Imprensa

Diário: Plano Real que
durou nove meses (23)

DANIEL LIMA - 15/10/2024

Outra vez junto três edições da newsletter OmbudsmanDiário para retratar o período em que atuei com ouvidor do Diário do Grande ABC, antes de assumir o comando da redação em julho de 2004. Quem quer saber o que é um ombudsman (ou ouvidor) de verdade, não pode deixar de seguir nessa caminhada de exposição digital do que realizei ao ocupar a função no Diário do Grande ABC.

Entre os pontos que destaco na edição de 5 de julho de 2004, reproduzo alguns parágrafos que dão a dimensão do entendimento que tinha e continuo a ter sobre a função que representa os interesses dos leitores: “Acintoso, sob todos os pontos de vista jornalístico, o suplemento encartado na edição de domingo dos 50 anos de Mauá, que só serão comemorados em novembro. A inserção da marca “Diário do Grande ABC” numa publicação ostensivamente publicitária nos leva a crer que há congelamento da inteligência na corporação.

Naquele 6 de julho de 2004, preparei a reprodução de mais um capítulo do Planejamento Estratégico Editorial, base do trabalho que desenvolveria como diretor de Redação.

Na mesma data,  estava completando 30 dias na função até então inédita de Ombudsman do principal veículo de comunicação da região. Quem imaginava que estava no Diário do Grande ABC como trampolim para qualquer coisa que não fosse o sacrifício profissional de ter a coragem de apontar imperfeições, certamente caiu do cavalo da ignorância. 

 EDIÇÃO NÚMERO 26

Abrimos a quarta semana de atividades de ombudsman do Diário do Grande ABC e, a exemplo de segundas-feiras anteriores, deixamos para a edição de amanhã a avaliação da edição de segunda e da própria terça-feira. Ou seja, nos concentramos nas edições de sábado e domingo que, como todos podem observar, estão recheadíssimas de observações. 

Pretendo, na semana que vem, organizar edição especial de primeiro mês dessa newsletter. Vou filtrar especificamente as questões que não obtiveram respostas da redação ou cujas respostas estiveram aquém das análises. Essa é a maneira que encontrei para sistematizar os pontos negros das coberturas diárias porque não me apetece enxugar gelo. 

Reforço mais uma vez convicção emitida muito antes de iniciar este trabalho. Na verdade, a explicitei quando fui contatado para assumir a direção de redação do jornal. Quando tomei conhecimento de que inventaram o chamado banco de horas na redação, de bate-pronto condenei a iniciativa cujo autor ou autores deveriam (se já não o foram) ser sumariamente demitidos. É preciso ignorar completamente os meandros de redação para implementar tamanha estultice. 

PRIMEIRO PÁGINA (I)

A manchete de primeira página de sábado "Cresce participação do ABC na riqueza de S. Paulo" está corretíssima. Pena que a matéria que abre o caderno de Economia esteja tão depauperada em qualidade informativa. Algo que choca porque o peso de uma matéria de capa deveria ser considerado decisivo na avaliação da reportagem. 

PRIMEIRA PÁGINA (II)

Seguindo o ufanismo condenado em nota específica, o jornal puxou a chamada de primeira página do jogo do Santo André contra a Portuguesa para um ângulo imensamente perigoso. 

PRIMEIRA PÁGINA (III)

Fiquei atordoado, confesso, quando, ao apanhar os jornais na soleira da porta de casa domingo de manhã, deparei-me com a manchete do Diário: "1,7 milhão vão às urnas no ABC". Juro por todos os juros que pensei estar em pleno 6 de outubro (é esta a data das eleições deste ano, não?). Somente isso poderia justificar o enfoque da manchete de primeira página. Comento aspectos da matéria mais adiante, inclusive para consolidar a avaliação sobre a chamada de capa. 

PRIMEIRA PÁGINA (IV)

Mereceria chamada de capa mais apropriada a matéria sobre o predomínio de filmes hollywoodianos no Grande ABC. Infelizmente, a discreta chamada ("Grande ABC sofre falta de filmes alternativos") não remete ao núcleo conceitual da matéria que abre o caderno de Cultura & Lazer de domingo. 

PRIMEIRA PÁGINA (V)

Estão excelentes as duas fotos de primeira página da edição de domingo -- das empreendedoras e dos excluídos de entretenimento. Um show. 

SUPLEMENTO DE MAUÁ

Acintoso, sob todos os pontos de vista jornalístico, o suplemento encartado na edição de domingo dos 50 anos de Mauá, que só serão comemorados em novembro. A inserção da marca "Diário do Grande ABC" numa publicação ostensivamente publicitária nos leva a crer que há congelamento da inteligência na corporação. O quadrinho na página 2 com os dizeres "Todas as informações deste suplemento são de responsabilidade da Prefeitura do Município de Mauá", em vez de amenizar, agrava o conflito ético que se estabeleceu, porque simplesmente oficializa a terceirização do prestígio histórico da publicação em favor de um grupo político que, sem juízo de valor sobre a veracidade do conteúdo, se locupletou com a carta branca que lhe foi oferecida pelo jornal. Resta saber o grau de credibilidade que o material publicitário disfarçado de editorial alcançou. Para quem entende de jornalismo e mesmo para quem conhece as artimanhas publicitárias, trata-se de dupla escorregadela. 

