Pauta especial não se antecipa, mas quando a pauta especial não é apenas jogo de cena, por que então fugir da raia de um marketing circunstancial voltado à audiência qualificada? Foi com base nessa premissa que resolvi colocar em jogo uma bola que só deveria rolar com o apito inicial. Na próxima segunda-feira, dia 21, vou postar um texto especial sobre os mais prováveis efeitos da valorização dos grandes clubes brasileiros após romperem com o Clube dos 13 e se jogarem de mala e cuia nos braços da TV Globo. A emissora carioca absorverá todas as mídias em torno do Campeonato Brasileiro, da TV aberta à TV fechada, da TV paga à Internet. Quase todos ganham com o rebuliço dos últimos tempos. Quase todos. Os que perdem, perdem feio. E comprometedoramente para o conjunto da obra do futebol brasileiro.
Se o leitor está esperando algumas dicas sobre o que virá neste endereço jornalístico, sinto muito mas vou decepcioná-lo.
Pauta especial pode ser entreaberta sim, mas nada de escancaramento. O que posso dizer sem nada dizer de objetivo, até porque não faltam perseguidores no mercado da informação, é que a abordagem é inédita. Mais que isso, estarei complicando minha própria atuação.
Sempre digo que a maior vantagem ao longo dos últimos 22 anos, quando deixei o jornalismo diário (exceto o reingresso de nove meses na função de Diretor de Redação do Diário do Grande ABC, entre 2004 e 2005), foi ter aprendido a fazer jornalismo com compromisso social. Sim, não se faz mais há muito tempo jornalismo de verdade como instrumento de transformação em publicação voltada à produção industrial diária, salvo honrosas exceções que não estão no Grande ABC.
Muitos profissionais de redação pensam que são jornalistas, quando, de fato, na maioria dos casos, são autômatos a serviço de fontes de pressão, são correias de transmissão de uma engrenagem praticamente invisível para a maioria deles, embora bem materializada e engenhosamente definida para alguns deles. Vivem pautados esses jornalistas-massa-de-manobras, embora imaginem que pautem. Submetem-se a todos os descaminhos editoriais. É uma rotina que lhes dá cara e corpo de marionetes. A alguns, também a consciência de marionetes.
Até mesmo quando imaginam que estão esquadrinhando determinados dirigentes públicos, entre outros, de fato estão apenas recuperando terrenos perdidos por conta de negligências, quando não de compensações que se esgotaram. Pelo menos temporariamente.
Você não vai querer que eu explicite o que são compensações que se esgotaram, não é verdade?
Bem, o fato é que vou apresentar nesta segunda-feira um texto denso, pesquisado, trabalhado mas acima de tudo inédito sobre o que teremos depois de se encerrar de vez — porque está-se encaminhando para isso — o jogo de interesses econômicos que está na cara de todos os maiores clubes brasileiros.
Valerá a pena ter esperado. Pelo menos, se não for pelo estilo jornalístico, pelas informações substanciosas. Por tudo aquilo que todos sabem o jornalismo diário é usualmente incapaz de oferecer, porque, como escrevi no livro “Na Cova dos Leões”, o jornalismo diário emburrece e embrutece.
Para completar, sobre a matéria especial, apenas o título ainda é provisório e revelá-lo, apesar de possivelmente precário, poderia entregar a rapadura. Certo, certíssimo mesmo, é que quem gosta de futebol e mesmo quem não gosta de futebol, porque a abordagem vai muito além das quatro linhas, não pode perder a oportunidade que se abrirá na segunda-feira.
Como podem observar, ainda não chegou o dia em que, enfastiado com tantas improdutividades da sociedade, tanta malemolência, tanta safadeza, olhei para o teclado sem a menor vontade de dedilhá-lo como se pianista fosse.
Temo, sinceramente, pela chegada desse dia. Acho que metade de mim estará morta, porque estarei simplesmente jogando a toalha. Para felicidade de meus adversários que se especializam cada vez mais em malandragens com roupagem de faxina ética.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André