Apesar de conquistar 12 dos últimos 18 pontos que disputou, o São Caetano ainda não conseguiu sair da zona de rebaixamento da Série B do Campeonato Brasileiro. Mais que isso: faltando nove rodadas, é seriíssimo candidato à queda. A série de compromissos das equipes mais ameaçadas é menos desconfortável quando comparada aos jogos que esperam pelo São Caetano, por isso a equipe da região precisa se superar.
A começar pelo jogo de sábado próximo com o ASA. O time alagoano é um dos maiores vencedores em casa na temporada. A força de sua torcida o leva o tempo todo ao ataque. Dos 37 pontos que somou até agora, 33 foram em Arapiraca. É pressão demais. Provavelmente é um dos maiores desafios ao São Caetano.
Perder seria péssimo, porque possivelmente reduziria o número de equipes que tentam fugir do rebaixamento. Menos concorrência, mais dores de cabeça. O ASA é o único dos ameaçados que enfrenta Duque de Caxias e Salgueiro, já enforcados. E em seus próprios domínios.
Somente uma nova sequência de bons resultados evitaria o pior para o São Caetano. O problema é que o time de Márcio Araújo continua melhor individualmente do que como grupo. Os 3 a 0 ante do Vila Nova sábado no Estádio Anacleto Campanella provaram isso. Os números daquela vitória foram construídos em quatro minutos, depois de Márcio Araújo enxergar o óbvio: tanto Ailton quanto Geovane não podem ficar no banco de reservas em casa diante de adversário limitadíssimo. Até a enxurrada de gols entre os 29 e 33 minutos do segundo tempo, o São Caetano corria riscos de derrota.
Jogar como o São Caetano jogou com dois centroavantes enfiados, sem meias de ligação dinâmicos, com os laterais bem marcados por um time de três zagueiros, e com três volantes que participaram pouco de jogadas ofensivas, foi um convite ao tédio. A entrada de Geovane após o intervalo não foi suficiente para libertar a equipe, situação alcançada com a escalação de Ailton pouco antes do primeiro gol, do qual participou. Geovane fez um gol e participou dos outros dois, do goleador Nunes.
Voltando às probabilidades de rebaixamento, esmiucei a tabela de jogos que restam no campeonato e pretendia chegar a uma conclusão bem melhor, mas não teve jeito. O São Caetano precisa ganhar 12 pontos em 27 para escapar sem sustos. Com 11 pontos ou mesmo com 10 é possível sair da enrascada em que se meteu.
É muito provável, por conta da baixa pontuação do Duque de Caxias, já rebaixado, e também de muito equilíbrio de forças entre a maioria dos concorrentes, exceção à Portuguesa, que a marca de corte para a fuga da queda seja de 47 pontos. Até agora, no histórico da Série B (e também da Série A), 46 pontos foram mais que satisfatórios. Entretanto, como o Duque de Caxias teima em perder ou empatar, não deve ser desconsiderada uma compensação para degraus acima na tabela.
A margem de corte após 29 rodadas é elevadíssima. O São Caetano fez 36 pontos em 87 disputados, chegou a 41,38% de aproveitamento e está no limite da zona de rebaixamento. Na Série A, com uma rodada a menos, o Atlético Mineiro é o último da linha de corte, ou seja, é o São Caetano, com produtividade bem inferior: 32,14% dos pontos disputados — somou 27 em 84. O América Mineiro é o último colocado na Série A com 25% de aproveitamento (21 pontos em 84) enquanto o Duque de Caxias não passa de 13,79% de aproveitamento (12 pontos em 87 disputados). Essa disparidade interfere de alguma forma no arranjo geral das demais posições, principalmente na métrica de rebaixamento.
Na porta do inferno
Se nada de anormal ocorrer nas rodadas que faltam, se nenhum time travestir-se de Fluminense de 2009, quando a equipe carioca saiu de rebaixamento mais que certeiro para uma fuga heróica, não só o Duque de Caxias já estaria rebaixado, como também o Salgueiro. O Vila Nova estaria bem próximo disso. Ou seja: restaria apenas uma porta ao inferno, disputada por Goiás, Icasa, São Caetano, ASA, ABC e Guarani.
