogi das Cruzes – R$ 19.604.517.  

8. Diadema – R$ 18.484.356 bilhões. 

9. São Caetano – R$ 15.566.768 bilhões. 

10. Suzano – R$ 14.811.514 bilhões. 

11. Itapevi – R$ 12.854.995 bilhões. 

12. Santana de Parnaíba – R$ 11.544.903 bilhões.  

13. Itaquaquecetuba – R$ 9.519.618 bilhões.  

14. Arujá – R$ 8.293.370 bilhões.  

15. Carapicuíba – R$ 6.854.706 bilhões. 

16. Jandira – R$ 4.908.360 bilhões. 

17. Ferraz de Vasconcelos – R$ 4.740.673 bilhões. 

18. Ribeirão Pires – R$ 3.891.003 bilhões. 

19. Poá – R$ 3.769.347 bilhões.  

20. Santa Isabel – R$ 1.658.733 bilhão. 

21. Guararema – R$ 1.546.741 bilhão.  

22. Biritiba-Mirim – R$ 971.016 milhões.  

23. Rio Grande da Serra – R$ 960.727 milhões.  

24. Pirapora do Bom Jesus – R$ 826.672 milhões. 

25. Salesópolis – R$ 251.752 milhões.   

DESEMPENHO HISTÓRICO

O Grande ABC viveu uma montanha russa de resultados entre 1970 e 1996. Aquela marca muito dificilmente será repetida. Pior que isso: os dados subsequentes é que deverão ditar novos ritmos preocupantes. Entre 1970 e 1980, o PIB do Grande ABC  caiu desconfortavelmente na sequência e se recuperou levemente. Estávamos bem acima do que éramos no início dos anos 1970, mas caímos assustadoramente a partir de 1984.  

Entre 1997 e 2002, o presidente Fernando Henrique Cardoso deixou a região ao rés do chão, com perda de 33% do PIB. Na sequência, a região cresceu consideravelmente durante o primeiro mandato de Lula da Silva, em seguida começou a faltar fôlego fiscal com muita gastança sem suporte no segundo mandato e, com a chegada de Dilma Rousseff, o segundo mandato foi interrompido por causa de pedaladas fiscais.

Ainda há quem tenha hibernado em 1970 e não veja o quanto mudamos. Em 1970 a região contava com 4,52% de participação no PIB Nacional. Em 2021 registramos apenas 1,67%. Tem sido mais ou menos essa a toada. Trata-se de perda relativa e absoluta. Relativa porque o Grande ABC conta com um PIB que em média cresce bem menos que o PIB por si só pífio da média nacional. E em valores absolutos, ou seja, Grande ABC versus Grande ABC, também rateia. Não há mobilidade social que resista. Somos uma grande fábrica de classe média precária, aquela imensa porção de moradores com um pé na classe dos pobres e  a esperança de chegar à classe média tradicional.


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