O São Bernardo Futebol Clube entrou numa fria, a fria de se ver órfão do poderio do Partido dos Trabalhadores na região, o melhor a fazer é contar com nova direção. E que a nova direção acabe com a estupidez de imortalizar a camisa 13 reservada politicamente ao então presidente da República, Lula da Silva. Seria estupidez semelhante se o grupo político de Orlando Morando, supostamente com possibilidade de herdar a agremiação antes que as portas se fechem ou o futuro seja comprometido ainda mais, escolhesse à santificação esportiva o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Para não ser repetitivo -- e os leitores desavisados eventualmente me coloquem na posição de oportunista--reproduzo vários trechos do artigo que publiquei nesta revista digital em outubro de 2012, sob o título “Teixeira politiza ainda mais o futebol e São Bernardo vira PT Futebol Clube”. Leiam:
Alguém precisa recomendar ao presidente Luiz Fernando Teixeira certos cuidados para que o São Bernardo Futebol Clube não se descaracterize ainda mais. Deslumbrado como dirigente esportivo e audacioso como arrecadador de dinheiro em campanhas eleitorais, Luiz Fernando Teixeira ultrapassa os limites e conduz o futebol de São Bernardo ao separatismo esportivo ao aprofundar a divisão da cidade entre torcedores e não torcedores de algo que se encaminha para PT Futebol Clube. Nada pior para um clube empresarial, porque reduz o mercado do ponto de vista econômico e o estigmatiza como elemento social. A mais recente trapalhada de Luiz Fernando Teixeira foi anunciada sem o menor pudor na edição de sábado do Diário do Grande ABC. Ele vai recorrer aos préstimos do ex-presidente da República, Lula da Silva, a quem não cansa de estender o tapete, para atuar como empresário de futebol. Quer que Lula vá aos grandes clubes paulistas, Corinthians do coração entre eles, para garantir reforços subsidiados de que o São Bernardo precisaria na Série A do Campeonato Paulista do próximo ano. O PT Futebol Clube seria, no ensaio do presidente Luiz Fernando Teixeira, uma colcha de retalhos dos grandes clubes do Estado. Lula da Silva não é apenas ex-presidente da República e amigo do peito do prefeito Luiz Marinho, a quem o São Bernardo Futebol Clube, ou PT Futebol Clube, serve como alavanca na área esportiva. Lula da Silva também é presidente de honra ou algo parecido do representante de São Bernardo no futebol profissional e imortalizou a camisa de número 13 sem sequer jamais ter atuado um minuto sequer. A camisa 13 do Tigre jamais será utilizada por ninguém, porque o PT Futebol Clube decidiu em reunião de cúpula que é uma homenagem ao ex-presidente. Qualquer semelhança com o número que identifica eleitoralmente o partido não é mera coincidência.
Mais trechos do artigo de 2012
Até parece que o julgamento do mensalão não provoca a mais ínfima preocupação ao presidente Luiz Fernando Teixeira. Atrevido, vai em frente com o projeto do PT Futebol Clube que causa horror a quem, como este jornalista, caiu na besteira de acompanhar alguns dos jogos da equipe do setor de arquibancadas e, ante uma chuva torrencial, dirigiu-se às cabines de Imprensa e de autoridades e verificou que ali se instalava um QG partidário. A politização do São Bernardo é acintosa, a confirmar as suspeitas de que seja, no mínimo, uma correia de transmissão de objetivos igualmente políticos do presidente Luiz Fernando Teixeira, de olho no Paço Municipal de São Bernardo em 2016. Nada que a ambição não lhe seja de direito, desde que não misture as estações de forma tão abusada. Utilizar o prestígio pessoal de Lula da Silva junto aos clubes grandes do futebol paulista pode ganhar uma conotação coercitiva que, por sua vez, evocaria a desconfiança de que se patrocina uma concorrência desleal com as demais agremiações de pequeno e médio porte que disputarão a Série A do ano que vem. Ou o leitor tem dúvidas de que entre um pedido do ex-presidente por determinado reforço e uma oferta mesmo que mais interessante de outra agremiação sem o mesmo peso politico os dirigentes de clubes grandes ousarão deixar de atender ao pedido daquele que, por força do passado de sucesso político e de entranhamento no governo federal, destravaria qualquer tipo de nó? (...)
Mais trechos do artigo de 2012
(...) O que causa surpresa é a sem-cerimônia com que o presidente Luiz Fernando Teixeira se manifesta sobre o suporte logístico oferecido por Lula da Silva. É verdade que não é a primeira vez. Ele se coloca em cena com alguma constância de forma ostensivamente ingênua ou declaradamente egocêntrica e, com isso, arrisca muito do arrojadamente construtivo desenvolvido nos últimos anos. Caso da tomada do Estádio Primeiro de Maio por milhares de aficionados de futebol, uma parcela dos quais está se convertendo em torcedores do Tigre. É verdade que em grande escala é uma torcida de cabresto político, tangida por interesses que vão além das quatro linhas, mas de qualquer forma algo sem precedentes na história da Província do Grande ABC.
Searas conflitantes
Não sei exatamente por que penso no julgamento do mensalão quando leio no Diário do Grande ABC a notícia sobre o reforço de Lula da Silva para a contratação de jogadores ao São Bernardo. Trata-se possivelmente de uma bobagem deste jornalista, porque provavelmente uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Entretanto, como minha intuição não costuma falhar, até porque está mais ou menos sempre respaldada por conhecimentos acumulados, sugiro ao presidente do São Bernardo Futebol Clube, ou PT Futebol Clube, que dê uma ajeitada na gravada do exibicionismo porque a notícia só atrapalha o próprio Lula. Afinal, como se sabe, o PT é uma agremiação política de abrangência estadual (e também nacional) e seus correligionários, dirigentes e apaniguados de outras praças podem requisitar os mesmos préstimos ao ex-presidente. Ou seja, se a moda pega, faltarão jogadores aproveitáveis dos grandes clubes paulistas para atender às demandas petistas.
Voz única e isolada
Sei lá os rumos que o São Bernardo Futebol Clube vai tomar para honrar a denominação de representatividade esportiva. O erro de marketing do então presidente Luiz Fernando Teixeira, hoje deputado estadual, atrasou a popularização e o fortalecimento do clube em pares de anos. Mais que isso: aquela investida estapafúrdia causou prejuízos que precisam ser diluídos ao longo dos próximos anos por uma diretoria comprometida com o futebol. Isso não significa que o Poder Público deva ser afastado de eventual suporte. Os clubes de menor expressão num futebol que privilegia as grandes marcas precisam sim e muito de parcerias com o apoio de prefeituras. Só não podem entregar a alma à política partidária.
Para completar (e não vou deixar de registrar sempre que necessário esse apêndice em defesa da liberdade de opinião) faço um desafio aos leitores: se encontrarem em qualquer publicação regional – impressa ou digital – postura editorial semelhante a que registramos nesta revista digital sobre o São Bernardo Futebol Clube, abandono a profissão mais idiota do planeta.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André