Não me arrisco a responder com convicção à pergunta do título porque não sou maluco nem pretendo enganar o distinto público. Como vou escrever que o São Caetano reformulado em considerável número de jogadores (foram anunciadas 11 contratações) vai voltar aos bons tempos na Série A do Campeonato Paulista sem conhecer em detalhes a força individual e coletiva dos adversários do mesmo nível e também dos menos apetrechados? E como definir a sorte do São Bernardo e do Saged, ex-Ramalhão, na Série B do Estadual, se também contratações não faltaram mas, pior dos mundos, os adversários são praticamente desconhecidos, embora vários de marcas tradicionais?
Se todos fossem fartamente devassados pela mídia, como no caso do Campeonato Brasileiro da Série A, tudo poderia ser diferente. Mas mesmo assim com um pé atrás. Quem imaginou que o Cruzeiro, apontado como um dos favoritos ao título da temporada passada, caísse tanto pelas tabelas e disputasse o último jogo sob risco de rebaixamento?
Ou que um então Santo André de 2010, recém-rebaixado na Série A do Brasileiro, fosse disputar a final do Estadual com o Santos de Robinho, Neymar, Ganso e companhia e, mais que isso, impusesse ritmo de campeão que uma bola na trave no final do jogo impediu?
Tomara que erre
Espero estar enganado em relação ao São Caetano porque, por mais paradoxal que pareça, já que o técnico Márcio Araújo conseguiu somar 60% dos pontos disputados na Série B do Campeonato Brasileiro do ano passado, ajudando a livrar a equipe do rebaixamento, teria dúvidas em esticar seu contrato até o final do Estadual desta temporada. Aliás, o contrato já estava automaticamente estendido.
Que birra tenho do Márcio Araújo a ponto de, mesmo com tudo o que fez, não priorizá-lo na equipe desta temporada? Nenhuma, absolutamente nenhuma. Apenas uma avaliação judiciosa de que, embora sério e de caráter exemplar, segundo contam os boleiros com os quais conviveu e convive, está muito aquém do nível de competitividade de uma equipe do passado e das pretensões do São Caetano.
Márcio Araújo foi um bálsamo ao São Caetano no ano passado. O ambiente exigia um profissional da conciliação, mas jamais se mostrou tático e estrategista, atributos que fazem a diferença. É possível sim salvar um time da queda com profilaxia ambiental. Mas é praticamente improvável alcançar resultados mais expressivos apenas com bons relacionamentos internos. Sorte de Márcio Araújo que o São Caetano costuma disponibilizar alternativas individuais muito acima da média das equipes de tamanho esportivo-social semelhante.
Tomara que Márcio Araújo tenha acertado em cheio nas indicações de reforços e nas decisões de dispensas de atletas, porque o São Caetano oferece todas as condições para alguém capacitado mostrar serviço.
O desafio da equipe nesta temporada é alcançar o mínimo indispensável no aspecto coletivo: um sistema defensivo confiável e um sistema ofensivo definidor. Nada que tenha obtido no ano passado, exceto em alguns jogos memoráveis. Como a virada ante o Vitória em Salvador, na penúltima rodada, livrando-se praticamente do rebaixamento, ou em alguns jogos ante grandes paulistas, no Campeonato Estadual.
São Bernardo melhor?
O que esperar do São Bernardo e do Saged de Ronan Maria Pinto na Série B do Campeonato Paulista? Boto mais fé no São Bernardo, porque a base da equipe foi estruturada na temporada passada e acaba de receber de reforço cedido pelo São Caetano, Luciano Mandi, que, bem explorado, dentro das características de segundo atacante pela direita, preferencialmente, poderá dar opção formidável de contragolpes e também de bolas aéreas.
O Saged que veste a camisa do Esporte Clube Santo André, embora não tenha absolutamente nada a ver com o passado e o presente da agremiação, é uma loteria. Trata-se o Saged de empreendimento comercial isolado de qualquer porosidade clubística e social e, mais que isso, às turras com o governo municipal por conta de questões que vão muito além das quatro linhas.
Remontado sobre os escombros da equipe rebaixada à Série D do Campeonato Brasileiro (salva de queda legal por conta de um adversário desastrado que escalou um jogador em situação irregular) qualquer resultado do Saged não será surpresa. Inclusive uma boa surpresa. Porque é assim que se move a engrenagem de tudo que é conduzido por Ronan Maria Pinto. Ou seja: o imponderável aparece com toda a força. Para o bem e para o mal.
Ainda sobre a pergunta relativa ao título, fujo pela tangente mas nem tanto: após seis rodadas será possível ao menos ter uma ideia mais bem delineada sobre o que os times da região vão fazer nos dois estaduais. Com mais dificuldades para apurar o calibre na Série B, porque os meios de comunicação não dão bola para o campeonato, ao centralizar o fogo de interesses de marketing na Série A e na Taça Libertadores, principalmente.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André