Esportes

São Caetano confirma avanço tático e
está entre os oito melhores da Série A

DANIEL LIMA - 13/02/2012

Ganhar do Comercial de Ribeirão Preto ontem à noite no Estádio Anacleto Campanella por 2 a 0 não foi o melhor resultado para o São Caetano. O time de Márcio Araújo ganhou muito mais: passou a ter a confiança da torcida porque repetiu pela primeira vez na Série A do Campeonato Paulista o futebol do jogo anterior -- vitória em Jundiaí, de virada. Estabilidade de rendimento pode ser comum a muitas equipes, mas no caso do São Caetano é mesmo algo a ser comemorado, independente do placar. Ganhando, então, muito melhor.


 


O São Caetano foi tão eficiente que o Comercial não teve rigorosamente uma única grande oportunidade para marcar durante os 90 minutos. O mesmo time que três dias antes empatara de 1 a 1 com o São Paulo no Morumbi foi completamente dominado pelo adversário. E só não sofreu mais gols, principalmente após perder dois jogadores expulsos no segundo tempo, porque o São Caetano preferiu não se desgastar.


 


Sem contar que o bandeirinha anulou um gol regularíssimo de Geovane no primeiro tempo, anotando impedimento inexistente, e o outro bandeirinha não observou que a bola chutada por Moradei ultrapassou a linha fatal antes de um zagueiro do Comercial rebatê-la com uma cabeçada.


 


De novo o meia-atacante Marcelo Costa, autor de dois gols, foi um dos destaques do São Caetano. Alçá-lo à condição de principal estrela do time nos dois últimos jogos, quando marcou quatro gols, seria injusto. Exceto a briga eterna do centroavante Betinho com a bola, num jogo de esconde-esconde que o técnico Márcio Araújo ainda não solucionou, o São Caetano foi mais uma vez equilibradíssimo em individualidades e suficientemente próspero no coletivo.


 


Solidificando a defesa


 


Os experimentos nos jogos em casa contra o XV de Piracicaba e o Guarani, quando Márcio Araújo optou por um esquema mais ofensivo, com apenas dois volantes, dois meias e dois atacantes, foi abandonado de vez depois de ganhar apenas um dos seis pontos em disputa. Ontem contra o Comercial se repetiu o sistema da vitória em Jundiaí, da vitória na estréia ante a Ponte Preta, do empate fora de casa com o Linense e da derrota no final do jogo ante o São Paulo: quatro zagueiros, três volantes com forte viés de marcação e cada vez mais mobilidade para soltarem-se ao ataque, um articulador (Marcelo Costa) com fome de gol, um meia-atacante veloz e agressivo (Geovane) e um atacante (Betinho) à procura de espaço e da bola. Tudo que foi treinado durante a fase de preparação.


 


Parece mais que evidenciado que o São Caetano já solidificou o sistema tático deste começo de temporada, mas isso não pode representar o abandono de projetos de mudanças para potencializar-se ofensivamente. Há jogos que exigem agressividade maior e também não se pode descartar que os adversários vão começar a esmiuçar o esquema de Márcio Araújo para neutralizar os riscos.


 


De qualquer modo, mesmo com inclinação maior para preencher com mais assiduidade e competitividade o sistema defensivo, o São Caetano conseguiu ante o Comercial o que já realizara em Jundiaí: atacou em velocidade ou em progressivas trocas de passes. Encontrar o peso ideal de ocupação de espaços defensivos e ofensivos é o grande desafio do treinador.


 


Maturidade expressa


 


O que mais impressiona na equipe que antes da vitória em Jundiaí e da confirmação do avanço tático de ontem vinha de maus resultados e flertava com a zona de rebaixamento é o surto de maturidade. Entenda-se a expressão como uma capacidade intensa de saber temperar o jogo de acordo com as circunstâncias. Coloca velocidade ou impõe um ritmo mais moroso, mas progressivo, dependendo das circunstâncias. Tanto que em nenhum período do jogo com o Comercial o São Caetano perdeu o controle tático. Mesmo quando o adversário tinha mais posse de bola mas não conseguia espaços para penetrações. O São Caetano está aprendendo a dar corda para o oponente se enforcar.


 


É claro que o São Caetano ainda está longe do estado da arte, levando-se em conta os limites de seus jogadores. Mas está progressivamente melhor. Os laterais Daniel e Diego já se soltam mais e apoiam com maior regularidade e eficiência. Os zagueiros Jorge Luiz e Preto Costa estão sempre bem protegidos e melhoram posicionamento nas bolas aéreas. Os volantes Moradei, Augusto Recife e Anselmo se completam na dedicação de encurtar espaços e também se soltam ao ataque, principalmente Moradei e Anselmo. Marcelo Costa e Geovane parece se conhecerem há muito tempo, deslocando-se em sincronia e se completando tecnicamente: Geovane é um meia de ligação rápido, contundente, e Marcelo Costa ocupa cada vez melhor os espaços laterais, penetra nos espaços vazios sem a bola e complementa com letalidade impressionante. Sobra o que fazer com Betinho que, de bom, no jogo de ontem, fez o passe para o segundo gol de Marcelo Costa quando o adversário estava reduzido a nove jogadores.


 


O jogo de sábado de Carnaval contra o Corinthians é uma oportunidade nova para o São Caetano praticar o futebol de contragolpes. Com a vantagem de não ter obrigação alguma de ganhar os três pontos, mas, se conseguir, tornaria a presença no G-8, o grupo dos times que disputarão os mata-matas uma prova insofismável de evolução.


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