Aparentemente, apenas aparentemente, o São Caetano cometeu impropriedade ao demitir o técnico Ademir Fonseca. Esse ex-meiocampista apanhou um time em situação difícil, de cinco rodadas sem vitórias e na zona de rebaixamento do Campeonato Paulista. Quando se encerrou a fase classificatória, Ademir Fonseca somou 55% de aproveitamento e quase levou o Azulão à classificação entre os oito melhores.
Visto com mais rigor e com os olhos postos no futuro, apenas aparentemente se cometeu desatino. Ademir Fonseca foi providencial para arrumar a casa psicológica do Azulão, mas não demonstrou estofo técnico-tático para um time que pretende disputar em condições de sucesso um dos quatro primeiros lugares e com isso retornar à Série A do Campeonato Brasileiro.
O mais importante que salta ao senso crítico após a notícia da demissão de Ademir Fonseca é que o São Caetano está pensando no futuro próximo, pelo menos no futuro próximo. Ademir Fonseca foi um presente indispensável. Ele tem traquejo como poucos para lidar com os jogadores sob seu comando. É parceiro, amigo, conselheiro. Pena que o time organizado por Ademir Fonseca seja tão limitado. Pena que dê tantas possibilidades de vitória aos adversários.
O São Caetano conta com valores individuais e com força coletiva contrários à acomodação em posicionamentos secundários numa Série B do Campeonato Brasileiro. Nem jamais deveria ficar de fora de uma fase de mata-matas do Campeonato Paulista.
Entretanto, o que se viu no campeonato recém-encerrado foi um time errático, com baixa capacidade ofensiva, com vulnerabilidades defensivas e grande dificuldade em manter padrão de jogo mesmo que apenas razoável, quanto mais evoluir a cada semana.
Um bom treinador se conhece ao gerar permanentes transformações num grupo de profissionais tanto dentro quanto fora de campo. Ademir Fonseca e tantos outros que já atuaram nas quatro linhas são especialistas em harmonizar relações comportamentais e em ajustar as peças de egocentrismos naturais em qualquer ambiente. Pena que não tenha levado a campo uma qualificação de conjunto que as individualidades do São Caetano acenam.
O São Caetano é muito melhor individualmente do que como conjunto. Querem explicação mais apropriada para a troca de treinador?
Bom treinador, desses que galgam logo posições de destaque no futebol — como tantos que passaram pelo São Caetano — fazem com que a soma de individualidades seja semelhante ao resultado do conjunto.
Ótimos treinadores conseguem tornar o coletivo mais forte que a soma das individualidades.
O São Caetano de Ademir Fonseca insistiu em ser menor que a soma das partes.
Ao contrário do que disse o presidente Nairo Ferreira ao jornal eletrônico ABCD Maior, a derrota para o Linense na última rodada do Campeonato Paulista e a queda diante da Ponte Preta na disputa extra para o título do Interior não deveriam servir de explicação à troca de treinador.
As duas situações podem ter proporcionado a constatação de que Ademir Fonseca ainda não tem requisitos para levar o São Caetano à Série A do Brasileiro, ou pelo menos disputar para valer a competição, mas o que ficou claro durante os 14 jogos da equipe sob seu comando na fase classificatória é que o grau de evolução em campo não correspondeu jamais à qualidade individual.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André