Esportes

Virada memorável reduz o risco
de rebaixamento do São Caetano

DANIEL LIMA - 21/11/2011

O São Caetano reduziu para apenas 10% o risco de rebaixamento à Série C do Campeonato Brasileiro após a memorável virada de sábado em Salvador ante um Vitória que estava com um pé na Série A. Os 2 a 1 alcançados nos últimos minutos, gols de Antonio Flávio aos 43 e Geovane aos 48 do segundo tempo, provocaram fortes emoções e até lágrimas em jogadores das duas equipes e em torcedores.


 


Esse que foi um dos jogos mais dramáticos da temporada mostrou uma das facetas do São Caetano, namoradinha do Brasil na primeira década deste século: o peso da camisa ajuda a conduzir o time a reações espetaculares tanto quanto a acomodações irritantes. Depende apenas das circunstâncias.


Salvador jamais vai esquecer aquele time de azul que, numa noite de terror ou de encanto, dependendo do ponto de vista, fez o Barradão emudecer.


 


Agora que o São Caetano depende apenas de suas forças para permanecer na Série B, espera-se que a semana de preparação para o jogo deste sábado no Estádio Anacleto Campanella ante um Criciúma que não tem mais nada a fazer no campeonato tenha a expectativa de uma final de campeonato.


 


Chegar à última rodada sem depender de outro resultado, exceto o que pode construir, é uma dádiva. Afinal, o Azulão esteve à beira do rebaixamento durante a rodada de sábado. Perdia por um a zero para o Vitória e bastava o Icasa vencer o Goiás em Goiânia para que fosse decretada a degola definitiva. A virada durante um período em que o jogo de Goiânia não havia terminado -- e acabou mesmo sem gols -- foi um resultado épico.


 


Agora está faltando preencher uma vaga na Série A do Campeonato Brasileiro do ano que vem, e também uma vaga na Série C. Na ponta da tabela, Portuguesa, Náutico e Ponte Preta ainda comemoram o acesso. Sport, Bragantino, Vitória, Boa e Americana jogam pela vaga final. Já na parte de baixo, além do São Caetano ainda correm risco de rebaixamento o Icasa (favorito à queda com 45% de possibilidades), ASA (35%), Paraná (5%), Guarani (2,5%) e ABC de Natal (2,5).


 


Situação dos rebaixáveis


 


 O Icasa tem 47 pontos e precisa vencer em casa a campeã Portuguesa e torcer por pelo menos um empate do São Caetano. Assim, o time cearense somaria 48 pontos e superaria a equipe da região no número de vitórias (tem 11 e passaria a 12, contra 11 do São Caetano).


 


 O São Caetano tem 48 pontos e escapa do rebaixamento com vitória ante o Criciúma. Até a derrota serve, desde que o Icasa perca para a Portuguesa.


 


 O ASA joga em casa contra um Vitória que precisa vencer de qualquer maneira. Com 48 pontos e 13 vitórias (duas a mais que São Caetano e Icasa), o ASA só será rebaixado se perder e Icasa e São Caetano vencerem.


 


 O Paraná tem 49 pontos e 13 vitórias. Só precisa de empate em casa ante o Bragantino para fugir do rebaixamento. Mesmo com derrota poderá escapar, desde que pelo menos um de três concorrentes (ASA, São Caetano e Icasa) não vença.


 


 O Guarani tem 49 pontos e 14 vitórias. Também joga por simples empate em casa com o Goiás. Mesmo se perder estará garantido na Série B do ano que vem, desde que Paraná, ASA, São Caetano e Icasa não vençam. Ou seja: além de perder, todos esses concorrentes precisam vencer.


 


 O ABC tem 50 pontos e 12 vitórias. O empate também o classifica, mas pode até perder para o Americana em Natal, desde que qualquer uma das demais equipes ameaçadas não vença na rodada.


 


A disputa pela Série A


 


 O Sport tem 58 pontos e 16 vitórias. Vitória em Goiás ante o Vila Nova é suficiente para subir. Se empatar pode ser ultrapassado por Bragantino (58 pontos) Vitória (57) e Boa (56) que também têm 16 vitórias.


 


 O Bragantino, também com 58 pontos e 16 vitórias, precisa conseguir ante o Paraná, em Curitiba, um resultado melhor que o do Sport em Goiânia. Se vencer e o Sport vencer, estará de novo na Série B do ano que vem, por conta do saldo de gols (17 a 13). Se vencer e o Sport empatar, comemorará a classificação.


