A rodada de ontem à noite da Série B do Campeonato Brasileiro foi quase desastrosa para o São Caetano. Os resultados só não inseriram a equipe no conceito de Rodada Fortemente Negativa porque o ASA de Arapiraca perdeu em Varginha para o Boa Esporte. A derrota do Azulão em Goiânia para o Goiás por 1 a 0 poderia ter sido menos danosa se Guarani e Icasa tivessem mesmo empatado em Campinas por 0 a 0, mas no último minuto o time do Ceará fez o gol da vitória. Com isso, acabou a possibilidade de o São Caetano contar com imunidade à zona de degola na próxima rodada, Após a Rodada Negativa, o São Caetano conta com 44 pontos e 10 vitórias e joga as três últimas partidas para fugir do descenso. O Icasa agora tem 43 pontos e 10 vitórias e o ASA 42 pontos e 11 vitórias.
Com Duque de Caxias, Salgueiro e Vila Nova matematicamente rebaixados, a vaga que resta à Série C está sendo disputada por sete equipes. O Goiás se afastou de vez da lista de rebaixáveis com a vitória ante o São Caetano e, numa prova do equilíbrio do campeonato, agora passa a ter possibilidades de ficar com a última vaga à Série A. É verdade que a probabilidade é baixa, porque está quatro pontos aquém do Bragantino, o quarto colocado (55 a 51 pontos), e de outras equipes, mas convém não descartar nada nestas alturas do campeonato.
Embora ASA, Icasa e São Caetano sejam os mais fortes concorrentes à última vaga de rebaixamento, outras quatro equipes seguem ameaçadas, casos de Guarani, Paraná, ABC e Grêmio Barueri. Dessas equipes, talvez apenas o perdedor do confronto entre Paraná e Guarani neste final de semana siga inquieto com a incômoda posição na tabela. A vantagem dessas equipes é que têm pelo menos um jogo com amplo favoritismo: o Guarani enfrenta o rebaixado Salgueiro em Pernambuco e Paraná o lanterninha Duque de Caxias em Curitiba.
A situação de cada um
Veja a situação das oito equipes ameaçadas, levando-se em conta a ordem cronológica dos jogos, onde jogar em casa é (C) e jogar fora de casa é (F):
Barueri com 47 pontos, 13 vitórias e jogos contra ABC (C), Criciúma (F) e Salgueiro (C).
Guarani com 46 pontos, 13 vitórias e jogos contra Paraná (F), Salgueiro (F) e Goiás (C).
ABC com 47 pontos e 11 vitórias, e jogos contra Grêmio Barueri (F), Ponte Preta (F) e Americana (C).
Paraná com 46 pontos, 12 vitórias, e jogos contra: Guarani (C), Sport (F) e Duque de Caxias (C).
São Caetano, 44 pontos, 10 vitórias e jogos contra Náutico (C), Vitória (F) e Criciúma (C).
ASA com 42 pontos e 11 vitórias, e jogos contra Duque de Caxias (C), Bragantino (F) e Vitória (C).
Icasa com 43 pontos e 10 vitórias e jogos contra Salgueiro (C), Goiás (F) e Portuguesa (C).
A maior vantagem do São Caetano em relação às duas equipes que estão abaixo na classificação é que depende de suas próprias forças para escapar do rebaixamento. É verdade que teoricamente os jogos da equipe da região são mais problemáticos, porque enfrentará um Náutico que precisa de um ponto ainda para garantir acesso à Série A, um Vitória que disputa a quarta vaga e um Criciúma sempre competitivo, embora praticamente sem possibilidades de acesso.
Como o São Caetano, o ASA jogará duas das três últimas partidas em casa. Enfrentará o lanterninha Duque de Caxias e o Vitória, que poderá estar disputando uma vaga à Série A.
Já o Icasa, que também jogará duas vezes em casa, terá o rebaixado Salgueiro e a provavelmente desinteressada, porque já campeã, Portuguesa, e sairá para enfrentar um Goiás com remotas possibilidades de classificação entre os quatro. O time de Goiânia só terá um jogo decisivo diante do Icasa se conseguir vencer o Bragantino neste final de semana em Bragança Paulista. Caso contrário estará na próxima edição da Série B.
Uma derrota esperada
A derrota do São Caetano ontem à noite foi consequência de o time de Márcio Araújo abdicar do ataque durante praticamente todos os 90 minutos. A postura defensiva, num 4-5-1 que privilegiava o volume de jogo no meio de campo e tentativas de surpreender o adversário com a movimentação de Antonio Flávio isolado no ataque, deu com os burros nágua. No primeiro tempo até que foi possível controlar o ímpeto do adversário, que só teve duas oportunidades para marcar, mas o São Caetano excedeu-se em passes laterais e em desacelerar o jogo.
O Goiás voltou mais decidido a imprimir ritmo mais forte no segundo tempo, foi ao ataque, apertou a marcação na saída de bola, explorou as laterais, fez do veterano Iarley um constante articulador de jogadas e acabou marcando o gol da vitória aos 12 minutos, numa cobrança de falta que o atacante Felipe Amorim desviou na caída da bola.
Só depois da porta arrombada o São Caetano tentou reagir mas, mais uma vez, Márcio Araújo deixou o centroavante Ricardo Xavier no banco de reservas. Preferiu atuar com uma equipe sem referencial no ataque. Geovane entrou bem no lugar do apático Kleber, Luciano Mandi entrou no final no lugar do volante Ricardo Conceição, mas durante todo o tempo o Goiás foi mais agudo e objetivo, embora a defesa do São Caetano tenha se posicionado bem.
Com um pouco de sorte seria possível ter voltado com um empate de Goiânia. No lance mais forte do São Caetano, um dos poucos momentos de contundência, uma triangulação rápida pelo meio terminou com um chute defeituoso de Ailton por cima da trave. Também uma falta cobrada no último minuto por Arthur, que passou rente a trave, assustou um Goiás que nos últimos 10 minutos, apenas nos últimos 10 minutos, deu sinais de inquietação e ofereceu contragolpes ao São Caetano. Mas o time de Márcio Araújo não estava inspirado.
Quando o jogo terminou em Goiânia o São Caetano mantinha três pontos de vantagem sobre o Icasa, que empatava em Campinas. O gol dos cearenses arrancou o véu protetor da zona de rebaixamento na próxima rodada. Agora o São Caetano precisa ganhar para não entrar na penúltima rodada na degola, porque é pouco provável que o Salgueiro ante o Icasa e o Duque de Caxias ante o ASA consigam alguma surpresa.
De qualquer modo, restou uma lição que o São Caetano ainda tem tempo para aprender, porque só depende de si mesmo para manter-se na Série B: está na hora de empreender um ritmo de jogo mais intenso, mais participativo, mais transpirante. E muito mais ofensivo. Não existe explicação para deixar um centroavante como Ricardo Xavier no banco de reservas nos dois últimos jogos e improvisar meias-atacantes na função. Poucas vezes na competição o São Caetano abriu mão de um centroavante entre os titulares. O próprio Márcio Araújo chegou a exagerar na dose ao escalar num mesmo jogo, lado a lado, Nunes e Ricardo Xavier.
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