Já imaginava que não faltariam predadores inconformados com a costura teórica do quadro eleitoral no Grande ABC, mote da Reportagem de Capa de LivreMercado deste mês. A reprodução da matéria aos leitores virtuais se dará somente na próxima semana. Afinal, 155 mil exemplares foram impressos e a distribuição ainda não se completou.
Atingi o alvo que pretendia ao mexer com os nervos dos competidores. O pior dos castigos para qualquer jornalista é a indiferença.
Mal comparando, jornalismo é algo como telenovela: precisa destilar expectativa permanente para garantir audiência. Só não pode apelar para a baixaria, muito menos para a espetacularização, como, infelizmente, se tornaram rotina as pautas pobres de conhecimento.
O fato é que sem invadir o terreno da auto-suficiência, e até mesmo para que me permitisse o auto-questionamento da solidez de argumentações, construí o que chamaria de estrutura conceitual, sobre a qual procurei adensar o arrazoado de informações.
Chama-se Prova dos Nove o cromossomo de sustentação daquela Reportagem de Capa. Sem exagero, é espécie de Ovo de Colombo que os mais renomados cientistas políticos, muitos deles sem intimidade com especificidades municipais e regionais, jamais ousaram preparar.
Trata-se da mesma Prova dos Nove que na última segunda-feira enviei aos 221 membros do Conselho Editorial da revista LivreMercado para que, individualmente, escolhessem e hierarquizassem os três quesitos principais. Vale 13 pontos o quesito instalado em primeiro lugar, oito pontos o segundo e cinco pontos o terceiro. E assim vamos elaborar o ranking.
A escolha de prioridades da Prova dos Nove vai até o dia 21 próximo. Na edição de agosto de LivreMercado vamos reproduzir o resultado da enquete. Por conta da percepção dos conselheiros, será estabelecido quadro de valoração. Ou seja: a Prova dos Nove será esmiuçada em grau de importância, conforme a avaliação dos conselheiros.
O que posso dizer para um ou outro candidato a prefeito que se tenha sentido preterido pela Reportagem de Capa porque não consta da relação dos favoritos é que a melhor maneira de questionar este jornalista é consultar terceiros de bom senso, despidos de contaminação ideológica e individual. Quanto mais próximo do candidato, menos indicado é o interlocutor para avaliar aquele trabalho jornalístico.
Não preparei a lista de favoritos e de indefinições sob as bênçãos de oportunismo, compadrio ou qualquer outro objetivo. Repito para que não haja dúvida: fui escravizado na análise do quadro municipal da região com o acorrentamento conceitual da Prova dos Nove. Submeti-me livremente àqueles pressupostos. Preparei as próprias amarras da liberdade para não deslizar em preferências pessoais.
Pode parecer incongruente que haja liberdade nas amarras que organizei em forma de conceitos, mas para que não haja ninguém intervindo para apontar suposta contradição, lembro que as “amarras” entram aí em cima como metáfora. Propositadamente organizei o isolamento a influências de fatores menos representativos para desenhar com tintas de independência e imparcialidade o quadro atual das eleições no Grande ABC.
A dinâmica do voto é o melhor antídoto contra o arrazoado circunstancial da Reportagem de Capa. O eleitor não é uma pedra de gelo inatingível ao aquecimento da temperatura política que se dará daqui em diante. Resta saber quem saberá aproveitar a mobilidade implícita daqueles nove fatores que parametrizam o voto, uns mais que outros, mas sempre em processo de transformação.
Portanto, sebo nas canelas para os incomodados e maturidade aos que largaram na frente. O retrato do momento que flagrei na Reportagem de Capa não tem nada a ver com o futuro, que só a Deus pertence. Movi-me pelo passado que, convenhamos, a maioria tem dificuldades para entender.