Esportes

São Caetano regride, faz pior jogo
da temporada e emite sinais de alerta

DANIEL LIMA - 06/02/2012

Único representante da região na Série A do Campeonato Paulista (São Bernardo e Saged-Ramalhão foram rebaixados no ano passado) o São Caetano chegou à quinta rodada emitindo sinais de risco de rebaixamento. Com apenas cinco pontos ganhos em 15 disputados, o São Caetano tem índice de rendimento médio de quem cairia para a Segunda Divisão. O futebol que apresentou na derrota de ontem em casa ante o Guarani de Campinas por 1 a 0 foi sofrível. O segundo tempo só não superou o primeiro porque há certas coisas na vida que não conseguem ser piores do que já foram.


 


O São Caetano já emitiu sinais claros de que não sabe atacar. É extremamente previsível. O mesmo conjunto de jogadores que sabe fechar os espaços defensivos é incapaz de juntar-se para chegar ao gol adversário. Pior dos cenários é constatar que, inquieto com a frouxidão ofensiva, o técnico Márcio Araújo reage mal e desestrutura o sistema defensivo.


 


O que fez no segundo tempo de ontem no Estádio Anacleto Campanella, logo após o gol do Guarani em cobrança de escanteio desviada de cabeça na entrada da pequena área, foi uma barbaridade. Dominado taticamente, o São Caetano piorou como coletivo ainda mais quando o técnico trocou o lateral Daniel, um bom marcador, pelo afoito atacante Isael. Com isso, Márcio Araújo abriu uma avenida pela esquerda do ataque do Guarani, ponto mais forte do adversário, e congestionou o setor ofensivo de inutilidades, porque não havia um organizador de jogadas.


 


Parece pouco, mas um técnico que desorganiza completamente a equipe é um técnico à beira de um ataque de nervos, embora Márcio Araújo sempre pareça no céu da tranquilidade. Por que Sabiá saiu?


 


Abrir a defesa, mexer no meio de campo e tumultuar o ataque com a substituição de Daniel não foram os únicos equívocos do treinador. Ele voltou a escalar mal a equipe. Substituiu o sempre bem colocado Eli Sabiá, zagueiro que inicia boa parte das saídas de bola defensiva, por um ainda fora de forma Jorge Luiz, um dos reforços contratados para a temporada. Uma mudança completamente desnecessária. Eli Sabiá e Preto Costa se completam em características técnicas.


 


Além de mudar desnecessariamente a defesa, Márcio Araújo voltou a insistir no 4-2-2-2 que introduziu na equipe no jogo anterior, também no Anacleto Campanella. Não que o modelo seja intrinsecamente ruim. É até aconselhável em casa ante adversários do mesmo tamanho ou menores. O problema é que se repetiu a situação anterior de baixa mobilidade dos jogadores.


 


O São Caetano é um time sem movimentação intensa. Vive de passes esticados, de jogadas mais que previsíveis. O Guarani, como o XV de Piracicaba, mexeu-se o tempo todo, com troca insistente de posicionamento dos jogadores. O São Caetano é estático. Triangulações são raras. O chamado ponto futuro não existe. Os deslocamentos são morosos.


 


Melhores momentos?


 


O melhor retrato da inoperância do São Caetano é a ausência completa de algum dos "melhores momentos" do jogo transmitido pela TV. Se for aplicada uma edição honesta, sem firulas, apenas um chute rente à trave do atacante Pedro Júnior, que entrou no segundo tempo, mereceria ser lembrado. O primeiro tempo, mesmo com benevolência, não teria um lance sequer, porque o São Caetano simplesmente não incomodou o adversário, muito mais organizado.


 


Ultrapassada a marca de 25% dos jogos da Série A do Campeonato Paulista, a conclusão a que se chega é que o técnico Márcio Araújo precisa simplificar para não complicar o horizonte. O time que iniciou a competição vencendo a Ponte Preta por 1 a 0 contava com quatro zagueiros e três volantes é a base de uma recuperação com probabilidade de estabilização. O que resta ao treinador é ajeitar o time do meio de campo para a frente.


 


Há jogadores no banco de reservas do São Caetano mais apetrechados para dar densidade à equipe, casos de Ailton e Allan, além do atacante Pedro Júnior, que já poderia ser aproveitado desde o começo. Mexer no sistema defensivo, principalmente com substituições descabidas, como a do lateral direito Daniel, obrigando o deslocamento de Moradei à função, e substituir um zagueiro discreto mas eficiente como Eli Sabiá, revelam um descuido e tanto do treinador e, mais que isso, um inversão de prioridades. O problema é o sistema ofensivo, é o sistema ofensivo, é o sistema ofensivo.


Leia mais matérias desta seção: Esportes

Total de 985 matérias | Página 1

05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André
26/07/2024 Futuro do Santo André entre o céu e o inferno
28/06/2024 Vinte anos depois, o que resta do Sansão regional?
11/03/2024 Santo André menos ruim que Santo André. Entenda
05/03/2024 Risco do Santo André cair é tudo isso mesmo?
01/03/2024 Só um milagre salva o Santo André da queda
29/02/2024 Santo André pode cair no submundo do futebol
23/02/2024 Santo André vai mesmo para a Segunda Divisão?
22/02/2024 Qual é o valor da torcida invisível de nossos times?
13/02/2024 O que o Santo André precisa para fugir do rebaixamento?
19/12/2023 Ano que vem do Santo André começou em 2004
15/12/2023 Santo André reage com “Esta é minha camisa”
01/12/2023 São Caetano perde o eixo após saída de Saul Klein
24/11/2023 Como é pedagógico ouvir os treinadores de futebol!
20/11/2023 Futebol da região na elite paulista é falso brilhante
16/10/2023 Crônica ataca Leila Pereira e tropeça na própria armadilha
13/10/2023 Por que Leila Pereira incomoda tanto os marmanjos do futebol?
10/10/2023 São Bernardo supera Santo André também no futebol
10/08/2023 Santo André prestes a liquidar R$ 10 mi de herança do Saged