De quantas vias se constituirá a disputa pela Prefeitura de Santo André no ano que vem?
Quantos de fato serão os concorrentes?
Quais as possibilidades de cada um?
Depois da barafunda em que se transformaram as prévias do Partido dos Trabalhadores, tudo é possível.
Inclusive ou principalmente um segundo turno em outubro do ano que vem.
E quem iria para o segundo turno?
Hoje apostaria de olhos fechados em Vanderlei Siraque e Raimundo Salles.
Paulinho Serra, Duilio Pisaneschi, Aidan Ravin e outros possíveis concorrentes menos votados são terceira via, quarta via, quinta via.
Dificilmente haveria segundo turno se Ivete Garcia tivesse vencido as prévias, não Vanderlei Siraque.
Não necessariamente porque Ivete Garcia tenha mais qualidades que Vanderlei Siraque.
A diferença é que a governabilidade do Paço Municipal não estaria em frangalhos.
Nem o PT tão estilhaçado.
Goste-se ou não, nenhuma administração pública ou privada fica imune a desarranjos quando perde alguns, só alguns, importantes gerentes setoriais numa única batelada.
Imaginem então depois da evasão de 13 secretários.
As línguas mais ferinas dizem que enquanto o Corinthians foi rebaixado para a Segunda Divisão, a administração João Avamileno caiu para a Terceira.
A queda não se deu necessariamente pelo conjunto de nomes que ingressou nas secretarias deserdadas. Nem pelo agrupamento evadido.
Pesa muito mesmo a dificuldade de acertar o conjunto da equipe. É algo como um time de futebol integralmente desfeito e refeito com contratações a toque de caixa. É impossível que dê os mesmos resultados.
Além dos contratempos evidentes na esteira da dissensão que dominou o PT de Santo André depois do segundo turno, existe desconfiança generalizada dos formadores de opinião quanto à capacidade de reorganização administrativa da Prefeitura mesmo sob eventual comando de Vanderlei Siraque. Quadros, faltariam quadros para o eventual prefeito.
A ruptura no partido é praticamente incontornável. Eleitores mais bem informados temem que a crise dos 13 secretários perdure muito além do calendário do ano que vem. A renovação do mandato petista em Santo André seria vista com ressalvas.
Vanderlei Siraque precisará acertar o alvo da mensagem desarmadora de espíritos porque sua campanha à Prefeitura mergulha na crise petista. Goste ou não.
Os mais alarmistas fazem conjecturas sobre qual entre as outras vias que se apresentarão ao eleitorado será capaz de oferecer a contrapartida da segurança de novos tempos.
Não se exige nada semelhante ao que Celso Daniel apresentou com sua equipe durante seis anos, até ser abatido. Celso Daniel é extraclasse política, mesmo sem ter feito administração que resvalasse a perfeição.
O que pesa à intocabilidade como gerenciador público é a combinação de visão cosmopolita e senso de regionalidade que ultrapassa as armadilhas partidárias.
Celso Daniel chegou ao terceiro mandato no auge da maturidade. Estava pronto para concorrer ao governo do Estado, depois de ocupar o posto de ministro do Planejamento do governo Lula da Silva.
Não há ninguém com o perfil de Celso Daniel entre os candidatos à Prefeitura de Santo André. Seria até exagero e desumano exigir algo parecido porque também antes de Celso Daniel ninguém apareceu na praça regional com essa característica. Nem mesmo Lauro Gomes de Almeida, por demais partidário.
O deputado estadual Vanderlei Siraque já trabalha com a perspectiva de que gente importante do PT de Santo André não vai vestir a camisa vermelha.
E surgiu no horizonte uma trapalhada federal que poderá botar água no chope do que parecia ganhar os contornos de suporte decisivo para a sensibilização do eleitorado da periferia. Os mais de R$ 200 milhões previstos pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em Santo André, em obras de infra-estrutura física e de serviços, deverão diluir-se por conta da derrota do governo Lula da Silva na tentativa de renovação da CPMF.
Sem o PAC, a candidatura de Vanderlei Siraque não só estimula rima nada satisfatória como também coloca sob observação a projeção de arrebanhamento eleitoral de segmentos populacionais suscetíveis a mensagens de adversários que, certamente, não pouparão a incapacidade petista de cuidar da própria cozinha.
Como se observa, haja coração nas disputas do ano que vem em Santo André.
Provavelmente dois verbetes vão comandar as emoções. Os petistas deverão explorar “continuidade” em oposição à “renovação” das demais vias.
“Continuidade” ou algo parecido expressaria o que pesquisas de opinião garantem ter a administração petista em forma de aprovação popular, evidentemente que antes da crise.
“Renovação” ou algo parecido expressaria o que as mesmas pesquisas de opinião garantem em favor de quem queira quebrar o ciclo de vitórias petistas em Santo André.
Restará uma guerra de marketing para tentar demonstrar que Vanderlei Siraque não é exatamente um ramal confiável do PT de Celso Daniel que procurará levar aos eleitores. E que Salles, Serra, Duilio e Aidan, entre outros, seriam farinhas do mesmo saco de uma centro-direita sedenta de poder.
Guerra é guerra.
Que vença Santo André.