Esportes

São Caetano é melhor até cansar e
se segura no empate com dificuldade

DANIEL LIMA - 27/02/2012

O São Caetano fez esforço extraordinário para terminar o primeiro tempo com vantagem no placar e com o controle tático do jogo ante a Portuguesa no Estádio Anacleto Campanella na tarde de domingo. Mas não conseguiu sustentar o resultado no segundo tempo. O cansaço foi visível e o adversário mais bem qualificado e arrumado coletivamente empatou o jogo de 1 a 1 e até poderia ter vencido. Sem exagero, o time do primeiro tempo conseguiria uma vaga à fase decisiva, mas o do segundo teria que se virar para fugir do rebaixamento.
 
Esse é o resumo de mais um jogo oscilante da equipe de Márcio Araújo, que segue fora da zona de classificação aos mata-matas da Série A do Campeonato Paulista, mas também com certa folga da zona de turbulência de rebaixamento.
 
O São Caetano foi mais ousado do que nos jogos anteriores, mas queimou a possibilidade de utilizar a vantagem no placar no primeiro tempo para ganhar mais solidez defensiva no segundo tempo. Tudo porque deixou de ter no banco de reservas o jogador mais regular da equipe na competição: o volante Anselmo foi barrado porque Márcio Araújo resolveu estruturar o meio de campo mais ofensivo, com dois volantes (Moradei e Augusto Recife), dois articuladores (Marcelo Costa e Airton) e dois atacantes (Geovane e Isael). Tivesse Anselmo entre os reservas, pelo menos, poderia ter reforçado a marcação do meio de campo quando a Portuguesa estava em desvantagem no placar e foi para o tudo ou nada.
 
A dúvida quanto a resistência física é uma das inquietações que envolve o São Caetano. Em praticamente todos os 11 jogos disputados, o decréscimo de produção na etapa final virou rotina. A diferença do jogo com a Portuguesa e os anteriores, ou quase todos os anteriores, é que desta vez o cansaço se justifica porque o São Caetano imprimiu ritmo forte demais no primeiro tempo. Era preciso barrar as jogadas sempre insinuantes do adversário, que se utiliza intensamente das laterais, do meio de campo mobilizador e de atacantes que se deslocam o tempo todo. Mesmo com algumas modificações, a Portuguesa campeã com sobras da Série B do Campeonato Brasileiro do ano passado está acima das equipes médias e pequenas da Série A Paulista.
 
Vantagens providenciais
 
O esforço despendido no primeiro tempo teria mesmo um preço a cobrar. Menos mal que o São Caetano terminou em vantagem, num pênalti batido por Marcelo Costa. O gol começou de um cruzamento de Vicente, penetração de Geovane na pequena área, domínio da bola no peito e um trança-pé do goleiro da Portuguesa. O São Caetano não exercia controle total do jogo, mas afastava a Portuguesa de sua área e impunha velocidade no contragolpe. A Portuguesa só conseguiu criar duas oportunidades: um lançamento em diagonal nas costas da zaga e um cruzamento da linha de fundo.
 
O começo do segundo tempo poderia ter decidido a sorte em favor do São Caetano, quando a Portuguesa voltou sem o volante Leo Silva, substituído pelo atacante Vandinho. O técnico Jorginho deixava claro que queria virar o jogo de qualquer forma. Teria recebido uma ducha de água fria se Geovane, aos cinco minutos, tivesse um pouco mais de tranquilidade para finalizar à frente do goleiro um rápido contragolpe: a bola bateu na trave.
 
Aos poucos o São Caetano foi perdendo a combatividade ante um adversário que se utilizava de intensidade física para acelerar o jogo. Jorginho não deixou o cronômetro chegar aos 20 minutos sem substituir outros dois jogadores, os atacantes Ricardo Jesus e Henrique pelos também atacantes Danilo e Wilson Júnior. E foi jogando nas costas dos volantes, agora sem o apoio constante dos meias e dos atacantes na marcação da saída de bola adversária, que a Portuguesa empatou aos 20 minutos, também de pênalti, batido por Vandinho. A origem do lance foi mal interpretada pelo árbitro, porque Wilson Júnior não sofreu deslocamento suficiente para perder o controle da bola. Uma jogada anterior, no interior da área, caracterizou muito mais a penalidade, quando Jorge Luiz deslocou Wilson Júnior.
 
O empate colocou o São Caetano na zona de risco. A derrota emitia mais sinais inquietantes do que a possibilidade de vitória. Os contragolpes encaixavam porque os atacantes já não tinham fôlego e pernas para reter a bola e esperar as raras subidas dos volantes e dos laterais. Vicente ainda tinha alguma reserva física, mas o improvisado lateral Marcone, escalado no lugar de Daniel, permaneceu o tempo todo na defesa, O São Caetano perdera a saída de bola pelo setor direito e reduzira o impacto de escalar apenas dois volantes.
 
As duas mudanças que o técnico Márcio Araújo fez depois do gol de empate não alteraram em nada o São Caetano: Kleber substituiu um cansado Marcelo Costa, ótimo no primeiro tempo e nulo no segundo, aos 27 minutos, e o zagueiro Revson, de novo improvisado de volante, substituiu ao contundido Augusto Recife, aos 35.
 
O São Caetano terminou o jogo pedindo para o árbitro apitar pela última vez porque já não suportava a avalanche adversária, facilitada pela liberalidade de marcação num meio de campo debilitado pela sobrecarga de enfrentar um adversário que avançava suas linhas.


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