Seguramente, foi o jogo taticamente mais equilibrado que o São Caetano disputou em 31 rodadas da Série B do Campeonato Brasileiro, ontem à noite em Barueri ante o Grêmio. Menos pela vitória implacável de 3 a 0 e mais pelo conjunto da obra.
O time de Márcio Araújo manteve o controle do jogo o tempo todo, mesmo quando, até os 27 minutos do primeiro tempo, ainda perdurava zero a zero. O Grêmio Barueri do técnico Renê Simões tentou de tudo para acrescentar ao volume de jogo lances agudos, mas o São Caetano impediu com admirável sincronismo de marcação. Parece até que a equipe encontrara uma porção milagrosa para desaparecerem os espaços ao adversário. E, mais que isso, contragolpeou com força. Liquidou o jogo em três contra-ataques, no melhor estilo do futebol moderno: combinou velocidade e letalidade.
A rodada não foi tão generosa ao São Caetano como a do final de semana quando além do empate em Arapiraca, diante de um envolvente ASA, o técnico Márcio Araújo pôde comemorar a derrota de todos os times que procuram fugir da Série C. Desta feita, apenas o Guarani perdeu, em Campinas, para o também ameaçado ASA. Os demais concorrentes venceram.
De qualquer forma, ganhar três pontos em Barueri foi espetacular. O São Caetano agora está três pontos acima da linha de corte do rebaixamento, ocupada pelo Guarani, com 37.
As virtudes do São Caetano perduraram o tempo todo em Barueri. Não se esboroaram ou se fragilizaram no decorrer do jogo. Quando Nunes fez 1 a 0 aos 27 minutos, completando rasteiro e em posição de impedimento um cruzamento de Arthur, o São Caetano já merecia a vantagem. Só que se esperava que o gol saísse pela esquerda, onde, por três vezes, nasceram jogadas incisivas mas incompletas. O Grêmio Barueri só ameaçara até então uma única vez, num cruzamento da esquerda que o grandalhão centroavante Leo Gamalho desviou rente à trave.
Um cerco implacável
O sistema 3-5-2 do Barueri esbarrava num cerco implacável do São Caetano, no mesmo 4-3-1-2 dos últimos jogos. Os três volantes protegiam a entrada da área e também os corredores laterais. Ailton, Nunes e Antonio Flávio procuravam impedir o avanço dos volantes adversários. O Barueri também utilizava três marcadores à frente da defesa, mas os liberava ao ataque com frequência. No São Caetano apenas Souza tinha mais liberdade de apoio. O Barueri recorria aos cruzamentos na área para tentar compensar o caminho bloqueado pelo meio. Bem posicionado, o São Caetano não perdia o tempo da bola e neutralizava tudo.
O gol de Nunes foi providencial, mas oito minutos depois, aos 35, Ailton completou quase na pequena área um cruzamento de Souza deslocado pela direita, depois de receber de Antonio Flávio, e deu elasticidade à vantagem. Com 2 a 0 o São Caetano só esperou o primeiro tempo terminar.
O Barueri veio decidido no segundo tempo, com mais velocidade e tentativas de infiltração. Avançou a defesa e agora contava com o atacante Marcelinho em substituição a um dos três zagueiros. Algumas oportunidades foram criadas em chutes cruzados e de fora da área, mas nada que alterasse o ritmo do São Caetano. Até porque, para combater as previsíveis bolas aéreas, o São Caetano utilizou o reforço de Léo Mineiro, que substituiu a Augusto Recife no intervalo.
Léo Mineiro se metia entre os zagueiros em todos os cruzamentos. O técnico Márcio Araújo manteve o sistema, mas elevou a estatura física. E, diferentemente do jogo em Arapiraca, não reduziu a possibilidade de contragolpes. Sem pressão de torcida e mais confiante, o São Caetano incomodava com algumas pontadas.
O Barueri praticamente não tinha ameaçado para valer o goleiro Luiz quando, aos 37 minutos, num contragolpe puxado por Ailton, Arthur fechou em velocidade, livrou-se de um zagueiro e chutou forte ante a saída do goleiro. Havia dois companheiros entrando na corrida, oferecendo-se como opções. O São Caetano dava mostras de que está aprendendo a contra-atacar com variáveis. Antes do terceiro gol, o técnico do Barueri ainda tentou uma última cartada, substituindo o volante Alê pelo atacante Pedrão. Foi para tudo ou nada. O buraco no meio de campo ocupado por Ailton não foi obra do acaso, enquanto Pedrão tentava puxar a marcação de um dos zagueiros para fora da área para a penetração dos meias. Tudo inutilmente.
A matemática da Série B não pode ser abandonada, ao restarem sete rodadas para o encerramento. Com 40 pontos, o São Caetano só deverá sentir-se seguro se chegar a 48, embora com 47 ou eventualmente até com 46 seja possível escapar do rebaixamento.
O jogo com o Barueri, que ainda respira possibilidades de chegar à Série A, e respirava muito mais antes de o jogo começar, mostrou que o São Caetano está completamente fora de lugar. Deveria disputar os primeiros postos e o retorno à Série A.
Menos mal que depois das trevas de 75 dias na zona de rebaixamento, e com um técnico que chegou sob desconfiança mas que teve a virtude de unir o grupo de verdade, fora e principalmente dentro de campo, parece estar saltando rumo ao completo alívio. A equipe poderá ganhar mais fôlego sábado no Estádio Anacleto Campanella diante de um ABC de Natal vocacionado a atacar. Portanto, pronto para ser abatido com paciência, talento e precisão ofensiva.
A rodada de ontem à noite confirmou o rebaixamento do Duque de Caxias e praticamente, também, de Salgueiro e Vila Nova. O time de Goiás agoniza. Provavelmente não suportará a matemática no máximo em mais duas rodadas. Do ponto de vista prático, já caiu.
Os jogos que restam
Vejam a situação de cada uma das equipes que correm para fugir do rebaixamento, onde (C) são jogos disputados em casa e (F) jogos disputados fora de casa:
ABC, 42 pontos e jogos contra São Caetano (F), ASA (C), Icasa (F), Paraná (C), Grêmio Barueri (F), Ponte Preta (F) e Americana (C).
ASA, 41 pontos e jogos contra Salgueiro (C), ABC (F), Náutico(C), Boa (F), Duque de Caxias (C), Bragantino (F) e Vitória (C).
São Caetano, 40 pontos e jogos contra ABC (C), Paraná (F), Guarani (C), Goiás (F), Náutico (C), Vitória (F) e Criciúma (C).
Goiás, 39 pontos e jogos contra Sport Recife (F), Duque de Caxias(C), Vila Nova (Clássico), São Caetano (C), Bragantino (F), Icasa (C) e Guarani (F).
Icasa, 39 pontos e jogos contra Criciúma (F), Bragantino (F), ABC (C), Guarani (F), Salgueiro (C), Goiás (F) e Portuguesa (C).
Guarani, 37 pontos e jogos contra Duque de Caxias (F), Grêmio Barueri (C), São Caetano (F), Icasa (C), Paraná (F), Salgueiro (F) e Goiás (C).
Vila Nova, 29 pontos e jogos contra Grêmio Barueri (C), Salgueiro(F), Goiás (Clássico), Duque de Caxias (F), Portuguesa (C), Americana (F) e Sport (C).
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André