Francamente, há fórmulas jornalísticas para se conduzir esse tipo de trabalho. O Diário mesmo se aperfeiçoou ao longo de décadas em suplementos de aniversário, apesar de em muitas ocasiões contradizerem conceitualmente com as matérias menos adocicadas publicadas nas páginas convencionais. De qualquer modo, a metodologia era menos provinciana. 

HOLLYWOOD É AQUI (I)

Fiquei frustrado com algo que parecia me agradar, apesar de o título "Uma questão matemática" estar completamente fora de propósito. "Hollywood é aqui" seria o título-síntese da matéria de capa de Cultura & Lazer de domingo que revela o fato de filmes hollywoodianos ocuparem a maioria das salas da região. A matéria deslanchava com classe e categoria até que, de repente, um intertítulo introduz os leitores a uma guinada de 180 graus, quando, incrível, passa-se sem cerimônia para a participação do setor público na exibição de filmes. Dois assuntos completamente diferentes, duas grandes pautas, que acabaram desgastadas mutuamente. O que se deu, então? Tanto um enfoque quanto outro ficaram prejudicados e levaram os leitores ao desencanto. Acho possível explorar mais o assunto. Há fontes na própria matéria que poderiam traçar perfil mais preciso dos amantes de cinema que frequentam o circuito comercial na região. Afinal, quem é o Grande ABC como plateia de cinema? No que difere de outras praças? Temos alguma característica específica? 

HOLLYWOOD É AQUI (II)

Mereceu apenas citação tangencial e texto auxiliar discretíssimo o Cine Popular, em São Bernardo. Trata-se da sala solidária que foge do formato das grandes redes comerciais e quebra o ciclo de domínio de Hollywood. Acho que requer matéria específica. Como esse negócio consegue se sustentar num mercado em que os ganhos em escala determinam a sorte dos competidores? 

BARRIGADA DA VEJA

Ricardo Setti, excelente articulista de Veja, foi pego em flagrante delito informativo no texto da edição que está nas bancas. Ao alinhavar ideias sobre o corte de vereadores, mencionou equivocadamente a redução de alíquotas de repasse de recursos aos legislativos. Acontece que essa emenda não foi aprovada. Ficou para o ano que vem. Como antecipei numa das edições desta newsletter. O que isso significa? Que jamais devemos baixar a guarda. Cautela pode não rimar com experiência e competência, mas faz bem à reputação. 

INSPEÇÃO VEICULAR

A matéria "Inspeção deve aumentar em 25% faturamento de oficinas" acompanhada do subtítulo "Setor de reparação automotiva será o principal beneficiado pelo programa" não faz qualquer referência substantiva ao critério de regionalidade da informação. Não há dados que, bem utilizados, poderiam responder qual é a participação da região no bolo de R$ 15 bilhões anuais desse mercado. Nem o quanto a aprovação da ITV (Inspeção Técnica Veicular) será economicamente interessante para o Grande ABC. Não vou me alongar em apresentar pontos essenciais que dariam respostas necessárias. Tenho fontes para dizer qual é a participação do estoque veicular do Grande ABC no mercado nacional. É impossível que ninguém no jornal seja capaz de ser acionado para robustecer a matéria. A graça da matéria seria a regionalização. Virou matéria comum. 

ENTREVISTA (I)

Confesso que não li a entrevista "Todas as fichas no bicombustível". Na verdade, é uma matéria travestida de entrevista. Longa demais, numa página inteira. Parece-me, em princípio, assunto para ser detalhado por publicações especializadas. 

ENTREVISTA (II)

Há exagero editorial em transformar tudo em entrevista. É muito cômodo armar-se de gravador, perguntar, ouvir as respostas e, depois, mandar imprimir. Há evidentes casos de consumo exagerado de espaço editorial com informações prolixas. Na edição de domingo a entrevista com o coronel da Defesa Civil, à página 6 de Setecidades, insere-se nesse contexto. 

CIÊNCIA & TECNOLOGIA

O uso da caracterização de caderno de verdade para a meia página de domingo de Ciência & Tecnologia, já verificado em edições anteriores, é abuso gráfico. 

DANILO ANGRIMANI

Fico impressionado com a diversidade temática em que se mete o jornalista Danilo Angrimani. Ele pula de galho em galho e, com isso, matérias que eventualmente estão sob sua jurisdição, como é o caso Celso Daniel, não respondem às exigências dos leitores. 

ELEIÇÕES MUNICIPAIS (I)

Não que a informação deixe de ser relevante, mas a matéria "Mais de 1,7 milhão de eleitores vão às urnas neste ano na região" poderia ter sido mais densa, com dados comparativos entre o que teremos agora e o que já tivemos no passado. Um comparativo entre o quadro de eleitores e o quadro populacional de cada município poderia responder a várias curiosidades -- entre as quais o fato de que o envelhecimento da população de Santo André e o domínio de jovens em Diadema modificam os números relativos. Quanto mais se afastassem no tempo os dados comparativos, mais interessante a matéria se tornaria e, aí sim, quem sabe, merecesse a posição de manchete de primeira página. Da forma que foi preparada, prevaleceu o convencionalismo informativo. 

