Petistas e democratas estão de olho na Prefeitura de Aidan Ravin, a zebra sem tamanho no segundo turno das últimas eleições no Grande ABC.
Por enquanto, tanto petistas quanto democratas fazem de conta que não estão nem aí, mas se armam com unhas e dentes para organizar botes implacáveis.
Questionar mais duramente a administração de Aidan Ravin neste início de temporada daria a conotação de oposicionismo oportunístico, acreditam os adversários de olho nas eleições de 2012.
Bater forte em Aidan Ravin agora daria conotação de perseguição, da qual o prefeito se safaria como vítima porque o eleitorado e o contribuinte público concedem a qualquer nova administração período para reconhecimento do terreno. No caso de Aidan Ravin, a classe média que o consagrou não assinaria de imediato o recibo da imprudência. Tenderia a esticar o prazo de validade para avaliações preliminares. Possivelmente fará o possível para prorrogar o período até quando puder.
Tanto os petistas ligados ao prefeito João Avamileno como a Vanderlei Siraque e igualmente o grupo de Ivete Garcia quanto os democratas de Raimundo Salles elaboraram planos de ataque para o que prevêem como sopa no mel, porque dão como favas contadas que o vereador de um único mandato, médico de centenas de parturientes e prefeito por acaso não conseguirá dar conta do recado.
Até a mídia mais condescendente com Aidan Ravin começa a se inquietar com uma administração que sofre de alguns males indesejáveis, mas também pega leve por conta do próprio apoio que lhe prestou. Que tipo de apoio? A omissão de que Aidan Ravin era uma zebra em potencial que, exatamente por ser zebra, não pensou no pós-eleição.
Quais seriam esses males indesejáveis?
Primeiro, goste-se ou não do PT de Santo André, o fato é que Aidan Ravin assumiu uma prefeitura que, efeitos pós-morte à parte, carrega 10 anos de administração inovadora de Celso Daniel. E Celso Daniel não é pouca coisa, como se sabe. O efeito bumerangue poderá reverter situação e tornar o PT favoritíssimo nas eleições de 2012. Ou, se o distinto público entender que o PT já cansou em Santo André, seria a vez de Raimundo Salles aparecer na fita.
Segundo, a expectativa de ressurreição da classe média que a eleição de Aidan Ravin gerou numa Santo André encalacradíssima socioeconomicamente não deixa margem à dúvida: se não fizer um governo demarcatório da diferença entre conservadores de direita e reformuladores de esquerda, frustrará todas as projeções.
Terceiro, a perspectiva de escassez de recursos orçamentários num País que vai viver pelo menos dois anos de queda do Produto Interno Bruto em relação aos anos imediatamente anteriores estrangularia ainda mais o orçamento de Santo André, comprimido pela desindustrialização mais severa que um Município já viveu no País.
Foram comprovadamente três longas décadas de uma situação de debacle só superada estatisticamente a partir de meados dos anos 1990 com a estabilização seguida de recuperação discreta do Valor Adicionado a bordo de investimentos tecnológicos das grandes empresas, fortemente poupadores de emprego formal e cujo peso no PIB industrial local é de 80%.
Vanderlei Siraque, João Avamileno, Ivete Garcia, Raimundo Salles e suplementarmente, por enquanto, o tucano Paulinho Serra, potenciais concorrentes à sucessão municipal, acompanham atentamente o ritmo do governo Aidan Ravin. Eles espalham observadores por todas as secretarias. Medem cada centímetro de atuação do prefeito. Apenas não se manifestam porque sabem que é cedo demais para exposição pública.
Todos eles duvidam que o prefeito de Santo André resistirá ao apressamento e às improvisações de quem não se preparou para a vitória eleitoral.
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15/10/2024 SÃO BERNARDO DÁ UMA SURRA EM SANTO ANDRÉ