Esportes

Ainda é cedo, mas São Caetano dá
indicações de que achou o caminho

DANIEL LIMA - 13/07/2011

Mais importante até que a vitória de ontem à noite no Anacleto Campanella ante o ASA por 2 a 0 pela Série B do Campeonato Brasileiro foi o comportamento do São Caetano. Longe de ser brilhante, mas também distante de ser medíocre, o time de Oswaldo Vadão Alvarez deu mostras, pela primeira vez no ano, de que pode estar reencontrando o caminho de vitórias sem sobressaltos. Os 10 dias que separam o final do jogo de ontem e o próximo compromisso, contra o Barueri também em São Caetano, serão provavelmente muito bem aproveitados em Monte Sião, onde a equipe fará intertemporada providencial. Vadão vai colocar toda a experiência a serviço de um grupo que parece dar sinais de unidade.


Não é exagero botar fé no São Caetano depois de uma vitória apertada em casa diante de um competidor intermediário da Série B. O ASA vinha de invencibilidade de quatro jogos, um dos quais vitória diante da então líder Portuguesa, e é dirigido há três anos pelo mesmo técnico (Vica). Ou seja: tem padrão de jogo, sabe usar os espaços para contragolpes e está longe de ser galinha morta.


Quais foram as principais mudanças do São Caetano de ontem à noite que não se observaram ao longo desta temporada?


Primeiro, uma preocupação constante com a compactação entre os setores. Defesa, meio de campo e ataque não foram compartimentos isolados, ligados por chutões e passes lotéricos. É claro que houve recaídas durante os 90 minutos diante de um adversário todo recolhido, mas na média a funcionalidade do conjunto gerou benefícios evidentes, como o baixo número de infrações e de jogadas de risco, além de melhor aproveitamento defensivo. O ASA não conseguiu criar uma única jogada letal com a bola rodando. Duas faltas bem batidas complicaram a vida do goleiro Luiz. Essa é uma das deficiências que Vadão deverá eliminar nos treinamentos de 10 dias em Minas Gerais. O posicionamento defensivo nas faltas em diagonal são um terror para o goleiro do São Caetano.


Segundo, parece definitivo que a escalação de centroavante convencional como Nunes, que se enfia entre os zagueiros, é a melhor opção para o ataque não ficar em branco. Nunes foi relativamente bem no jogo, fez um gol típico de oportunismo, mas sentiu falta de aproximação maior dos meias de ligação. Cleber e Geovane atuaram muito à frente dos volantes adversários porque os volantes do São Caetano, Souza e Augusto Recife, apoiaram comedidamente. Havia natural receio de contragolpes do ASA. Infiltrações nas costas dos volantes e também dos zagueiros de área são uma fórmula fatal de desassossego defensivo.


Terceiro, os laterais Arthur e Diego parecem ter descoberto a pólvora de que não devem disparar simultaneamente ao ataque. A sobra de um deles às funções defensivas de antecipação e cobertura dos dois zagueiros de área (Eli Sabiá e Thiago Martinelli) inibe as possibilidades de surpresas desagradáveis. Diego tem mais habilidade e dá suporte ofensivo com mais frequência, mas Arthur é letal nas bolas aéreas, principalmente nos escanteios. Quase fez um gol assim ontem. E já fez vários na carreira.


Quarto, em nenhum período do jogo mascado que o ASA pretendia transformar a disputa o São Caetano perdeu a paciência. Não exagerou nos passes longos. É verdade que imprimiu um ritmo mais para o moroso do que para o elétrico. Essa é a consequência da insegurança emocional de observar a tábua de classificação e verificar que um tropeço poderia significar a zona de rebaixamento. Na medida em que se desvencilhar dessa ameaça e começar a galgar situação mais confortável, o grupo aplicará um ritmo mais compatível com a técnica individual. Os dias em Monte Sião deverão apurar a mecanicidade de passes, que qualifica a individualidade.


Outros pontos poderiam ser destacados como avanços no São Caetano do jogo de ontem, mas nada substantivo. Acredita-se que a parada técnica da tabela tenha vindo no momento ideal, com a chegada de novo técnico, com um evidente ganho de cumplicidade dos jogadores, que vibram mais com cada jogada, e também com a perspectiva de que as primeiras 10 rodadas de muitos tropeços devem servir muito mais de lições do que de trauma para a equipe.


Ainda há tempo suficiente para uma guinada na competição. Até porque, reforços estão chegando e o treinador tem perfil de tecer pacientemente um novo perfil técnico-tático. Já passava da hora.


 


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