ELEIÇÕES MUNICIPAIS (II)

Boa a matéria "Dirceu convoca militância da região". A foto que ilustra o texto, com Luiz Marinho, José Dirceu e Hamilton Lacerda, está ótima. O ministro usa a camisa do Santo André campeão da Copa do Brasil enquanto o vereador de São Caetano ergue a camisa do Azulão. A isso se dá o nome de marketing de oportunidade. 

QUADRI ECONÔMICO

O editorial de domingo faz referência aos números do Valor Adicionado. O texto é sóbrio e merece louvor porque, em outros tempos, os articulistas do jornal simplesmente jogavam ao lixo a pálida situação econômica do Grande ABC, como se fosse a melhor saída. 

CAMPEONATO BRASILEIRO (I)

Reparem o que escrevi na edição de sexta-feira nesta newsletter: "O jogo do Santo André contra a Portuguesa de Desportos, amanhã na Capital, recoloca a equipe no pesadelo de fugir do rebaixamento por causa da perda de 12 pontos. Esse tom é importantíssimo como apresentação do jogo pelo jornal. Ou seja: a edição de amanhã deverá flutuar entre a conquista de quarta-feira e a ressaca que se poderá manifestar amanhã". 

Agora vejam qual foi o enfoque dado na edição de sábado na apresentação do jogo, na página que abre o caderno Esportes: "Ramalhão vira atração de luxo". Leiam o subtítulo: "Campeão da Copa do Brasil faz no Canindé primeiro jogo após a façanha no Maracanã". Agora a abertura da matéria, que justificou o título já mencionado: "O Santo André é, a partir de hoje, a atração de luxo da Série B do Campeonato Brasileiro. O time do Grande ABC faz a primeira partida depois da histórica conquista da Copa do Brasil, quarta-feira no Maracanã, contra o Flamengo. O adversário é a Portuguesa de Desportos (...), no jogo que naturalmente se transformou no principal clássico paulista da segunda divisão nacional". 

O texto só faz alguma referência, de passagem, ao cansaço da equipe, praticamente ao final da apresentação. E simplesmente ignora aspectos psicológicos que também estão contidos no assédio a vários dos titulares da equipe, que interessam a vários clubes brasileiros. Tanto que a matéria que abre a página seguinte, "Ramalhão nega loucuras para segurar campeões", trata do assunto, sem, entretanto, relacioná-lo ao ambiente preparatório ao jogo com a Portuguesa. Também a primeira página da edição de sábado, dia do jogo, entra na onda ufanista com "Ramalhão é atração de luxo da Série B". 

Para encurtar a história: o Santo André perdeu para Portuguesa no Canindé. Na página de domingo que abre o caderno de Esportes, "Lusa carimba faixa do Ramalhão", o subtítulo reconhece o erro: "De ressaca pela conquista da Copa do Brasil, equipe da região é derrotada por 3 a 0 no Canindé". Na primeira página, um discreto título ("Portuguesa goleia Ramalhão no Canindé") e um breve texto constrangido ("O Santo André, ainda de ressaca pela conquista da Copa do Brasil, perdeu ontem para a Portuguesa...") retratavam a falta de cautela editorial. 

Apresentação de jogo de futebol era, nos tempos em que dirigia a Editoria de Esportes do jornal, uma das questões mais importantes para manutenção do prestígio editorial. 

Aspectos técnicos e táticos, além de psicológicos e administrativos, entravam no coquetel de avaliação. 

CAMPEONATO BRASILEIRO (II)

Está apenas parcialmente correto o enunciado da matéria "Lanterna é a arma do S. Caetano" à página 6 de Esportes referindo-se ao jogo entre São Caetano e Botafogo do Rio pela Série A do Campeonato Brasileiro. O reverso do pressuposto de que o São Caetano exploraria a ansiedade do então lanterninha Botafogo era a responsabilidade da obrigação de vencer. Como se viu, prevaleceu o segundo vetor. Tanto estou certo nessa avaliação que o lateral-direito Anderson disse exatamente o seguinte: "É um jogo de alto risco e a gente conversou durante toda a semana de que temos de fazer a nossa parte e entrar concentrados na partida. Estamos cientes do que vamos encontrar e, por isso, precisar respeitar o adversário, mas fazer o nosso papel". A impressão é de que Esportes só está vendo um lado da moeda do jogo. 

SOBE E DESCE

Acertou na mosca a coluna Cena Política ao colocar João Avamileno como "Sobe" e Maria Inês Soares como "Desce" na gangorra de avaliação da semana. 

