A administração do prefeito Luiz Marinho está nos primeiros minutos do primeiro tempo e, por isso mesmo, qualquer análise poderia soar como precipitação.
Entretanto, como há determinados jogos que revelam desde o início o que se poderá esperar no decorrer do tempo, resta esperar que o desenho tático não seja definitivo.
Refiro-me principalmente ao relacionamento com a mídia.
Como Celso Daniel, também Luiz Marinho encontra dificuldades para se aproximar de determinados meios de comunicação.
Esse componente já foi mais periclitante numa região que durante várias décadas viveu sob espécie de monopólio editorial, mas não pode ser desprezado.
Agora os tempos são outros, de alternativas que se completam ou se conflitam. No mínimo, leitores, telespectadores, internautas e ouvintes tendem a ficar como barata em galinheiro se buscarem mais de um canal de informação.
Mesmo entre mídias mais próximas de Luiz Marinho, a imagem do administrador de São Bernardo ainda está distante do que se consolidou nas reuniões preparatórias e neste primeiro mês de trabalho. Há precariedade de conteúdo. Falta a síntese do que pretende ser a gestão Marinho Daniel.
Um dos pontos vulneráveis da política de comunicação do petista que sonha com o governo do Estado é a indefinição dos recursos públicos de São Bernardo que serão aplicados em publicidade. Uma nevasca de divergências licitatórias congela planos de divulgação.
Mas não é apenas isso que corrói o capital informativo de São Bernardo — e para que não se veja a questão como exceção — e também de outros municípios.
A dose cavalar de personalização da gestão pública em torno do chefe do Executivo é vício antigo cuja origem está na imperiosidade da centralização. Mal sabem os prefeitos que poderiam capitalizar mais apoio da sociedade se tornassem os secretários municipais protagonistas de entrevistas.
Praticamente não se tem nenhuma informação sobre o que pensam e o que pretendem os secretários municipais de São Bernardo e também de outros municípios. Tudo gira em torno do prefeito em repetidas informações. Raramente a mídia exercita a profundidade necessária para que cada governo local seja avaliado com mais segurança.
Pobres responsáveis pelas áreas de comunicação das prefeituras que não conseguem sensibilizar o chefe de Executivo quanto ao paradoxo de que a descentralização os fortalece, já que é a melhor maneira para levar aos consumidores de notícias o espirito de equipe frequentemente alardeado nas eleições.
Não que Celso Daniel tenha sido inovador em colocar na vitrine a rede de secretários que o tornaram gerenciador público acima da média, mas não faltaram situações para que pelo menos os mais importantes auxiliares frequentassem a mídia.
Nesse ponto, Luiz Marinho ainda está distante de Celso Daniel e, portanto, não captou o Marinho Daniel que poderia ser na área de comunicação porque, como em outras situações de tantos outros chefes de governo, há barreiras políticas e partidárias, além de organizacionais, que limitam a visibilidade dos colaboradores mais graduados.
Uma equipe de governo se sente mais comprometida como a sociedade na medida em que é retirada dos bastidores e é alçada aos holofotes.
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15/10/2024 SÃO BERNARDO DÁ UMA SURRA EM SANTO ANDRÉ