Política

Dib, aliados e adversários

DANIEL LIMA - 06/03/2005

Se o sucesso que o prefeito William Dib vinha alcançando nos limites do território de São Bernardo incomodava muita gente, a transposição desse desempenho para a geografia regional incomoda muito mais. Por isso, há duas possibilidades concretas como desdobramento da situação: que os opositores à liderança dibiana tratem de trabalhar mais e melhor ou, pior dos mundos, que remexam as cadeiras de rumbeiras ciumentas e armem minas de intrigas para sabotá-lo.


Somente o futuro vai traduzir de fato as iniciativas de William Dib tanto na esfera doméstica, de gerenciamento de uma das unidades municipais mais importantes do Estado, como no âmbito regional, conduzindo um Consórcio Intermunicipal historicamente em banho maria. Com perdão do trocadilho, inclusive sob a direção de Maria Inês Soares, então prefeita de Ribeirão Pires.


A São Bernardo pela qual William Dib foi eleito em estonteante pleito que reduziu a pó seu adversário, Vicentinho Paulo da Silva, está taticamente entregue ao gerenciamento de três supersecretários, que se ocupam do dia a dia.


O Grande ABC, pelo qual William Dib responde à frente do Consórcio Intermunicipal e também pela indicação do prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior à Agência de Desenvolvimento Econômico, está estrategicamente moldado pela prioridade conferida ao techo Sul do Rodoanel.


Uma das virtudes de William Dib é o pragmatismo provavelmente decorrente da objetividade médica. Como se sabe, quando se lida com males do corpo, não há tempo a perder com firulas semânticas. Dib trata objetivamente o Grande ABC também como enfermo institucional.


Cantamos aqui em várias oportunidades a caçapa de que William Dib cristalizava-se como sucessor regional de Celso Daniel, embora em variante de perfil que guarda pouca semelhança como o petista morto em janeiro de 2002. A recente pesquisa do Instituto Brasmarket, publicada por este Diário, confirmou plenamente aquela avaliação. Dib é o prefeito de cinco dos sete municípios da região e nos outros dois, Santo André e Diadema, ocupa o segundo lugar.


É claro que aquele trabalho estatístico produzido por uma empresa de renomada credibilidade evoca comemorações e lamentações. Não faltam idiossincrasias que procuram mitigar a importância do prefeito de São Bernardo. Faz parte do jogo político partidário, tudo bem. Só se espera, entretanto, que o tônus da regionalidade de que tanto carecemos não seja estiolado na vadiagem de bastidores que eventualmente procurem atingir o grupo liderado por William Dib.


Trocando em miúdos: espera-se que o florescer de uma nova identidade regional entre os dirigentes públicos, depois da catástrofe de Celso Daniel, não seja solapado pelo ritual rasteiro de competidores incapazes de, comprometidamente, contribuir igualmente ou até mais com a agenda regional.


Se fosse possível dar um conselho ao prefeito de São Bernardo, talvez me fixaria na imperiosidade de manter o foco em objetivos seletivos e concretamente suscetíveis a transformações. Não caia nas garras da grandiloquência que fez do Consórcio de Prefeitos, da Câmara Regional, da Agência de Desenvolvimento Econômico e do Fórum da Cidadania histórico de patinação no triunfalismo vazio.
Por falar em Agência, somente depois de eleger e desenvolver alguns programas específicos, com o olhar arguto e a sensibilidade de empreendedores, no caso do comando duplo de Jorge Rosa e Paulo Eugênio Pereira, os primeiros resultados começaram a aparecer. Entre os quais a jogada certeira dos APLs (Arranjos Produtivos Locais) que, embora tardios, podem salvar algumas dezenas de cabeças industriais depois do vendaval fernandohenriquista.


Voltando ao foco dibiano, diria que é indispensável que opte por espécie de blindagem temática. Não se deixe levar por demandas de todas as esferas, porque na maioria dos casos quando se tem prioridade demais não se tem prioridade alguma. É assim em todos os setores. Inclusive numa redação de jornal. O que mais aparecem são propostas de fazer isso e aquilo. Tudo ao mesmo tempo. Sem planejamento, sem organização, sem recursos técnicos competentes.


É muito importante que o modelo William Dib de ser não se deixe cair na pasmaceira de antecessores do Consórcio Intermunicipal. O prefeito de São Bernardo transmite a confiança de que dispõe da virtude do enquadramento, que costuma se refletir nos resultados administrativos. O Consórcio Intermunicipal achou o veio do Rodoanel e deverá explorá-lo até a consumação final e, com isso, possibilitará o encaminhando de novos temários transcendentais para o futuro regional.


Que os aliados de William Dib lhe sejam fiéis e prospectivos. Que os adversários lhe sejam éticos e igualmente construtivos. O Grande ABC não pode se permitir mais indecências político-partidárias.


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