MULHERES DESARRUMADAS

Uma pauta que tinha tudo para entusiasmar acabou fracassando. Trata-se da capa de Economia "Mulheres viram empreendedoras". Bem sacada, a matéria trata da participação cada vez maior das mulheres nos negócios. Explicam-se detalhadamente as razões e se exaltam os mecanismos de financiamentos. O problema é que na sequência da matéria à página seguinte, "Municípios da região oferecem cursos para capacitar autônomos", há evidente quebra do núcleo do texto anterior, a partir do próprio título. Faltou amarração na abertura da matéria de modo a conduzir o texto a um bloco interpretativo sólido, juntando vetores de financiamento e de preparação técnica com suporte do poder público. 

FUNCIONÁRIOS ABANDONADOS

Fosse bem trabalhada, com dados que o Instituto de Estudos Metropolitanos oferece de graça, a matéria "Servidores reclamam de abandono", na página 3 de Política Grande ABC, seria alçada à manchete de primeira página da edição de domingo. A matéria diz que a maioria das prefeituras do Grande ABC não tem planos de cargos, carreira e salarial. Nas cidades onde esses processos já foram formatados não existe regulamentação, estão desatualizados ou ainda não saíram do papel. A abertura da matéria está ótima, mas na medida em que o texto se torna elástico, acaba disperso e confuso. Pior que isso: não se dá a ênfase necessária para dizer que o poder público do Grande ABC não consegue se modernizar para oferecer contrapartidas aos contribuintes. 

O Instituto de Estudos Metropolitanos apresenta os custos em valores absolutos e per capita para a manutenção dos quadros de funcionários públicos do Executivo. Os valores estão atualizados até 2002, já que os dados oficiais de 2003 ainda não foram divulgados. São Caetano, que não respondeu à reportagem do Diário, tem os quadros mais caros do Grande ABC quando se divide o total das despesas pelo número de habitantes. 

A matéria, mais uma vez, reforça a certeza de que o jornal tem muitas dificuldades em operacionalizar pautas que envolvem os sete municípios. A fragmentação do texto por município é uma muleta utilizada para amenizar a baixa capacidade de sistematizar informações e, nesse ponto, a emenda fica pior do que o soneto, porque se repetem informações e se perde o sentido do conjunto de dados. 

LAZER NA PERIFERIA

Segue a trilha de confusão e baixa sistematização a matéria "Lazer na periferia vive de improviso", capa de domingo de Setecidades que se desdobra à página 3. Insisto em dizer que a metodologia de abordagem de matérias mais amplas, das sete cidades, precisa ser completamente alterada. A edição sempre acaba prejudicada. 

ESQUARTEJAMENTO

A matéria "Região aumenta produção de riqueza", com o subtítulo "Participação do Grande ABC no Estado subiu de 8,54% em 2002 para 8,99% em 2003", é o que chamaria de esquartejamento da informação. Ainda mais que ocupou manchete de primeira página no sábado. É inconcebível que tantos erros tenham sido praticados e que ninguém -- inclusive a instância principal da redação -- tenha conseguido detectar as avarias. Vamos aos problemas, então: 

1) O conceito de Valor Adicionado, que consta logo nas primeiras linhas da matéria, está incorreto. Completamente incorreto. 

2) O peso do Valor Adicionado na composição do ICMS não é de "cerca de 75%" como consta da matéria. É de exatos 76%. 

3) Está completamente equivocada a informação de que "a média do valor de 2002 e 2003, junto com variáveis como a população de cada cidade e a quantidade de áreas de proteção ambiental, definirá o tamanho do repasse de 2005". Uma barbaridade, porque o que vai balizar a definição do índice de repasse do ICMS de 2005, que já está definido, são os números do Valor Adicionado de 2003, somente de 2003, em vários critérios, entre os quais Valor Adicionado, Receita Tributária Própria, População etc. 

4) A afirmativa atribuída ao secretário de Finanças de Diadema, Sérgio Trani, de que "O cálculo do ICMS envolve mais questões políticas do que econômicas", não confere com os fatos. Na sequência, a matéria atribui ao mesmo secretário a seguinte declaração para justificar a frase anterior: "Um município pode crescer e ter sua participação reduzida. Para alcançar bons resultados, é preciso crescer mais do que a média do Estado". Nada disso. Um município tanto pode aumentar sua participação relativa no repasse do ICMS mesmo com queda de Valor Adicionado (desde que não seja superior a grande parte dos municípios concorrentes) como pode perder participação mesmo com crescimento do Valor Adicionado (caso muitos dos concorrentes apresentem performance ainda melhor). 

5) O secretário de São Bernardo, José Luiz Gavinelli, afirma que "o que detectamos é que, apesar de se falar bastante que o Grande ABC está em crise, estamos registrando crescimento". Bastariam dados históricos, dos últimos anos, que o jornal deveria ter às mãos, para desmenti-lo. Ao aceitar passivamente a declaração, o jornal compromete a informação que chega aos leitores. Ainda mais que, na sequência, um outro secretário, agora de Santo André, faz menção explícita à evasão industrial da região. 

FIESP E O GRANDE ABC

A matéria "Fiesp prepara proposta de política industrial para SP", da edição de sábado, página 3, Economia, envereda pelo velho vício de dar luz a iniciativas com forte cunho eleitoreiro, já que o agosto de decisões está chegando na pirâmide da Avenida Paulista. Bastaria ir aos arquivos para preparar matéria mais crítica à divulgação da proposta da Fiesp. A entidade é um fracasso na região, através de seu braço Ciesp. Mas insistimos em nos comportar como reprodutores de interesses de terceiros. Pobre jornal, permanentemente manipulado por fontes de informações.

