Conselheiros do Santo André e acionistas do Saged (Santo André Gestão Empresarial e Desportiva), empresa que terceirizou o futebol do Ramalhão, estão à espera de novidades do presidente Ronan Maria Pinto. Após quatro anos da mais patética empreitada do futebol da cidade, período no qual passivos financeiros ultrapassam os limites do suportável e passivos esportivos incluem até rebaixamento moral à Quarta Divisão do Campeonato Brasileiro, espera-se o cumprimento de promessa do comandante do Saged.
Que promessa é essa? Na noite de 14 de julho passado, Ronan Maria Pinto prometeu, numa reunião realizada na sede do Esporte Clube Santo André, que tudo se encaminharia à incorporação de novos investidores dispostos a revitalizar o Ramalhão. Dois meses e meio depois, encerrada a disputa da Série C, não há qualquer sinal de que Ronan Pinto atenderia à expectativa dos acionistas que participaram do encontro.
Estava este jornalista presente no encontro e, para que a promessa de Ronan Pinto não se perdesse em meio a tantas outras declarações, sugeri que repetisse a frase em forma de compromisso. Ele repetiu. Só espero que não tenha esquecido. O que mais me perguntam sobre o Ramalhão é até que ponto o desfiladeiro se aprofundará. Respondo que qualquer diagnóstico que amenize a situação deve ser encarado como fraseologia de programa humorístico.
O Santo André vai pagar muito caro pelos desajustes, abusos e arbitrariedades dos últimos quatro anos.
O modelo de capitalismo associativista idealizado pelo então presidente Jairo Livolis foi para o chapéu.
Havia um Ronan Pinto individualista e poderoso no meio do caminho. Não fosse tão individualista como a maioria e poderoso como poucos, Ronan Pinto teria sido um reforço considerável à história do Ramalhão.
Um individualista como a maioria mas com poderes como poucos — eis um Ronan Maria Pinto travestido de mal imensurável para o Ramalhão.
Ronan Pinto levou a equipe à impensável e insustentável Série A do Campeonato Brasileiro sobre bases instáveis como as que conduziram a equipe aos porões da Série C. Saiu de um vice-campeonato da Série A do Campeonato Paulista para a Série B na temporada seguinte. Ronan Maria Pinto é o rei da ciclotimia. Não seria diferente no futebol.
Aguarda-se que a direção do Esporte Clube Santo André e a direção do Saged voltem a se entender de modo a chamar os acionistas a novo encontro. Afinal, teremos ou não novos investidores no Ramalhão?
A assessoria jurídica de Ronan Maria Pinto, pau para toda obra, assegurou que não haveria impedimentos legais à introdução de novos agentes no Saged, reestruturando-se os termos contratuais. A direção do Esporte Clube Santo André, contrapor-se à projeção, com respaldo de consultoria especializada.
Qualquer brecha da legislação seria bem-vinda, porque o modelo que impulsionou o Ramalhão ladeira abaixo não funcionou e não funcionará. Mais que isso: aniquilou com qualquer possibilidade de despertar interesse de investidores locais. Quem está no quadro de acionistas pagaria qualquer coisa para se livrar dos abacaxis de dívidas que já começam a incomodar.
Resta saber se, concretizada a proposta do Saged, a emenda não soaria pior do que o soneto. Ou seja: se eventuais novos investidores não piorariam o quadro de deterioração da credibilidade do Ramalhão dentro de campo e do Esporte Clube Santo André na retaguarda legal, porque não faltam ações trabalhistas derivadas das algazarras do futebol. Afinal, o Ramalhão está vinculado ao Esporte Clube Santo André, por conta da legislação esportiva.
Ou seja, o Esporte Clube Santo André terceirizou o Ramalhão porque previa dificuldades para sustentar o futebol da cidade e agora se vê engolfado por desarranjos do modelo no qual botou a maior fé como salvação da lavoura.
O futebol de Santo André precisa ser passado a limpo. Por enquanto, coragem mesmo nesse sentido, mas sem o correspondente poder de mudança, só se manifestou na voz rouca das torcidas organizadas.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André