Empresas de Santo André debruçadas sobre ações de responsabilidade social vão continuar no anonimato. O Selo Empresa Cidadã não deve sair do papel e se tornar realidade tão cedo, lamenta o próprio autor do projeto e presidente da Câmara Municipal, Carlinhos Augusto (PT). A explicação: faltam parceiros para a gestão do prêmio. Sancionada em junho de 1998 pelo prefeito Celso Daniel, a Lei 7.672 não teve a eficiência desejada pelo Legislativo de Santo André.
Um dos obstáculos encontrados no primeiro ano de vigência foi a complexidade do material entregue aos empreendedores para preenchimento. Dos três mil formulários enviados a partir de fevereiro de 2000, apenas 15 foram devolvidos ao gabinete do vereador petista um mês depois. Solvay Indupa do Brasil, Coop, Diário do Grande ABC, Studio A Fotolitos, Hospital Beneficência Portuguesa, Polietilenos União, Uniodonto, Recap, Irmãos Vassoler, Cofast, Fundação Santo André, Vanguard Diagnósticos, Ferro Contábil, Luara Magazine e Neopan Artigos Infantis entregaram o balanço social à comissão formada por integrantes do Poder Legislativo e representantes da comunidade.
"Pensamos em fazer apenas uma homenagem aos participantes, mas desistimos. Chegamos à conclusão de que o prêmio prima pela qualidade e não seria justo homenagear alguns e deixar os demais de fora" -- afirma Carlinhos Augusto, que admite ter recebido formulários preenchidos de maneira incompleta e confusa por causa do emaranhado de informações solicitadas, como questões ligadas ao ambiente social e qualidade de vida e sobre difusão de condutas de responsabilidade social na empresa.
Ao contrário de Santo André, o Selo Empresa Cidadã é realidade em São Paulo. Aprovada pela Câmara Municipal também em 1998, a lei de autoria da vereadora Aldaíza Sposati (PT) prevê homenagem a cada dois anos às empresas que alcançam resultados positivos nos balanços sociais. No ano passado 35 organizações foram premiadas, como Banco Itaú, Volkswagen do Brasil, CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), Schering do Brasil Química, Clínica Jardim São Paulo e Serasa (Centralização de Serviços dos Bancos). Além do reconhecimento público, a empresa pode exibir o selo em embalagens de produtos, materiais publicitários, correspondências para clientes e fornecedores.
Entidades parceiras -- Um dos principais facilitadores do selo na Capital se deve à parceria com entidades como Ciee (Centro de Integração Empresa-Escola), CUT, Instituto Ethos de Responsabilidade Social, Sesc (Serviço Social do Comércio) e Ibase, instituto que desenvolve estudos socioeconômicos e lançou a idéia da distinção às empresas em 1997. Formadoras da comissão executiva, as entidades são responsáveis por analisar os balanços sociais de cada empresa candidata, verificar o preenchimento correto e desenvolver trabalho sistemático de divulgação do prêmio. A mesma comissão tem a responsabilidade de verificar erros e acertos em cada edição do Selo Empresa Cidadã.
É justamente a falta de apoios e parceiras em Santo André que ameaça colocar por água abaixo o reconhecimento do Poder Público à livre iniciativa dedicada ao trabalho social. "Chegamos à conclusão de que o Legislativo não tem estrutura para abraçar a causa sozinho. Se não houver condições de o Executivo assumir o projeto junto a entidades da cidade, dificilmente o selo sairá do papel" -- admite o vereador Carlinhos Augusto.
As dificuldades encontradas por Santo André e outros municípios como Bebedouro e Jacareí, no Interior paulista, e Fortaleza, no Ceará, para colocar em prática o Selo Empresa Cidadã, devem resultar num congresso nacional programado pela Câmara de Vereadores de São Paulo para o segundo semestre deste ano. Aglutinar forças para o projeto funcionar e realizar troca de experiências de cada Município engajado na proposta do selo são algumas das propostas do seminário, que será encabeçado pela vereadora Aldaíza Sposati.
Total de 813 matérias | Página 1
15/10/2024 SÃO BERNARDO DÁ UMA SURRA EM SANTO ANDRÉ