MARLON BRANDO

É importante ter quadro de articulistas em todas as editorias para, em casos como o da morte de Marlon Brando, o jornal preparar matérias dos próprios dígitos. 

 EDIÇÃO NÚMERO 27

Um dos maiores desafios do jornalismo diário moderno -- e essa batalha tem sido frequentemente um terror para os editores -- é escapar das armadilhas preparadas pela associação do despreparo crítico da maioria dos jornalistas e o apurado senso oportunístico de fontes de informação. É inconcebível que as redações estejam tão vulneráveis para o enfrentamento -- é mesmo enfrentamento, tantos são os interesses -- do jogo de sedução, de manipulação, de esquisitices que permeia o cotidiano informativo. No livro "Meias Verdades" aprofundo-me sobre o assunto, mas não poderia deixar de testemunhar preocupação em desbaratar os arrivistas que tanto estão comodamente instalados nas trincheiras de redação quanto nas fortalezas das fontes de informação. Uma evidente inversão de papéis quando se tem o público consumidor como maior interessado no assunto, já que as fortalezas de cuidados deveriam estar nas redações e os interesseiros manipuladores do outro lado, como interlocutores de jornalistas. 

De maneira geral -- e o Diário do Grande ABC consegue infringir a regra ao acentuar ainda mais suas fissuras -- os jornais diários são estrepitosamente ludibriados por muitas fontes. Por isso, não se pode abdicar, de forma alguma, de suporte informativo próprio. Os arquivos precisam ser utilizados com muito mais frequência e meticulosidade. É premente que se desconfie de fontes oficiais, de órgãos públicos vinculados ao governo de plantão, e também de entidades empresariais. Indignado com tantas trambicagens, criei o IEME (Instituto de Estudos Metropolitanos) com um grupo de profissionais de diferentes atividades e cuja essência é desvendar os números mais próximos das necessidades de referências gerenciais dos Executivos e Legislativos do Grande ABC. 

Firmar postura de desconfiança dos informantes e, mais que isso, de irreversível consulta aos arquivos, é um desafio às redações. De maneira geral, há preguiça em vasculhar informações suplementares no banco de dados porque nem sempre o terminal de computador é o caminho mais curto entre uma dúvida e uma certeza. A localização da área de arquivos, geralmente distante do front das notícias, inibe ainda mais a sede de complementaridade. Na Editora Livre Mercado implantamos arquivo de mais de mil pastas de temários que vão de Administração Pública a Zoologia. E, mais que isso, adotamos práticas jornalísticas de identificação do material, o que nem sempre é levado em conta nas redações de jornais diários porque nem todos os arquivistas têm a intimidade de quem lida com a notícia. 

Um exemplo: será que a localização da pasta das visitas oficiais do governo Lula da Silva ao Grande ABC está à mão num piscar de olhos na estrutura funcional do jornal? Qual seria a identificação que possibilitaria ao jornalista interessado em consultar rapidamente o material? Na Editora Livre Mercado temos uma pasta específica para o assunto. Chama-se Lulacá, inspirada na Reportagem de Capa de novembro de 2002, quando essa expressão foi cunhada pela revista. Pedir a pasta Lulacá significa não mais que 30 segundos para o pleno atendimento. Não é porque seja uma publicação mensal que a revista da Editora Livre Mercado se deixou levar pela letargia. O conceito que arraigamos em nossa equipe é simples: uma revista de qualidade e sem grandes atropelos de fechamento editorial se faz entre outras condições trabalhando-se no mesmo ritmo a cada novo dia. Deixar para a última semana seria um crime contra os leitores. A última semana é para os fatos da última semana. As três semanas anteriores são para os fatos das três semanas anteriores. Elementar. 

Outros exemplos poderiam ser citados. Confesso que desconheço peculiaridades dos arquivos do Diário do Grande ABC, tanto o material quanto o digital, mas desconfio de que não sejam integralmente adaptados à praticidade do dia-a-dia. Está aí algo que deveremos conhecer pessoalmente. Embora não seja prioridade das prioridades, deverá ser motivo de preocupação porque tem importância destacada na política editorial de se sair da superficialidade. 

Um exemplo de pontualidade de informações: quando um dirigente de entidade empresarial afirma ao jornal que as vendas do varejo vão crescer tantos por cento em determinado período -- e isso é comum no jornalismo marqueteiro que se dobra às fontes de informações igualmente marqueteiras -- é fundamental que se recorra aos arquivos e se aponte o comportamento do setor nos últimos períodos. A ponderação é mais que obrigatória para retirar dos ombros da publicação as declarações de terceiros. Os leitores atribuem ao jornal e não aos entrevistados boa parte do conteúdo impresso. Por isso o jornalismo diário sofre consequências de critérios nada éticos e estritamente covardes de uma neutralidade que só não é apenas mentirosa porque também é preguiçosa. 

