O São Caetano atuou dois terços do jogo em casa ante o Náutico com um jogador a menos, conseguiu um empate heróico de zero a zero mas a rodada do final de semana da Série B foi negativa para o time de Márcio Araújo, que reingressou na zona de degola. Tudo porque o ASA, candidato preferencial a ocupar a quarta e última posição de rebaixamento, venceu em Arapiraca o lanterninha Duque de Caxias por 2 a 0. A duas rodadas do encerramento do campeonato, o São Caetano tem 30% de possibilidades de cair, o ASA outros 30%, o Icasa 18%, Guarani 15%, Barueri 5%, Paraná 1% e ABC 1%%.
Veja a situação dessas equipes no campeonato e os dois jogos que faltam para cada uma, onde (C) é jogo em casa e (F) é jogo fora de casa:
Paraná com 49 pontos, 13 vitórias e jogos contra Sport (F) e Duque de Caxias (C).
ABC de Natal com 49 pontos, 12 vitórias e jogos contra Ponte Preta (F) e Americana (C).
Grêmio Barueri com 47 pontos, 13 vitórias e jogos contra Criciúma (F) e Salgueiro (C).
Guarani com 46 pontos, 13 vitórias e jogos contra Salgueiro (F) e Goiás (C).
Icasa com 46 pontos, 11 vitórias e jogos contra Goiás (F) e Portuguesa (C).
ASA com 45 pontos e 12 vitórias e jogos contra Bragantino (F) e Vitórias (C).
São Caetano com 45 pontos e 10 vitórias e jogos contra Vitória (F) e Criciúma (C).
Empate demais
O empate com o Náutico foi o 15º do São Caetano na Série B. Um recorde só registrado em 2006 pelo Ceará desde que a competição passou a ser disputada em turno e returno em pontos corridos. O Ceará fez 45 pontos nos 38 jogos daquela edição. Uma marca que o São Caetano já alcançou. A diferença é que a linha de corte do rebaixamento, como CapitalSocial antecipou, subiu demais com o maior equilíbrio entre as equipes e também porque jamais um último colocado, caso do Duque de Caxias, fez tão poucos pontos.
O que alivia estatisticamente a situação do São Caetano é que o perfil dos times já rebaixados à Série C é de soma muito maior de derrotas do que de empates. Embora a igualdade no placar valha apenas um ponto e se pressuponha que reincidência persistente desse resultado seja convite ao desastre classificatório, pelo menos para fugir da queda o histórico da Série B é mais cruel com as equipes que acumularam mais derrotas. Entretanto, o São Caetano não pode nem pensar em superar o Ceará como recordista porque aumentaria o grau de dificuldades para permanecer na Série B.
A situação do São Caetano é por demais desconfortável. O pior dos mundos acabou ocorrendo na rodada do final de semana. Retornar à zona de rebaixamento é um retrocesso, depois de escapar dessa situação há quatro rodadas. Até então, foram 75 dias e 76 noites entre os últimos colocados.
Para sair da degola na rodada deste sábado o São Caetano precisa alcançar um resultado favorável. Um empate com o Vitória em Salvador seria um resultado aparentemente dos sonhos, porque o ASA vai a Bragança Paulista. Tanto Vitória quanto Bragantino estão entre as equipes que disputam as duas últimas vagas à Série A. As outras são Ponte Preta e Sport Recife. Boa e Americana correm por fora.
Se prevalecer a tendência de tanto ASA como São Caetano perderem, o time de Alagoas entrará na rodada final ante o Vitória com a vantagem de depender apenas de seu resultado jogando em Arapiraca. O São Caetano também jogará em casa ante um Criciúma sem qualquer possibilidade de classificação e também longe de ameaça do rebaixamento.
Embora o Icasa tenha apenas um ponto a mais na classificação em relação ao São Caetano e ao ASA, os jogos que lhe restam são menos suscetíveis a dificuldades: enfrenta neste sábado o já sem possibilidade de classificação Goiás, em Goiânia, e joga a última partida em casa ante uma Portuguesa campeã da competição, mas sem maiores compromissos.
O Guarani tem 46 pontos como o Icasa, enfrenta fora de casa um Salgueiro rebaixado e poderá decidir permanência na Série B na última rodada em casa ante o desmobilizado Goiás.
