Tomara que o São Caetano que estréia nesta terça-feira no segundo turno do Campeonato Brasileiro da Série B no Estádio Anacleto Campanella contra o Salgueiro de Pernambuco consiga, finalmente, embalar a redução da diferença entre potencialidade individual e arranjo coletivo. No jogo de sexta-feira à noite em Criciúma o empate de 1 a 1 foi o corolário de aproximação maior entre os dois vetores, embora com oscilações na metade final do segundo tempo.
Mais uma vez o São Caetano compartilhou um espetáculo emocionante. A diferença é que desta feita o resultado foi satisfatório. Ou não é bom voltar de Criciúma com um ponto na bagagem? De lá, normalmente os adversários retornam de cabeça quente.
Ganhar do Salgueiro não é só indispensável como uma boa oportunidade para o São Caetano cristalizar reação. O técnico Oswaldo Vadão Alvarez ainda não encaixou a equipe ideal tanto na escolha de individualidades como na definição tática do conjunto. Tomo a liberdade de dar algumas sugestões, levando-se em conta que, na média dos jogos da equipe no primeiro turno, houve excessos de liberalidade no sistema defensivo.
Para começar, a linha de quatro zagueiros não tem maiores complicações. Com Arthur e Bruno Recife as laterais estão mais protegidas e o apoio ganha mais força e menos técnica que as opções de Elder Granja e Diego. Fico com os dois primeiros, porque são mais competitivos, mas há situações que a força não resolve.
A dupla de zagueiros, Domingos e Eli Sabiá, pode, como ocorreu nos últimos 15 minutos em Criciúma, ser reforçada por Thiago Martinelli ou outro zagueiro. Há circunstâncias a clamar por maior proteção. Saber jogar com o resultado debaixo do braço, como Vadão fez no Sul do País, é demonstrar senso de oportunidade.
Os problemas mais inquietantes do São Caetano estão no meio de campo e no ataque. Escalaria Augusto Recife e Leo Mineiro de volantes, Ailton e Roger de armadores-pontas de lança e Luciano Mandi e Ricardo Xavier mais avançados no ataque, enquanto Nunes não recupera a forma. Seria um 4-2-2-2. Geovane seria mais que providencial quando se precisar de maior mobilidade. Ou se Ricardo Xavier repetir a ineficiência de Criciúma.
No caso da entrada de Roger, substituindo a Antonio Flávio, a alteração seria perfeita para atenuar o sobrepeso de armação concentrada em Ailton. Roger tem qualidade técnica para dar velocidade à equipe desde o meio de campo. É habilidoso, inventivo e com visão periférica acentuada. Antonio Flávio é mais atacante que armador/ponta de lança. Vadão errou no jogo em Criciúma. Acertou na entrada de Thiago Martinelli, mas optou equivocadamente pela saída de Ailton, que começava a se entender com Roger na transposição do meio de campo. A saída de Ricardo Xavier teria sido a melhor pedida, avançando-se Luciano Mandi para explorar de vez contragolpes em velocidade.
Leo Mineiro ainda está sem ritmo de jogo, mas tem mais intimidade com as funções de segundo volante do que Souza. Em circunstâncias que exigem maior poder de marcação e de posicionamento tático defensivo, é o mais indicado. Não é necessariamente o caso do jogo com o Salgueiro. Souza dá mais opções ofensivas porque sai rápido do meio de campo, mas não tem cuidados defensivos que a experiência de Leo Mineiro assegura. Dar ritmo de jogo a Léo Mineiro é importante.
A titularidade de Geovane também poderia se dar de acordo com as especificidades de cada jogo. Esse meia-atacante é rápido, tem fome de gol, movimenta-se muito e pode até ocupar o lugar de Luciano Mandi se a alternativa for menos lançamentos, menos força e mais infiltrações com a bola dominada. Geovane também se dá bem emergencialmente como centroavante, embora seja mesmo um segundo atacante.
O primeiro turno encerrado no final de semana foi decepcionante para o São Caetano porque, além de terminar na zona de rebaixamento, não acertou os ponteiros táticos ao teimar demais nos espaços com que contempla os adversários. Tanto que sofreu 29 gols em 19 jogos, superado apenas por Duque de Caxias, Salgueiro, Bragantino e ASA.
Menos mal que o jogo com o Criciúma pode ter sido o ensaio de mais equilíbrio. Tanto que o Azulão sofreu pouco desconforto defensivo, embora também não tivesse tido rendimento ofensivo mais intenso. Somente durante 20 minutos do segundo tempo o adversário impôs o ritmo de jogo em busca da vitória, mas o São Caetano soube contornar as dificuldades. Poderia ter desaquecido o jogo com mais troca de passes e menos passes longos, mas esse é um processo que aos poucos Vadão conseguirá alcançar.
A determinação dos jogadores, com empenho intenso na marcação em todos os setores, foi o ponto alto do grupo. Houve comprometimento geral. A volta do goleiro Luiz será reforço importante, embora Leandro não comprometa. Quem conhece a importância de Luiz dentro e fora de campo sabe que não se troca sem riscos um titular de muitos anos por um jovem com potencial. Principalmente quando o calvário da zona de rebaixamento gera intenso estresse.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André