O jornal tem, portanto, obrigação de interpor-se no noticiário entre uma versão rocambolesca de fontes de informação desonestas e a realidade dos fatos, sem que isso fira minimamente o conceito de imparcialidade. Aliás, é em nome desse mesmo conceito que o jornalista bem informado tem obrigação de agir. Não se trata de desqualificar e atirar ao lixo a informação incorreta, mas de introduzir no corpo da matéria, de forma interpretativa, o que de fato se está passando na atividade tão barulhentamente festejada. Esse tipo de intervenção ainda é exceção à regra no jornalismo diário porque todos se repetem nos erros, com menor ou maior gravidade. Mas haverá de se tornar rotina quando se abandonarem as estruturas burocráticas que privilegiam os meios e se sacrificam os fins, ou seja, se valorizam os profissionais que não lidam diretamente com a informação e se discriminam aqueles que estão na linha de fogo. 

Tudo isso parece simples, é verdade, mas dado o feixe de conservadorismo e burocratismo nas redações, leva tempo para correções sem que recaídas não voltem a atrapalhar. A terapia do valor agregado no noticiário é sacerdócio que precisa ter a participação de todos. Na Editora Livre Mercado, resolvemos espalhar cartazes em defesa da consulta aos arquivos. Nenhum de nossos jornalistas se dirige ao computador sem se dar conta de que à frente, na parede, há um aviso destacando o papel dos arquivos. Não fosse isso suficiente, reiteramos a pregação nas reuniões e também nas próprias incursões que fazemos frequentemente no setor. Tomamos todas as medidas motivacionais necessárias para impregnar no grupo a diferença entre uma matéria comum, do cotidiano, e uma matéria aprofundada. 

Quando se escreve sobre a Companhia Cinematográfica Vera Cruz, por exemplo, é inquestionável que as pastas de arquivo estejam acessíveis para o confronto das possíveis novidades em relação a tudo o que já foi publicado. Por mais que o especialista no temário tenha um mundo de informações na memória, nada substitui o manusear de recortes de jornais e revistas. Nesse caso e em tantos outros, o que geralmente ocorre é que o informante de hoje quer esconder a informação frustrada de ontem. Não lhe convém expor as dobras de gordurinha do ufanismo de ontem. No caso específico da Vera Cruz, o que temos aí não é nem mesmo mais aquela companhia que durante cinco anos fez furos no cinema nacional. Da desativada Vera Cruz só temos, de fato, galpões reformados e uma ampla área originalmente frequentada pelas galinhas do magnata Cicillo Matarazzo. 

Jornalismo com valor agregado é aquilo que os leitores muitas vezes não percebem, mas que faz a diferença entre a notícia chula e a notícia rica. Se os leitores demoram para perceber quando se tem uma informação mais preciosa, contrariamente a isso eles são rapidíssimos em identificar a ausência de qualificação. Sobremodo quando um outro produto lhe oferece o contraponto. E é exatamente esse outro produto -- que precisa ser o jornal da casa, não dos adversários -- que temos de construir. 

Não aceito matéria-commodity. Tamanho não é documento quando se trata de qualidade. É possível reunir em 20 curtas linhas um manancial de informações que a abundância de 200 linhas seria incapaz de pontificar. O segredo é a metodologia. A combinação de profissionais insaciáveis e desconfiados com um arquivo célere, pragmático, que não frustre tentativas de valorização do produto, torna-se, portanto, vital à empreitada. Para azar os deformadores do conceito de informar.  

 EDIÇÃO NÚMERO 28 

Esta nova edição analisa o jornal de segunda e terça-feira. Segue a publicação uma toada previsível, de mais baixos que altos. De erros estruturais. De superficialidade. Creio que na medida em que me aproximo dos primeiros 30 dias de trabalho como ombudsman desse que é o principal produto editorial da região -- embora esteja a léguas de distância do melhor produto editorial da região --, mais me sinto um enxugador de gelo. Isso mesmo -- enxugador de gelo. 

Sem qualquer receio, afirmo categoricamente que o jornal precisa repensar completamente sua estrutura redacional. Se já tinha essa certeza antes deste trabalho, na condição de leitor comum, agora estou convicto. E não se trata de trocar profissionais, porque essa medida necessariamente não alterará em nada a situação.

O problema é mais embaixo. Os paradigmas precisam ser profundamente modificados, eis o resumo da ópera. Com o banco de horas a tornar intermitente a ação de todas as editorias, fragmentando estupidamente o que deveria ser unitário, é muito improvável que melhoras contínuas sejam detectadas. Viveremos de espasmos, certamente. 

METROPOLIZAÇÃO

O tempo vai provar que LivreMercado está muito à frente do jornalismo que se pratica no Brasil, o qual, impreciso e descuidado, não enxerga as regiões metropolitanas como ponto de honra das transformações sociais e econômicas. Aliás, estamos apenas repetindo o que dizem especialistas no assunto. A Reportagem de Capa de LivreMercado de julho ("Metrópole desvairada") é, claramente, uma provocação da melhor revista regional do País. Saímos da "Paulicéia desvairada", consagrada por Mário de Andrade, e alargamos o território dos problemas. "Metrópole desvairada" é um conjunto de textos de jornalistas de nossa revista que acompanharam atentamente os principais painéis de debates da Urbis.

