Para efeitos jornalísticos, adotei na revista LivreMercado alguns critérios de interpretação dos números das pesquisas eleitorais no Grande ABC, perscrutados pelo Instituto Brasmarket.
Primeiro, considerei na segunda rodada os votos válidos, embora não desprezasse o que chamo de votos naturais.
Segundo, minimizei a margem de erro.
Terceiro, não escondi o nível de aprovação dos atuais prefeitos.
Quarto, adotamos em conjunto o que chamo de convicção de voto, que é algo como a solidez ou a volubilidade do quadro de acordo com os próprios eleitores que se posicionaram em favor de algum dos candidatos.
Explico os quatro pontos, bem rapidinho:
Primeiro, os votos válidos se aproximam cada vez mais da realidade conjuntural das urnas à medida que as eleições se aproximam. Entendi ao sugerir ao Instituto Brasmarket que o tratamento deveria ser este na edição de setembro de LivreMercado, já que em agosto optamos pelos votos naturais. Entre brancos, nulos e abstenções a margem de eleitores que não constam dos votos válidos oscila entre 20% e 25%. Os indecisos e os eleitores que dizem que não votariam em nenhum dos candidatos captados na pesquisa Brasmarket ultrapassam um pouco esse limite em alguns municípios da região, e estão na média histórica das urnas, em outros.
Segundo, há quem opte por interpretar os números manipulando a margem de erro e, na mesma edição, desprezam a mesma margem de erro. Prefiro a clareza e a segurança de formato único.
Terceiro, o nível de aprovação dos prefeitos é muito relevante na avaliação dos concorrentes, sejam eles os próprios prefeitos, sejam seus escolhidos. Há farta literatura sobre a influência de um bom governo no apontamento do sucessor ou da própria candidatura. E também os problemas decorrentes de elevada reprovação popular.
Quarto, o grau de convicção de voto ajuda a desbaratar parte de outras dúvidas, ou contribui também para elevar a temperatura de dificuldades avaliativas. Em municípios onde os votos estão fartamente canalizados para um determinado concorrente, a solidez de intenção de voto é uma ducha fria nos adversários. Onde o bicho está pegando, a volubilidade indica que muita água pode rolar sob a ponte.
Conheço uns maníacos por pesquisas eleitorais. Gente que parece ter mais prazer em ejacular alternativas do que outra coisa. Resolvi escrever este artigo para eles.