Esportes

São Caetano precisa recuperar
terreno perdido em 11 rodadas

DANIEL LIMA - 19/07/2011

A intertemporada que o São Caetano acaba de realizar na mineira Monte Sião após 11 rodadas do primeiro turno da Série B do Campeonato Brasileiro foi uma medida providencial do técnico Oswaldo Vadão Alvarez. Está certo que é pouco tempo para corrigir a engrenagem que colocou a equipe muito mais próxima da zona de rebaixamento do que do grupo que sonha com o acesso à Série A, mas é melhor do que se tivesse seguido a rotina. Vadão tem capacidade de organizar taticamente as equipes que comanda. Vamos ver o que o São Caetano oferece de novo já contra o Barueri, nesta sexta-feira no Estádio Anacleto Campanella.


Vale a pena botar fé no empenho do treinador. A vitória diante do ASA antes da parada técnica mostrou que ele é capaz de pequenos milagres.


Praticamente sem tempo para treinamentos, já que assumira três dias antes, Vadão colocou um São Caetano bem mais competitivo em campo. A principal virtude do grupo, deficiência crônica durante toda a temporada, foi o empenho individual para preencher as obrigações táticas defensivas.


O São Caetano foi muito mais combativo sem a bola. Sem esse requisito, terminou a 10ª rodada entre os melhores ataques e também entre as piores defesas da competição. É impossível com tamanho desequilíbrio sonhar com classificação.


Vadão chega num São Caetano que precisa recuperar-se no campeonato. O errático desempenho nas 11 rodadas já realizadas obriga a equipe a salto de produtividade que torna a passagem à Série A obra hercúlea.


Não será fácil o Azulão, mesmo melhorando de rendimento e de pontuação, chegar entre os quatro primeiros. A tábua de classificação vista sob olhares conservadores (já escrevi muito sobre isso) induz a erros de avaliação. Esqueçam os pontos ganhos. Vejam o índice de aproveitamento, que também pode ser chamado de índice de produtividade. Nesse ponto, o São Caetano está mal, precisa reagir e também torcer para que os indicadores sejam alterados.


Por enquanto, a projeção estende um tapete de cascas de bananas para o São Caetano chegar à Série A. Com 13 pontos ganhos em 33 disputados, alcança apenas 39,39% de índice de aproveitamento. Está a apenas um ponto da linha de corte de rebaixamento. Mas vamos esquecer o descenso. Falemos apenas de acesso. O Americana, quarto colocado na classificação com 20 pontos ganhos em 33 disputados, registra 60,60% de índice de aproveitamento. Muito acima, portanto, do São Caetano.


Considerando-se que o Americana ou qualquer outra equipe na quarta posição mantenha o índice de aproveitamento atual, de 60,60%, o São Caetano precisará ganhar nada menos que 69% dos pontos disputados nos 27 jogos (e 81 pontos) que lhe restam.


A boa notícia para o São Caetano é que a estatística do campeonato, desde a implementação de turno e returno em 2006, não registra índice de aproveitamento tão elevado para o quarto colocado. Só numa situação, em 2009 com o Atlético Goianiense, ultrapassou-se a marca de 55%. O time de Goiás chegou a 57% de aproveitamento, ao totalizar 65 pontos ganhos.


A perspectiva que o São Caetano deve traçar como meta a ser alcançada ao final da competição é de 55% de índice de aproveitamento. Ou seja: 63 pontos. Para quem tem 13 pontos, vai disputar 81 e precisa chegar a 63 pontos, o resultado é simples: terá de conquistar 61,7% dos pontos. Também uma tarefa e tanto.


Qualquer contabilidade diferente para tentar explicar as possibilidades do São Caetano na Série B será pura enganação. Embora futebol seja equação sujeita a chuvas e trovoadas em determinados jogos, a estatística é inexorável. As exceções só confirmam a regra. No globo da morte dos 30 pontos em disputa a cada rodada entre os 20 concorrentes, ao final de 38 voltas o desenho dos finalistas será praticamente o mesmo de edições anteriores quando se tomam os índices de aproveitamento como medidores confiáveis. Só resistem os competidores que sofreram menos danos nos entrechoques.


Quem ainda se mete a fazer projeções sem levar em conta a quase infalibilidade dos números finais, está arriscado a sofrer novos desapontamentos.


O São Caetano precisa se aproximar o quanto antes da marca de 50% de aproveitamento. Só assim, poderá ter os nervos no lugar quando da reta de chegada. Disputar as últimas 10 rodadas com o peso sobressalente de obrigações numéricas não atingidas nas muitas rodadas anteriores é mais que contraproducente, porque exigirá esforços redobrados e baixa probabilidade de sucesso.


Infelizmente, o custo de 11 rodadas mais que discretas, é elevado. Mas, também, não é incontornável.


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