Sim, a mesma Urbis desleixadamente ignorada pelos jornais diários -- inclusive pelo nosso, que fez cobertura frágil dos dramas que envolvem 18 milhões de habitantes só na Grande São Paulo. Uma população inteirinha de Minas Gerais, ou quase o dobro de todo o Rio Grande do Sul. Perceberam o tamanho do buraco? 

PRIMEIRA PÁGINA (I)

A foto de Pacífico Paoli e a chamada "Sandrecar é de ex-presidente da Fiat" sugeriam que teríamos em Economia uma matéria de destaque sobre o assunto. Mas, eis que encontramos o texto acondicionado em Primeiro Plano. Nada pior. A própria foto de Paoli na primeira página foge do padrão de vitrine que se espera do espaço. 

PRIMEIRA PÁGINA (II)

Imaginei que a chamada "Campanha eleitoral inicia em todo o país" retrataria matéria sistematizada nesse sentido, mas o que encontro nas páginas indicadas são retalhos. A edição, na prática, não oferece nada de diferente dos dias anteriores. 

PRIMEIRA PÁGINA (III)

A chamada sobre o fim do seriado Friends mostra que o jornal não tem critério, porque Celebridade não obteve tratamento análogo. Aliás, foi esquecida. A comoção que Friends provoca nos Estados Unidos provavelmente é menor do que as peripécias dos protagonistas de Celebridade. 

PRIMEIRA PÁGINA (IV)

A chamada "São Bernardo deve receber R$ 88 mi de inadimplentes por meio do Refis" leva para a primeira página o erro de informação que registro em nota específica. 

DADOS QUESTIONADOS

A Folha de S. Paulo mostrou na edição de segunda-feira, sob o título "Autoavaliação mediu qualidade de escola", matéria investigativa sobre suposta maquiagem de notas de alunos da rede estadual. A isso se pode dar o nome de jornalismo independente. 

CORTE DE VEREADORES

Já passou da hora de saber o que São Caetano, por exemplo, vai fazer com o dinheiro que deverá sobrar com o drástico corte de vereadores aprovado pelo Senado. Uma matéria a respeito caberia muito bem, principalmente levando-se em conta que se trata de um dos Legislativos mais perdulários entre os principais municípios paulistas, conforme provam números disponibilizados pelo Instituto de Estudos Metropolitanos.

Como não houve corte do repasse do Executivo para o Legislativo no bojo da decisão do Tribunal Eleitoral, não é fora de propósito que os vereadores que se elegerem este ano decidam patrocinar aumentos nababescos de despesas como, aliás, já está ocorrendo em outros locais. Estamos cobrindo muito mal essa questão. São muitos os ângulos interessantes a serem vasculhados. Precisamos sair da mesmice. 

MANCHETE TARDIA

Tivesse o jornal especialista em indústria de autopeças -- e também em montadoras -- a manchete de primeira página de hoje sobre o aumento do faturamento do setor dirigido pelo Sindipeças não seria uma clonagem regionalizada da matéria publicada com exclusividade na edição de segunda-feira pelo jornal Valor Econômico, sob o título "Autopeças preveem produção recorde". Entendo que nada deve ser desperdiçado em termos de informação, mesmo que jornais paulistanos tenham se antecipado, mas o requentamento do material deveria ter melhor consistência. E ter evitado uma primeira página de forma tão escancarada. 

AVENTURA NO TRÂNSITO

Está muito interessante e didática a matéria de capa de Setecidades de segunda-feira ("Chegar à região é uma aventura"). O lado triste dessa observação jornalística é que somos muito maltratados pela Capital. Somos periferia. 

CAMPEONATO BRASILEIRO (I)

Está na hora de Esportes começar a sustentar uma boa novela em torno do efetivo risco de o Santo André ser rebaixado à Série C do Campeonato Brasileiro. A campanha do jornal deveria girar em torno de mobilização para que a equipe, roubada pelo tribunal em 12 pontos, tenha referências matemáticas para sair do sufoco. Com a pontuação atual do Campeonato Brasileiro da Série B, e mesmo da Série A, é possível traçar horizonte de pontuação indispensável para que a equipe permaneça na Série B. Massificar esse objetivo entre os torcedores em muito contribuiria para levar mais gente ao Estádio Bruno Daniel. Uma contagem regressiva da pontuação necessária para sair do rebaixamento -- eis o que estou sugerindo como elemento de sensibilização. 

CAMPEONATO BRASILEIRO (II)

É mais grave do que o tom reservado pelo jornal a situação de desmanche do Santo André. Sandro Gaúcho, Romerito e Elvis devem mesmo deixar o clube. 

PARANAPIACABA NA PARADA

O jornal segue de olho no Festival de Inverno de Paranapiacaba, ao preparar o ambiente do que vem por aí. 

