O que vai ser do Ramalhão sob o controle do Esporte Clube Santo André e não mais do Saged é outra história, provavelmente de desativação da equipe rebaixada à Série C do Campeonato Brasileiro e à Série B do Campeonato Paulista. O que está em pauta como nova tendência da direção do Esporte Clube Santo André é que a devolução do futebol profissional da cidade só se dará depois de a empresa administrada pelo empresário Ronan Maria Pinto e que há quatro anos dirige o Ramalhão pagar toda a dívida acumulada. Seriam quase R$ 15 milhões.
Esse valor não está confirmado porque o Saged é uma caixa-preta. E não leva em conta também a terra arrasada deixada pelo Saged em forma de precarização das equipes de base, jóia da coroa dos tempos em que Jairo Livolis era presidente do EC Santo André e comandava o Ramalhão.
Para que não fique dúvida, a situação se resume desta forma: dará com os burros nágua a pressão para que Jairo Livolis, ex-presidente do EC Santo André e atual presidente do Conselho Consultivo da empresa que dirige o Ramalhão, assuma o comando da equipe. Se o presidente Ronan Maria Pinto e o vice-presidente Romualdo Magro Júnior abandonarem mesmo o Saged, terão de providenciar todas as medidas para devolverem o Ramalhão à direção do Esporte Clube Santo André. Uma devolução que deverá obedecer a critérios jurídico-legais que não deixem sequelas ao clube associativo que durante 40 anos administrou o Ramalhão.
Essa projeção é mais que uma tendência, é algo que se encaminha como palavra final da direção do Esporte Clube Santo André, segundo informações de bastidores. O noticiário em torno do futuro do Ramalhão está carregado de imprecisões porque Ronan Maria Pinto, presidente do Saged e do Diário do Grande ABC, utiliza-se do jornal para vender aos leitores uma versão completamente oblíqua do histórico recente do Ramalhão.
O que Ronan Maria Pinto e também Romualdo Magro Júnior pretendem nas entrelinhas, quando não explicitamente, é criar divisão de responsabilidades entre o Saged e a direção do Esporte Clube Santo André pelo fracasso do Ramalhão. Não há conexão alguma. A crise crônica do Santo André chama-se Saged.
Quem administrou a equipe de futebol rebaixada três vezes seguidas foi Ronan Maria Pinto. Administrou é força de expressão. Ele comandou o Ramalhão com a mesma força e voluntarismo de um trator desgovernado. O Santo André foi aos céus da Série A do Campeonato Brasileiro e da Série A do Campeonato Paulista e despencou no inferno da Série C do Campeonato Brasileiro e Série B do Campeonato Paulista por obra única e exclusiva de Ronan Maria Pinto como agente ativo — e a maioria dos acionistas do Saged por completa omissão ou amedrontamento.
Mais que isso: o dirigente que se converte no pior presidente da história do Ramalhão contou com poderes imperiais para fazer do Ramalhão o que mais bem entendia, ou não entendia. Seu poder era e continua sendo absoluto. Inexperiente no setor esportivo, Ronan Maria Pinto tornou o desempenho do Santo André montanha-russa, até estatelar-se no solo da frustração.
Balanço financeiro que mereça a denominação e as características desse instrumento contábil é uma heresia quando se trata de prestação de contas do Saged na administração do Ramalhão. Em quatro anos de gestão independente, não se encontra algo que possa ter equivalência a evidências de que receitas e despesas tenham correspondência lógica.
A direção do Saged é tão mal informada sobre o formato ideal à manutenção de uma equipe de futebol que chega ao desplante de afirmar que com o modelo empresarial os custos de manutenção seriam menores. Pura bobagem: os clubes associativos carregam peso fiscal muito menor quando confrontados com os chamados clubes-empresas. Ou seja: o formato atual do Ramalhão, que terceirizou a administração do futebol ao Saged, é menos dispendioso do que a conversão do Ramalhão em clube-empresa. A diferença chega a pelo menos 30%, segundo especialistas.
O que se propõe ao dar tratamento informativo equivocado é levar dúvida aonde há certezas. E mais que isso: a tática de Ronan Maria Pinto ao anunciar intenção de renunciar à presidência do Saged às vésperas da derrota e do rebaixamento ante o São Bernardo era desviar o foco da sofrível campanha da equipe na Série A do Campeonato Paulista. Nada que uma assessoria de marketing não lhe tenha sugerido.
Embora não se saiba ainda quais são os próximos passos que poderiam aproximar a direção do Saged e a direção do Esporte Clube Santo André para eventual prestação de contas, sabe-se de antemão que a devolução do Ramalhão ao clube sediado no Parque Jaçatuba não terá um acerto de contas que dispense critérios elementares de responsabilidade dos agentes individuais e institucionais envolvidos. Isso significa que o Esporte Clube Santo André, presidido por Celso Luiz de Almeida, não arriscaria a integridade patrimonial do Parque Poliesportivo por conta de eventual acomodação contábil.
A perspectiva de que à ausência de pagamento que compete ao Saged os prejuízos seriam direcionados ao Esporte Clube Santo André está respaldada pela jurisprudência.
Sinalizam-se, por conta disso, problemas de relacionamento entre o Esporte Clube Santo André e o Saged. Mais do que já existiram, alguns motivados por questões de probidade administrativa. A direção do Saged chegou a anunciar descontentamento público por conta de recursos financeiros encaminhados pela Federação Paulista de Futebol e retidos pelo Esporte Clube Santo André para pagamento de tributos. O Saged defendia o uso do dinheiro para a manutenção do Ramalhão.
Apesar do silêncio das partes, a revista CapitalSocial continuará cercando em campo aberto a galinha dos ovos de ouro de informações relevantes para o futuro do futebol em Santo André. As dificuldades são imensas, mas extremamente compensadoras, porque, no mínimo, se evita que a versão única do Diário do Grande ABC defensora das arbitrariedades e abusos do Saged se consolide como verdade.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André