Ainda não foi desta vez que Paranapiacaba fez verão. O brilho da vila ferroviária de temperaturas baixas não conseguiu a intensidade da estação quente do ano. A tímida tentativa de colocar algumas propagandas em pontos estratégicos do Grande ABC para lustrar as atrações turísticas revela boa intenção mas está longe do que é preciso para atrair o volume de visitantes das edições mais recentes do Festival de Inverno.
Animado com os 70 mil visitantes de julho passado, a Prefeitura de Santo André traçou planos de reforçar o potencial geográfico para a prática de esportes radicais e eliminar a sazonalidade do calendário. Só que ainda não conseguiu encontrar a fórmula para disputar com cidades litorâneas, principalmente em meio à lentidão histórica de ações que acometem as prefeituras.
Paranapiacaba ainda vive do frio. Durante a temporada, o volume de visitantes cresce aproximadamente 700%. São em média 20 mil turistas por fim de semana em julho contra 2,5 mil registrados em finais de semanas normais. Por isso, é prematuro calcular o resultado da ação de divulgação dos outdoors espalhados pela região.
Crescimento genérico
Os únicos dados de que a Subprefeitura dispõe apontam crescimento genérico de 50% do público em finais de semana desde que a Vila foi comprada por Santo André no final de 2001. “Temos mais quatro anos para atingir as metas. E algumas atividades como o arvorismo devem ajudar a atrair mais público” — espera o subprefeito de Paranapiacaba, João Ricardo Caetano. Paranapiacaba ainda oferece espaços para trilhas, cicloturismo, além de cachoeira para prática de cascading e áreas para tirolesa e rapel.
João Ricardo Caetano sabe o que é preciso para aumentar a frequência à Vila: profissionalizar os serviços e a estrutura pública, melhorar a oferta do produto Paranapiacaba, além de viabilizar parcerias com a iniciativa privada. “Precisamos preparar os empreendedores para receber o público durante o ano todo. A cobrança será maior depois da visibilidade que ganhou o Festival de Inverno. Com possível alongamento do calendário é preciso ter ainda mais qualidade” — acredita o subprefeito.
Cultura turística
A Prefeitura tem feito algumas atividades para começar essa preparação. Mas ainda há longo caminho para incorporar a cultura turística com o estilo de administração do negócio. A maioria dos empreendedores ainda é de moradores da Vila que apostam nas opções caseiras de pousadas e restaurantes. O diagnóstico é referendado por quem está incrustado no dia-a-dia do comércio local. “A Prefeitura contratou consultoria para dar treinamento aos comerciantes e empreendedores. O curso começou com 50 participantes. Acabou com pouco mais de cinco” — lembra Doel Saurbronn, proprietário do restaurante SPR e que tenta de maneira individual cativar a fidelidade do cliente. “Conseguimos cativar clientes ao longo de todo o ano com cardápio diferenciado. É lógico que os eventos são importantes e atraem público, mas é preciso preparo para não jogar contra a própria imagem” — explica o comerciante, que também faz força para reativar ações feitas pelo extinto Grupo Gestor de Turismo de Paranapiacaba, integrado por prestadores de serviço. “O próprio Festival de Inverno é prova de fogo para os comerciantes” — agrega João Ricardo.
A Subprefeitura deve apostar também em estratégias já existentes no mercado. Uma das idéias é institucionalizar Paranapiacaba por meio de pacotes turísticos operados comercialmente por agências. “Muitos turistas de negócio da Capital estão sendo levados para destinos de um dia. Os locais mais procurados são Guarujá e Embu das Artes. Temos de lutar para incluir Paranapiacaba nesse tipo de roteiro” — afirma João Ricardo Caetano.
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15/10/2024 SÃO BERNARDO DÁ UMA SURRA EM SANTO ANDRÉ