CRIMINALIDADE NA REGIÃO

A matéria "Alunos promovem apagão na escola", de Setecidades desta terça-feira, não é uma realidade que se restringe à periferia, como nesse caso no Jardim Zaíra 2, em Mauá. Onde moro, no Jardim do Mar, em São Bernardo, dá-se a mesma anormalidade. Talvez fosse interessante um levantamento sobre o assunto, com as medidas preventivas que se fazem necessárias. 

CENTRO DE SEIS

Estou tentando identificar quem é "Décio de Toledo Leite (sentado ao centro, de óculos), prefeito do Grande ABC entre 1938 e 1939", conforme consta da legenda de foto publicada por Memória, nesta terça-feira. Como há seis personagens na primeira fila, cinco dos quais portadores de óculos, não sei exatamente o critério de centralidade mencionado. Creio que não existe centro de seis. 

REFIS EM SÃO BERNARDO

Está confusa a abertura do texto "S. Bernardo vai receber R$ 88 mi de devedores", em Política Grande ABC/Nacional. Diz a matéria: "O valor que migrará para os cofres públicos nos próximos meses corresponde a 21% do total da dívida pública da cidade (sem descontar multas e juros, os acordos correspondem a cerca de R$ 150 milhões) de R$ 700 milhões". Por que está confusa? 

Porque não sei se a arrecadação da Prefeitura de São Bernardo com o Programa de Recuperação Fiscal tem um alcance teórico de R$ 700 milhões ou se esses R$ 700 milhões seriam o montante da dívida pública do Município. A confusão se deve ao fato de a matéria enfiar no mesmo saco dívida ativa, que é crédito em favor da Prefeitura, com dívida pública, que é débito da Prefeitura. 

PRIMEIRO PLANO

Mais uma vez alertamos para o equívoco conceitual do uso de Primeiro Plano, que se transformou em apêndice de noticiário, em vez de sustentar-se como espaço de notas. Na edição desta terça-feira o noticiário indevidamente encapsulado na coluna versa sobre mudanças societárias na Sandrecar, tradicional concessionária de veículos da região. Não bastasse o fato de ocupar o centro de Primeiro Plano, outras informações sobre o mesmo assunto transbordam para as notas laterais. É impressionante como o jornal se engasga em certos problemas, eternizando-os. O formato editorial de Primeiro Plano precisa de completa reestruturação. 

ELEICÔES MUNICIPAIS (I)

O jornal não deu uma linha sequer -- quando mereceria muito mais que isso -- do café da manhã que o candidato José Dilson realizou ontem na Acisa. Concorrente de peso à Prefeitura de Santo André, o deputado detentor de quase 30 mil votos nas últimas eleições, só no Município onde pretende ser prefeito, mereceria ser ouvido com atenção. 

ELEIÇÕES MUNICIPAIS (II)

Burocrática a matéria "PFL e PL de S. Caetano decidem ter candidato próprio à Prefeitura". Trata-se de fato importante na conjuntura político-eleitoral de São Caetano, porque Iliomar Darronqui foi secretário municipal até recentemente e Tite Campanella é opositor com prestígio local. Acredito que isso torna menos previsível a disputa que se concentrava nos largos ombros do candidato do Paço, José Auricchio, e o petista Hamilton Lacerda. Será que o fato de dois candidatos de centro-direita congestionarem a disputa com José Auricchio não favoreceria o candidato petista, o mais votado em São Caetano nas eleições a deputado estadual? Esse é um ângulo que não pode ficar de fora do noticiário. Aliás, já deveria estar na edição de hoje, como manchete da página 2. Aí sim o noticiário romperia com o previsível. 

UNIVERSIDADE FEDERAL (I)

O editorial desta terça-feira sobre a complexa Universidade Federal do ABC valoriza um assunto sobre o qual o jornal não pode, de forma alguma, perder o foco. 

UNIVERSIDADE FEDERAL (II)

Não tem sentido o jornal abrir espaço no Editorial, mais uma vez, para a Universidade Federal do ABC e, na mesma edição, em Setecidades, reservar a metade inferior da página, em notícia de duas colunas, para novas informações sobre a contagem regressiva de preparação da instituição com vistas ao futuro próximo. A matéria "Consórcio busca acadêmicos para pensar universidade" mereceria capa do caderno, entre outros motivos porque anuncia o rompimento do Consórcio de Prefeitos, mal-comandado por Maria Inês Soares, com os representantes econômicos da região, omissos e também sempre esquecidos pelos administradores públicos. 

PALAVRA DO LEITOR

Já não é de hoje, mas especificamente hoje há dois leitores que se manifestam na Palavra do Leitor com objetivos nitidamente eleitorais. O jornal precisa estabelecer modus-vivendi que, ao mesmo tempo em que contemple a democracia participativa dos leitores, imponha determinadas regras que destruam objetivos escusos. 

COPA DO BRASIL

A Gazeta Mercantil de segunda-feira publicou matéria ("Santo André, campeão, faz bonito para patrocinadores") interessantíssima sobre o lado negocial do campeão da Copa do Brasil. Não vi nada semelhante no Diário. Considerando-se que futebol e negócio são irmãos siameses, me parece que perdemos bom assunto.



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