Tudo indica que se ao final deste ano alguém pretender sugerir um ranking do que existe de mais complicado, vergonhoso e antipedagógico à suposta cidadania da Província do Grande ABC, não deixará de apontar com ampla possibilidade de vitória essa dupla do barulho que está a constranger quem tem um mínimo de paixão pelo futebol: a Administração Aidan Ravin na vertente esportiva e o Saged, que veste a camisa do Esporte Clube Santo André mas não tem nada a ver com a história da agremiação.
A demolição do estruturalmente fragilizado setor de arquibancadas cobertas do Estádio Bruno Daniel é um marco da debacle do futebol da cidade, outrora mantido aos trancos e barrancos pelo Esporte Clube Santo André mas, sempre, resistente e sob absoluto controle econômico-financeiro. O Ramalhão mantinha-se de acordo com o figurino de receitas. Um excesso aqui outro ali jamais lhe tolheu o destino.
Quando a direção do Esporte Clube Santo André decidiu converter a agremiação em empreendimento empresarial porque os tempos são outros e o modelo precisava ser reconfigurado, não se imaginava que o Saged seria um trambolho tão hermético, desajustado e equidistante de qualquer sentimento mais nobre. Novos cristãos esportivos se meteram numa seara de especialistas e quebraram a cara, principalmente porque se imaginaram craques na arte de contratar e vender.
A interdição do Estádio Bruno Daniel, por conta dos escombros das arquibancadas cobertas e da interrupção de obras de um muro que supostamente daria mais segurança a torcedores e atletas, é mais um capítulo a ser catalogado como exemplo a ser abominado. O Saged vai ter de se virar para mandar jogos fora de casa. É prejuízo na certa, e não apenas financeiro. Eventuais derrotas encontrarão na Administração Aidan Ravin escoadouro sintomático. Até mesmo para aliviar a barra da direção do Saged. O jogo de empurra-empurra promete novos capítulos. É preferível assistir o BBB. Pelo menos dá para se divertir. Aliás, mais diversão que acompanhar declarações de supostas lideranças regionais, especialistas em embromação.
Campo minado
É claro que o relacionamento entre a Administração Aidan Ravin e o Saged passa por outros mata-burros, não apenas pela trilha esportiva. É inconcebível que em condições normais não haja interesse de a Prefeitura sustentar relações diplomáticas com o oficialmente representante do futebol da cidade. Mesmo que esse representante seja uma empresa comercial a léguas de distância do modelo comunitário com que sonhou o então presidente do Esporte Clube Santo André, Jairo Livolis, quando liderou a operação que culminou na criação do Saged.
Há outros pontos relevantes mas convenientemente mascarados que ajudam a engrossar o caldo de animosidade entre Saged e Administração Aidan Ravin. O relacionamento da direção do Diário do Grande ABC com o prefeito é uma via explícita de intrigas. Mesmo correndo riscos de desgaste de imagem que o Diário do Grande ABC implícita em proporções menores do que muitos imaginam, mas que ajudam a contar no ranking de desprestígio, o prefeito Aidan Ravin não está inclinado a recuar.
O Saged é analisado pela Administração Aidan Ravin como espécie de Cavalo de Tróia. O homem que foi tão abençoado pelo Diário do Grande ABC na campanha que o levou à Prefeitura de Santo André parece não temer represálias. Talvez tema mais Temer, vice-presidente da República, que ameaça retirar o apoio do PMDB nas eleições municipais.
O que a Imprensa em geral e a da Província do Grande ABC em especial precisam introduzir no noticiário, a bem da verdade, da realidade e das condições legais, é que o Esporte Clube Santo André não tem nada a ver com o abacaxi. As desavenças que ora se divulgam envolvem exclusivamente uma empresa comercial cujo mandatário é Ronan Maria Pinto, também presidente do Diário do Grande ABC, e a Prefeitura de Santo André. O Esporte Clube Santo André não tem relação nenhuma com o caso. O nome da agremiação é utilizado apenas nos gramados, por conta de exigências da legislação esportiva.
Hermetismo diretivo
Para o bem e para o mal dos resultados dos últimos quatro anos e meio, o Saged é quem de fato e de direito arca com as responsabilidades da equipe que entra
Ao fazer-se de vítima e ao utilizar o nome do Esporte Clube Santo André como objeto de suposta retaliação da Administração Aidan Ravin, o que o Saged quer de fato é tirar a responsabilidade da reta. Como a Administração Aidan Ravin é absolutamente escassa de inteligência de marketing, o custo de tantas bobagens acaba distribuído de forma indevidamente desigual.
É possível que a Administração Aidan Ravin cometa o desatino de projetar o prestígio do Saged levando em consideração apenas os empedernidos gatos pingados que frequentam o Estádio Bruno Daniel. Daí, portanto, não dar a menor bola. Essa avaliação é um equívoco: ainda há muita gente, passivamente é verdade, que desconhece a substituição do Santo André pelo Saged e dedica, mesmo longe dos estádios, um certo grau de interesse pela agremiação. Até que isso se dissolva como antiácido, num processo inexorável que está a pleno vapor, o prestígio do administrador público se deteriora no campo esportivo. Não bastassem as trapalhadas nos esportes semiprofissionais, entregues às baratas.
Estamos ante um caso típico de confronto de Nhô Ruim versus Nhô Pior. Se o leitor não sabe quem é o primeiro e quem é o segundo demonstra intimidade enorme com a situação, porque se apontar um dos dois lados como Nhô Ruim ou Nhô Pior está sendo parcial. A dúvida sobre quem é quem é a resposta mais acertada, porque mantém ambas as partes como altamente suspeitas na capacidade de despertar desencanto.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André