O São Caetano está em desvantagem: tem apenas oito vitórias na competição, primeiro critério de desempate, está na última posição entre os ameaçados e todos os principais adversários na luta para fugir do rebaixamento enfrentarão o Duque de Caxias, equipe a qual já enfrentou duas vezes. Precisará como nunca de reação do Duque de Caxias. Se o time do Rio de Janeiro for derrotado pelos adversários que concorrem com o São Caetano e, com isso, seguir na toada de saco de pancadas, tudo ficará mais dramático.
Trocando em miúdos, e até prova em contrário, o São Caetano joga para fugir da última vaga que resta ao rebaixamento tendo como principais concorrentes Goiás, Icasa, ASA, ABC e Guarani. Jogará com quatro dessas equipes, em confrontos diretos. Terá ASA e Goiás fora de casa, ABC e Guarani no Anacleto Campanella, além de Criciúma e Náutico. Fora de casa enfrentará, além de Goiás e ASA, Grêmio Barueri, Paraná e Vitória.
É claro que a projeção está sujeita a mudanças nas próximas rodadas. Talvez o Vila Nova consiga respirar um pouco mais, mas Salgueiro e Duque de Caxias já estão ardendo na Série C. Quem sabe até mesmo Paraná e Grêmio Barueri, com 40 pontos, entrem nesse samba do crioulo doido? Tudo é possível, mas a lógica da classificação, somatório de 29 rodadas, indica poucas possibilidades de desvios.
Uma arrancada do São Caetano agora na reta de chegada, depois dos resultados das últimas seis rodadas, será bem-vinda. Mas não custa alertar sobre os riscos que o Azulão corre. Que a diretoria e a comissão técnica da equipe refaçam os últimos cálculos. Ao que tudo indica, 45 pontos como alívio classificatório parecem estatística consumida pelo passado, 46 não assegurariam nada e mesmo 47, para quem empatou tanto, carrega alguma carga de complicações. É melhor ganhar novos 12 pontos e estamos conversados.
Vejam a situação de cada uma das equipes que correm para fugir da última vaga do rebaixamento, onde (C) são os jogos disputados em casa e (F) jogos disputados fora de casa:
ABC, 39 pontos e jogos contra Duque de Caxias (F), Boa (C), São Caetano (F), ASA (C), Icasa (F), Paraná (C), Grêmio Barueri (F), Ponte Preta (F) e Americana (C).
Guarani, 37 pontos e jogos contra Ponte Preta (C), ASA (C), Duque de Caxias (F), Grêmio Barueri (C), São Caetano (F), Icasa (C), Paraná (F), Salgueiro (F) e Goiás (C).
ASA, 37 pontos e jogos contra São Caetano (C), Guarani (F), Salgueiro (C), ABC (F), Náutico(C), Boa (F), Duque de Caxias (C), Bragantino (F) e Vitória (C).
Goiás, 36 pontos e jogos contra Vitória (F), Americana (C), Sport Recife (F), Duque de Caxias(C), Vila Nova (Clássico), São Caetano (C), Bragantino (F), Icasa (C) e Guarani (F).
Icasa, 36 pontos e jogos contra Grêmio Barueri (C), Duque de Caxias (C), Criciúma (F), Bragantino (F), ABC (C), Guarani (F), Salgueiro (C), Goiás (F) e Portuguesa (C).
São Caetano, 36 pontos e jogos contra ASA (F), Grêmio Barueri (F), ABC (C), Paraná (F), Guarani (C), Goiás (F), Náutico (C), Vitória (F) e Criciúma (C).
Dou o Vila Nova como provável rebaixado à Série C porque os jogos que ainda terá e, principalmente, os apenas 29 pontos, praticamente o condenam. Vejam:
Vila Nova, 29 pontos e jogos contra Paraná (C), Náutico (F), Grêmio Barueri (C), Salgueiro(F), Goiás (Clássico), Duque de Caxias (F), Portuguesa (C), Americana (F) e Sport (C).
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