Com 47 pontos, o Grêmio enfrentará o Salgueiro na última rodada em Barueri. Por isso o jogo deste sábado ante o Criciúma, em Santa Catarina, não altera substancialmente suas possibilidades. Paraná e ABC podem comemorar manutenção na Série B neste sábado mesmo com derrota. Basta que São Caetano ou ASA.
A falta que Nunes faz
O São Caetano não vence há quatro jogos – duas derrotas e dois empates — depois de somar 10 jogos seguidos de invencibilidade. Coincidentemente, desde que o centroavante Nunes se contundiu. Somente num desses jogos, contra o Guarani, o atacante foi aproveitado, mas sentiu contusão logo no início do jogo e foi substituído. Sem Nunes e com o reserva Ricardo Xavier no banco o tempo todo — ou entrando no final, como sábado passado — o São Caetano perdeu a funcionalidade tática. Anteriormente Nunes ficou muitos jogos fora da equipe também por contusão.
No empate contra o Náutico a rigidez do árbitro pesou ainda mais que a ausência de Nunes. Afinal, aos 27 minutos do primeiro tempo Evandro Rogério Roman expulsou o lateral Arthur por ter cometido infração desnecessária e, em seguida, por reclamar da marcação. A decisão obrigou o São Caetano a jogar o restante da partida quase que exclusivamente preocupado em se defender, esperando a sorte grande numa bola parada, de escanteio ou falta. E quase conseguiu sucesso porque aos 45 minutos do primeiro tempo, após falta batida curta por Antonio Flávio para Ailton completar com cruzamento na pequena área, Domingos acertou uma cabeçada no travessão e no rebote Preto Costa chutou de novo no travessão.
O domínio tático foi todo do Náutico por causa da expulsão de Arthur, mas o goleiro Luiz não chegou a fazer grandes defesas. O São Caetano foi de dedicação incomum no campeonato, encurtando os espaços ao adversário, recolhendo-se organizadamente na defesa.
A atuação do Náutico não deixou dúvidas sobre as virtudes de estar praticamente na Série A. A equipe reduz os espaços com sincronismo, recorre a contragolpes tanto em velocidade como em aproximações, faz a bola girar por todos os setores ofensivos, marca em duplicidade e sabe dosar o desgaste físico. Não foi à toa que o São Caetano dos últimos 20 minutos estava completamente esgotado fisicamente e teve de recorrer a substituições que recuperaram parte do fôlego perdido mas reduziram a qualidade técnica.
O técnico Márcio Araújo terá peso decisivo na definição da sorte do São Caetano nos dois últimos jogos. A injeção de ânimo no elenco ante o Náutico mostrou que o grupo está compromissado em salvar a equipe do rebaixamento, mas é preciso mais. Um centroavante de verdade, com a volta de Nunes ou um Ricardo Xavier mesmo irregular, ainda parece ser a melhor solução. O futebol está cansado de mostrar que os especialistas ajudam a fazer a diferença. São poucos os times que atuam sem um homem de área. Principalmente quando se tem pelo menos uma alternativa à disposição. Fora Nunes e Ricardo Xavier, o São Caetano só conta com meias-atacantes. O que não é a mesma coisa. Esses meias-atacantes poderiam se revezar na função de finalização, mas isso só é bem encaminhado em equipes bem organizadas, bem definidas taticamente. O São Caetano precisa recorrer ao mais simples para ser objetivo.
A escalação do zagueiro Revenson de volante só não comprometeu a atuação do São Caetano ante o Náutico porque a expulsão de Arthur obrigou a equipe a se defender. O excesso de volantes — três como base da estrutura tática — e a ausência de um segundo meia-atacante para fazer companhia a Ailton a partir do meio de campo — abrem vácuos ofensivos que os laterais Arthur e Bruno Recife procuram preencher. Arthur era a melhor válvula de escape ofensiva ante o Náutico. Pela direita o São Caetano equilibrava o jogo ofensivamente, já que Antonio Flávio e Geovane se revezaram pelo setor para dialogar com Arthur. Ao receber o cartão amarelo o lateral interrompeu o circuito de ataque de virtuosidades.
A esperança de que o resultado do ASA mantivesse o São Caetano fora da degola foi frustrada. O jogo em Arapiraca só terminou 45 minutos depois do empate do São Caetano. O zero a zero do primeiro tempo começou a desmoronar quando o árbitro assinalou infração num recuo involuntário de bola que o ASA transformou em gol. Na sexta-feira à noite o Icasa venceu em casa o Salgueiro.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André