Esportes

São Caetano erra demais no banco
e volta a preocupar no campeonato

DANIEL LIMA - 23/02/2012

O São Caetano que perdeu de 1 a 0 para o Mogi Mirim ontem no Interior pela Série A do Campeonato Paulista ultrapassou os limites: foi a mais pobre exibição entre as nove até agora na competição. A derrota não foi tudo, porque o rescaldo é preocupante. O time de Márcio Araújo não sustenta estabilidade satisfatória. Mais que isso: mergulhou ontem em erros, principalmente porque o treinador comete tantas bobagens que torna improvável que sejam apenas descuidos circunstanciais. São convicções próximas do desastre.


 


Um bom exemplo do que o técnico do São Caetano é capaz de fazer (e com insistência, porque vem desde o ano passado) é a escalação de um zagueiro, Revson, na função de volante, ante a ausência de Augusto Recife, suspenso com três cartões amarelos. Revson não tem mobilidade, não tem técnica, não tem iniciativa e muito menos percepção espacial para atuar à frente da zaga e ainda surpreender com avanços. Aliás, quase todos os zagueiros do futebol mundial teriam sérias dificuldades se escalados de volantes. Só em circunstâncias muito especiais, de tentativa de manter um bom resultado em situação emergencial, se entenderia a escalação de Revson. Pois Revson jogou ontem de volante até os 17 minutos do segundo tempo, enquanto um reforço contratado para a função, Marcone, ficou entre os reservas.


 


Mas não foi apenas Revson o problema individual com efeitos coletivos que o São Caetano expôs. Inexplicavelmente, o lateral-esquerdo Diego, titular desde os primeiros jogos, foi substituído por Vicente, contratado como reforço. A mudança provocou avarias no sistema de cobertura e dispersão ofensiva. Vicente vem de contusão e está fora de ritmo. O gol do Mogi Mirim, aos 21 minutos do primeiro tempo, marcado por Felipe, dominando em penetração pela direita e chutando contra a saída de Luiz, foi um dos efeitos da falta de jogo de Vicente, mal posicionado.


 


Mexidas em excesso


 


O bom senso indicava que o São Caetano deveria mexer o mínimo possível na equipe que perdeu no sábado de Carnaval para o Corinthians no Estádio Anacleto Campanella. O terceiro cartão de Augusto Recife, a contusão do centroavante Betinho e o impedimento legal de Geovane ser escalado, por ter vínculos com o Mogi Mirim, já seriam suficientes para estancar a sede de alterações. Pedro Júnior e Ailton foram os substitutos de Betinho e Geovane, mas padeceram dos mesmos problemas dos até então titulares: o São Caetano atua com três volantes quase fixos e isola as áreas de armação e finalização. Por isso apenas um chute de Ailton, defendido pelo goleiro, foi o saldo do primeiro tempo.


 


O segundo tempo foi ainda pior, embora o São Caetano tenha tido mais posse de bola. A saída do volante Anselmo para a entrada do meia-atacante Alex foi mais um erro acumulado pelo técnico Márcio Araújo, principalmente porque continuou com o atrapalhado Revson no meio de campo. Anselmo é um volante com capacidade de ataque e finaliza bem de fora da área. Revson, além de tudo, já recebera cartão amarelo.


 


Um chute de fora da área de Pedro Júnior, rente à trave, poderia sugerir mais aproximação entre os setores, melhoria na troca de passes, movimentação verticalizada, mas não passou de ilusão. O São Caetano não teve objetividade também no segundo tempo. Entre outras razões, além do excesso de mudanças individuais com reflexos coletivos, porque o Mogi Mirim se satisfez com a vantagem do primeiro tempo, bloqueou a entrada da área, não se expôs a contragolpe e pouco se lixou para o baixo nível do espetáculo, já que praticamente não se preocupou em atacar. E quando o fez o São Caetano soube neutralizar.


 


A principal mensagem que a derrota em Mogi Mirim deixa para o São Caetano é que a passagem para o G-8, o grupo dos times que disputarão a série de mata-matas, é uma tarefa muito improvável. O melhor mesmo é fugir o quanto antes das últimas colocações. Com 21 pontos a ameaça de rebaixamento estará pulverizada. Portanto, faltam 10 pontos em 10 jogos. Os três neste final de semana contra a Portuguesa no Anacleto Campanella são complicadíssimos. Principalmente para um treinador que, como em Mogi Mirim, começa um jogo com três volantes e, no segundo tempo, radicaliza, ao terminar o mesmo jogo com apenas um volante e, bobagem das bobagens, recua o melhor finalizador, Marcelo Costa, para atuar na frente da zaga, longe portanto da articulação ofensiva.


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