O técnico Márcio Araújo exagerou mais uma vez na manutenção de um time desgastado no segundo tempo e como o São Paulo não é nem a Ponte Preta nem o Linense, o São Caetano acabou perdendo o jogo de sábado no Morumbi por
Repetir a fórmula dos jogos anteriores no campeonato talvez não seja o ideal. O São Caetano é um time francamente defensivo, forte na marcação, e que faz do contragolpe a arma principal. Foram assim nos três jogos, quando envolveu no primeiro tempo a Ponte Preta, o Linense (até os 30 minutos) e o São Paulo. E o enredo do segundo tempo foi o mesmo: o time perdeu a resistência física, o técnico assistiu passivamente à desintegração tática e só fez alteração individual quando já não havia mais tempo para nada.
Com quatro zagueiros, três volantes (Moradei, Augusto Recife e o surpreendente Anselmo), dois articuladores no meio de campo (o agressivo Geovane e o ainda discreto Marcelo Costa) e um atacante isolado, Betinho, o São Caetano deu um nó tático no São Paulo no primeiro tempo no Morumbi. Sem Arthur, negociado com o Palmeiras, o técnico Márcio Araújo escalou Daniel na lateral-direita.
A surpresa foi a função tática reservada a Moradei: como Daniel ficou o tempo todo preso na marcação do habilidoso Fernandinho, Moradei ganhou liberdade para atacar de surpresa. E foi assim que, depois de desperdiçar duas oportunidades, fez o gol aos 17 minutos, recebendo passe em diagonal de Geovane, em rápido contra-ataque.
O São Caetano acabava de empatar o jogo cujo placar foi inaugurado por Luiz Fabiano um minuto antes, numa rápida troca de passes com Fernandinho pelo meio. Foi o primeiro gol que o São Caetano sofreu em jogada organizada pelo adversário. Contra o Linense dois gols foram de bola parada e o terceiro após perde e ganha ditado pela chuva torrencial.
Um sistema sólido
Nada de anormal que o São Caetano dificulte penetrações dos adversários. O time de Márcio Araújo é monolítico na marcação e no posicionamento com três volantes. Não sobra espaço para o adversário atacar por dentro ou pelas extremas. Pelo menos até que algumas peças comecem a dar sinais de esgotamento físico.
Anselmo, Marcelo Costa e Betinho são os mais sensíveis ao desgaste. O gol da vitória do São Paulo, aos 32 minutos do segundo tempo, foi resultado disso. Anselmo já não conseguia acompanhar Lucas nas penetrações em diagonal e não evitou que o atacante sãopaulino chutasse da entrada da área, uma de suas principais características. O goleiro Luiz estava mal posicionado e transmitiu a sensação de que fez da bola algo como uma borboleta, que tentou apanhar com uma invisível raquete. Tudo porque deu um passo à frente e se posicionou mal.
O resultado foi justo para o São Paulo e um castigo para Márcio Araújo. Pelo menos o técnico Emerson Leão se mexeu no banco de reservas. No intervalo, substituiu o inoperante Cícero pelo mais ofensivo e melhor passador Maicon, que veio do Figueirense. Com Maicon, Moradei foi obrigado a prender-se mais na marcação. Some-se a isso o cansaço de jogadores importantes, não restou ao São Caetano senão enfiar-se campo defensivo adentro.
O São Paulo não conseguia penetrar, mas avançava as linhas, procurava as laterais do campo e controlava tática e tecnicamente o jogo. Até que o gol saiu. Somente depois disso Márcio Araújo utilizou duas das três substituições a que tinha direito. Trocou o volante Augusto Recife pelo armador Kleber e, mais à frente, o lateral Daniel pelo atacante Thiago Silvy. Faltavam quatro minutos. Tarde demais.
Como será quarta?
A indagação que se faz para o jogo desta quarta-feira à tarde no Estádio Anacleto Campanella diante do XV de Piracicaba é se Márcio Araújo manterá os jogadores e o esquema tático dos três primeiros jogos. Se é verdade que, finalmente, o São Caetano parece ter encontrado um jeito de jogar -- defendendo em bloco e atacando em velocidade -- o que esperar se o adversário, menos dotado e provavelmente interessado em defender-se primeiro, meter-se defesa adentro também?
Terá Márcio Araújo flexibilidade para descartar a máxima de que time que está dando certo não se mexe ou preferiria a opção lógica de que, da mesma forma de que em cada cabeça há uma sentença, no futebol cada jogo é uma realidade diferente. Seja qual for o time que Márcio Araújo resolva escalar, espera-se que não deixe de observar a queda física de alguns jogadores mais exigidos por um sistema tático que tem tudo para tornar o time mais competitivo que no ano passado.
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