O São Caetano que empatou (1-1) em casa nesta quarta-feira ante o XV de Piracicaba sinalizou a repetição de Antigo drama de quem já foi a namoradinha do Brasil: não consegue enfrentar equipes de menor poderio técnico com a desenvoltura com que se apresenta na maioria dos jogos ante os grandes do futebol paulista e brasileiro. A Síndrome de Golias mais uma vez sobreviveu. O resultado acabou sendo generoso. O goleiro Fábio, substituto do contundido Luiz, fez defesas impressionantes.
O técnico Márcio Araújo fez o tempero tático correto para enfrentar um adversário que só até então somara um em nove pontos disputados: trocou um terceiro volante, Augusto Recife, pelo armador Kleber. O esquema 4-3-2-1 defensivo dos três primeiros jogos contra Ponte Preta, Linense e São Paulo ganhou robustez ofensiva com o 4-2-2-2. Mas a impressão que ficou mesmo no primeiro tempo, quando a equipe não chegou a decepcionar completamente, é que o time jamais treinara com essa formação.
Houve falhas demais. No segundo tempo, degringolou de vez. A saída de Kleber e a entrada de Isael colocaram o time num antiquado 4-2-4, sem articulação no meio de campo já que Marcelo Costa segue irregular e distante da zona de organização.
Após quatro rodadas, cinco pontos ganhos e oscilações cristalizadas por conta da baixa resistência física de vários jogadores, qualquer especulação sobre o futuro do São Caetano na Série A do Campeonato Paulista é temeridade. O time de Márcio Araújo dava mostras de que o sistema defensivo seria o ponto alto, mas o jogo de ontem causou inquietação. A defesa torna-se vulnerável demais se o adversário avançar com mais jogadores, porque o meio de campo não acompanha na marcação. Exatamente o que falta ao São Caetano ofensivo, porque o lateral Daniel está chegando agora e Diego, por mais que avance, ainda não foi inteiramente descoberto pelos companheiros. Em resumo, o São Caetano é um time previsível demais.
O que fazer agora?
É muito provável que o técnico Márcio Araújo queime pestanas para o jogo deste domingo contra o Guarani no Estádio Anacleto Campanella. A equipe campineira ocupa situação semelhante a do XV de Piracicaba no ranking tático que o Azulão pré-desenha para definir-se. Não seria o Guarani do exato tamanho do XV, mas já foi o tempo que impunha mais respeito. Fora da Série A do Campeonato Brasileiro e após dois rebaixamentos seguidos na Série A do Paulista, o Guarani possivelmente está numa escala de valores que obriga o São Caetano, jogando em casa, a descartar o contra-ataque como opção de jogo, como a Ponte Preta.
E é justamente nesse ponto que mora o perigo, conforme mostrou o jogo com o XV. A alternativa mais ofensiva não só se revelou pobre como comprometeu o sistema defensivo. Será que Márcio Araújo vai voltar ao sistema anterior? É provável, principalmente se o que levou a campo ontem tenha sido um monumental improviso, ou seja, um time que jamais teria treinado sob aquela concepção tática.
O que preocupa mais na execução de jogo do São Caetano é a falta de competitividade durante a maior parte do tempo. A marcação preventiva é frouxa. Nem pensar em marcação por pressão durante algum tempo, como se esperava ante o XV. Em nenhum momento o São Caetano deu a entender que era o mandante do jogo. Tanto que o XV começou melhor e só aos poucos o São Caetano equilibrou e passou a ter certo domínio tático. Principalmente porque Kleber se posicionava mais adequadamente e corrigia os vácuos deixados por Marcelo Costa, ainda fora de sintonia. Mas o meio de campo atuava de forma estática demais. Anselmo demorou para deixar a zona de combate e Moradei preferiu ficar mais fixo durante todo o tempo.
O segundo tempo foi um desastre porque a saída de Kleber provocou um rombo na armação. Isael é atacante e se meteu intermediária adiante juntamente com Geovane e Betinho, depois Pedro Júnior, enquanto Marcelo Costa movimenta-se pouco atrás do trio. O XV teve mais mobilidade, avançou os laterais em sincronia, enfiou um segundo atacante (Hugo) entre os zagueiros para confundir a marcação e quando fez
Mesmo com 10 jogadores nos últimos 15 minutos o XV de Piracicaba não sofreu pressão para sustentar o empate. O São Caetano foi malemolente e apressado demais. E deve agradecer ao goleiro Fábio que, até antes da expulsão de Toninho, fez pelo menos três defesas facilitadas pela envergadura de dois metros de altura. Algo que o titular Luiz provavelmente não conseguiria.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André