 


 O Vitória tem 57 pontos e 16 vitórias. Precisa vencer o ASA em Arapiraca e contar com empate do Sport em Goiânia e do Bragantino em Curitiba.


 


 O Boa Esporte tem 56 pontos e 16 vitórias. Precisa vencer o rebaixado Duque de Caxias no Rio de Janeiro e contar com derrotas do Sport e do Bragantino e no mínimo de empate do Vitória.


 


 O Americana tem 56 pontos e 15 vitórias. Precisa vencer o ABC em Natal e contar com derrotas de Sport, Bragantino, Vitória e Boa Esporte.


 


Mudanças providenciais


 


O segundo tempo do jogo em que o São Caetano virou o placar em Salvador não marcou apenas a troca de camisa do time de Márcio Araújo. A camisa azul que construiu a fama da equipe na primeira década desde século teria sido utilizada na segunda etapa por superstição numa das versões de vestiários, que comportavam outra informação: fazia muito calor e a camisa


branca absorvia demais os efeitos dos raios solares.


 


O que mudou mesmo para valer no São Caetano foi a postura tática. Novamente o técnico Márcio Araújo insistiu durante todo o primeiro tempo num 4-3-1-2 obsoleto, com três volantes pouco móveis, um articulador (Ailton) isolado e dois atacantes (Antonio Flávio e Geovane) com dificuldades de jogar de costas para o gol adversário, uma especialista dos centroavantes. Eles são segundo-atacantes.


 


Mesmo sem imprimir domínio tático e técnico que pudesse tranquilizar os 40 mil torcedores que foram ao Barradão, o Vitória foi melhor que o São Caetano durante toda a primeira etapa. A equipe procurou o ataque, principalmente pelas laterais. O gol do zagueiro Jean aos 13 minutos foi irregular: ele estava em posição de impedimento. Dois minutos depois o mesmo bandeirinha compensou o erro ao anular gol de Xuxa em posição normal.


 


O Vitória jogava com muita intensidade, com rápidas trocas de passes, infiltrações, mas o São Caetano resistia bem. Mas incomodava muito pouco porque a distância que separava o meio de campo defensivo e um ataque sem poder de infiltração, tornava as jogadas previsíveis. Um chute forte de fora da área de Revson foi o momento mais agudo da equipe na primeira etapa.


 


Com Souza no lugar de Revson no segundo tempo o São Caetano ganhou mais maleabilidade no meio de campo e começou a dar dor de cabeça a um Vitória que já não marcava com tanta eficiência. Aos poucos o São Caetano passou a ter a iniciativa de jogo, a soltar mais os laterais, a ter a posse de bola mais tempo e a imprimir um ritmo de maior velocidade a partir dos avanços de Souza na quebra da marcação adversária. Mas mesmo assim seguia com dificuldades para chegar ao gol do Vitória. Um excesso de preciosismo de Antonio Flávio que poderia ter arrematado com possibilidade de sucesso, mas que preferiu um toque a mais, levou o goleiro Luiz à loucura.


 


Entra um especialista


 


A entrada de um especialista no ataque do São Caetano – o centroavante Ricardo Xavier, aos 29 minutos, no lugar de um Ailton cansado -- ajudou a mudar o resultado. Ele participou ativamente do segundo gol aos 48 minutos: fez pressão nos zagueiros, o São Caetano recuperou a bola, e Geovane arrematou da entrada da área. Era o gol de uma virada que começara cinco minutos antes, aos 43, quando Souza bateu uma falta da direita e Antonio Flávio, na risca da grande área, acertou de cabeça no canto do goleiro.


 


Quando o árbitro terminou o jogo, o que se viu no Barradão foi uma mistura de festa e drama. Jogadores do São Caetano se abraçaram e até choraram para comemorar o que pode ser a porta da redenção de um rebaixamento iminente, enquanto os jogadores do Vitória não escondiam as lágrimas por conta de uma derrota que deve manter a equipe na Série B.


 


Agora resta apenas ao São Caetano jogar com a mesma seriedade e dedicação contra o Criciúma para encerrar sem traumas uma temporada mais que discreta. Longe da Série C de baixíssima visibilidade midiática e empresarial, vetor que faz a diferença entre embalar a expectativa de voltar à Série A ou mergulhar nas brumas de um calendário errático.


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