Único representante da região na Série A do Campeonato Paulista (São Bernardo e Saged-Ramalhão foram rebaixados no ano passado) o São Caetano chegou à quinta rodada emitindo sinais de risco de rebaixamento. Com apenas cinco pontos ganhos em 15 disputados, o São Caetano tem índice de rendimento médio de quem cairia para a Segunda Divisão. O futebol que apresentou na derrota de ontem em casa ante o Guarani de Campinas por
O São Caetano já emitiu sinais claros de que não sabe atacar. É extremamente previsível. O mesmo conjunto de jogadores que sabe fechar os espaços defensivos é incapaz de juntar-se para chegar ao gol adversário. Pior dos cenários é constatar que, inquieto com a frouxidão ofensiva, o técnico Márcio Araújo reage mal e desestrutura o sistema defensivo.
O que fez no segundo tempo de ontem no Estádio Anacleto Campanella, logo após o gol do Guarani em cobrança de escanteio desviada de cabeça na entrada da pequena área, foi uma barbaridade. Dominado taticamente, o São Caetano piorou como coletivo ainda mais quando o técnico trocou o lateral Daniel, um bom marcador, pelo afoito atacante Isael. Com isso, Márcio Araújo abriu uma avenida pela esquerda do ataque do Guarani, ponto mais forte do adversário, e congestionou o setor ofensivo de inutilidades, porque não havia um organizador de jogadas.
Parece pouco, mas um técnico que desorganiza completamente a equipe é um técnico à beira de um ataque de nervos, embora Márcio Araújo sempre pareça no céu da tranquilidade. Por que Sabiá saiu?
Abrir a defesa, mexer no meio de campo e tumultuar o ataque com a substituição de Daniel não foram os únicos equívocos do treinador. Ele voltou a escalar mal a equipe. Substituiu o sempre bem colocado Eli Sabiá, zagueiro que inicia boa parte das saídas de bola defensiva, por um ainda fora de forma Jorge Luiz, um dos reforços contratados para a temporada. Uma mudança completamente desnecessária. Eli Sabiá e Preto Costa se completam em características técnicas.
Além de mudar desnecessariamente a defesa, Márcio Araújo voltou a insistir no 4-2-2-2 que introduziu na equipe no jogo anterior, também no Anacleto Campanella. Não que o modelo seja intrinsecamente ruim. É até aconselhável em casa ante adversários do mesmo tamanho ou menores. O problema é que se repetiu a situação anterior de baixa mobilidade dos jogadores.
O São Caetano é um time sem movimentação intensa. Vive de passes esticados, de jogadas mais que previsíveis. O Guarani, como o XV de Piracicaba, mexeu-se o tempo todo, com troca insistente de posicionamento dos jogadores. O São Caetano é estático. Triangulações são raras. O chamado ponto futuro não existe. Os deslocamentos são morosos.
Melhores momentos?
O melhor retrato da inoperância do São Caetano é a ausência completa de algum dos "melhores momentos" do jogo transmitido pela TV. Se for aplicada uma edição honesta, sem firulas, apenas um chute rente à trave do atacante Pedro Júnior, que entrou no segundo tempo, mereceria ser lembrado. O primeiro tempo, mesmo com benevolência, não teria um lance sequer, porque o São Caetano simplesmente não incomodou o adversário, muito mais organizado.
Ultrapassada a marca de 25% dos jogos da Série A do Campeonato Paulista, a conclusão a que se chega é que o técnico Márcio Araújo precisa simplificar para não complicar o horizonte. O time que iniciou a competição vencendo a Ponte Preta por
Há jogadores no banco de reservas do São Caetano mais apetrechados para dar densidade à equipe, casos de Ailton e Allan, além do atacante Pedro Júnior, que já poderia ser aproveitado desde o começo. Mexer no sistema defensivo, principalmente com substituições descabidas, como a do lateral direito Daniel, obrigando o deslocamento de Moradei à função, e substituir um zagueiro discreto mas eficiente como Eli Sabiá, revelam um descuido e tanto do treinador e, mais que isso, um inversão de prioridades. O problema é o sistema ofensivo, é o sistema ofensivo, é o sistema ofensivo.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André