Esportes

São Caetano joga mal mas começa
bem contagem para fugir da queda

DANIEL LIMA - 31/08/2011

O São Caetano contrariou histórico recente de jogos emocionantes na Série B do Campeonato Brasileiro, invariavelmente sem sucesso no placar: ontem à noite no Estádio Anacleto Campanella, jogou mal mas venceu o Salgueiro de Pernambuco por 3 a 1. Com isso, escapuliu da zona de rebaixamento, reservada aos quatro últimos colocados. Ou seja: a contagem regressiva para fugir da queda foi iniciada com sucesso na abertura do segundo turno.


A contabilidade que deverá marcar o São Caetano no segundo turno do campeonato é clara: precisa somar 25 pontos nessa etapa, os quais, somados aos 21 do primeiro turno, atingiriam 46 e a fuga matemática do descenso. Como ganhou três pontos ontem à noite, agora restam 22 em 18 jogos. Nada improvável, portanto.


Pensar em acesso é fugir da realidade, embora nada seja impossível. É melhor deixar para o decorrer do campeonato as contas de eventuais probabilidades mais nobres.


A ironia de jogar abaixo da crítica mas sair de campo com três pontos é uma das razões que tornam o futebol pontualmente uma caixa de surpresas.


Em nenhum momento o Azulão conseguiu ser ao menos razoável. Esteve à beira do nocaute diante de um adversário medíocre, quando, no início do segundo tempo, Léo Mineiro cometeu pênalti desperdiçado pelo lateral Tamandaré.


Em seguida, foi a vez de Luciano Mandi, sempre insinuante pela esquerda, sofrer penalidade máxima que Ricardo Xavier converteu. O atacante fez os três gols do São Caetano. O empate nos últimos minutos do primeiro tempo, depois de o Salgueiro abrir o placar numa cobrança de falta completada por cabeçada de Fabrício, impediu que o São Caetano exteriorizasse ainda mais insegurança no segundo tempo.


É possível detectar dois problemas que teriam feito do São Caetano um time decepcionante ontem à noite: o gramado do Anacleto Campanella excessivamente escorregadio tornou-se para armadilha para erros quando se tentava acelerar o ritmo, levando os jogadores à segurança da morosidade pouco produtiva; e a assombração da zona de rebaixamento, fator emocional nem sempre levado em conta pelos analistas mas dilacerante para quem conhece o ecossistema dos vestiários.


Mesmo com todos as deficiências intoleráveis para um time que jogava em casa diante de um candidatíssimo ao rebaixamento o São Caetano não saiu de campo sem demonstrar alguns atributos já consolidados e outros a florescer.


A defesa agora protegida por um segundo volante de verdade, Léo Mineiro, além de Augusto Recife, ficou raras vezes exposta à sanha do adversário. Léo Mineiro só precisa ser orientado quanto ao ímpeto de marcação. Ele fez falta desnecessária que o Salgueiro traduziu em gol e cometeu o pênalti rigorosamente marcado pelo árbitro.


Com Roger ao lado de Ailton o meio de campo do São Caetano apresentou espasmos de soluções que combinam técnica, velocidade, deslocamentos e verticalidade ofensiva. As melhores jogadas contaram com a participação dos dois meias-atacantes.


Pena que tenham sido poucas. E o ataque ganhou encaixe perfeito de Luciano Mandi sempre solto pela esquerda e um Ricardo Xavier mais atento ao posicionamento entre os zagueiros, pronto para receber a bola em condições de finalização ou de proteção para quem vem de trás. Os laterais Arthur e Bruno Recife foram discretos demais em relação a outros jogos. Se foi possível, portanto, mesmo diante da barafunda coletiva, identificar qualidades individuais e também avanços setoriais no São Caetano, é sinal de que as 18 partidas que restam ao encerramento da Série B muito melhores do que todo o primeiro turno.


Somar 46 pontos é questão vital para safar-se de um desastre que dificilmente seria explicado, porque o São Caetano conta com elenco de alta qualidade para os padrões da competição.


A constatação de que a equipe está jogando para não cair já é um avanço porque torna mais sensível o grupo de jogadores e dirigentes à realidade dos gramados e coloca fim ou ameniza o romantismo fundado em conquistas do passado. Cada jogada terá de ser disputada com empenho típico de equipe ameaçada. É sonho qualquer situação diferente dessa que o futebol pode reservar numa competição que ainda está na metade. O contato estratégico com a contagem regressiva deve mover o Azulão nas próximas nove rodadas quando, então, novo balanço geral poderá indicar, quem sabe, a possibilidade de novo rumo.


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