Minha sugestão é simples e direta: a direção do Saged (Santo André Gestão Empresarial e Desportiva) que tem o empresário Ronan Maria Pinto como titular absoluto, deveria marcar uma coletiva de Imprensa, e não se fixar exclusivamente nas páginas do Diário do Grande ABC, publicação da qual é mandatário, para explicar o que se passou, o que se passa e o que se passará com o Ramalhão, o time de futebol da cidade administrado pelo Esporte Clube Santo André durante quatro décadas.
A verdade precisa ser posta à mesa com rico contraditório. A meia verdade de mão única é a meia verdade manipulada, portanto, deixa de ser meia verdade para se tornar engodo.
A coletiva de imprensa sugerida deve contar com a participação de representantes do Conselho Consultivo do Saged e também de dirigentes do Esporte Clube Santo André. Os pratos seriam postos a limpo e se acabariam com bobagens industrializadas ao sabor de interesses escusos.
Tenho uma bateria de perguntas não para esclarecer a mim mesmo, porque tenho informações mais que suficientes para afirmar em qualquer instância que o Saged se aboletou do destino do Ramalhão e o joga às traças.
As perguntas seriam encaminhadas aos responsáveis pela catástrofe no Ramalhão, vítima da mais insana, descarada, incompetente, irresponsável e despudorada administração do futebol de uma agremiação histórica.
Como afirmei anteriormente, o trirrebaixamento do Ramalhão sob o comando de Ronan Maria Pinto é apenas um detalhe no recente histórico do Ramalhão. O Saged é que pesa em toda a equação porque consumiu rios de dinheiro, de jogadores da base, de capitalização dos acionistas, de venda de jogadores, e deixa o Ramalhão exangue, a caminho de novo rebaixamento, agora à Série D do Campeonato Brasileiro.
Quanto é o passivo do Saged? Quais jogadores continuam ligados ao Ramalhão? Cadê o histórico de negócios com os jogadores? Quanto os patrocinadores já desembolsaram nos contratos com o Saged? São tantas as perguntas que os dirigentes do Saged e do Esporte Clube Santo André não podem esconder-se na dissimulação, esperando que as águas do descontentamento baixem e arreglos mandem para as Calendas gregas uma prestação de contas que não deixe dúvida sobre dúvida.
O silêncio de acionistas do Saged diante da derrocada do Ramalhão no campo de jogo sacramenta o comportamento passivo durante quatro anos de submissão aos desígnios da administração da empresa que terceirizou o Ramalhão.
A alegação de que o modelo jurídico do Saged seria a razão de tantos insucessos dentro e fora de campo não passa de desculpa esfarrapada. O Esporte Clube Santo André foi condescendente demais com as infrações contratuais do Saged.
Fosse o Saged transparente, levaria também à entrevista coletiva sugerida um especialista que este jornalista poderá indicar, um dos melhores do mercado, para explicar detalhadamente o funcionamento de clube-empresa.
Fosse o Saged o que Ronan Maria Pinto diz agora que gostaria que fosse porque é interessante que diga porque está à procura de desculpas, fosse o Saged o que Ronan Maria Pinto diz, repito, os custos fiscais seriam pelo menos 40% maiores que o modelo de terceirização adotado há quatro anos. Ou seja: o buraco já imensurável seria 40% maior. O suposto interesse de investidores externos é uma falácia para boi dormir. Só os incautos acreditam nessa possibilidade.
Já passou da hora de se colocarem as cartas na mesa. Transparência é o mínimo que se espera nesse momento. Até para se saber a profundidade do conjunto de aberrações que levaram à causa mortis de um sonho de empresariamento que se tornou um pesadelo.
Ao Ramalhão, infelizmente, não parece existir saída senão o desaparecimento do mercado da bola por bom tempo ou, o quase equivalente, o rebaixamento às divisões mais humildes, na tentativa mais que improvável de retomar uma caminhada que já não encontra respaldo institucional de uma comunidade cada vez mais adepta da globalização esportiva impulsionada pela TV, essa máquina de produzir audiência e fortunas.
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