A rodada de ontem da fase classificatória da Série B do Campeonato Paulista confirmou a tendência que envolve as duas equipes da região: o São Bernardo foi goleado pelo Audax na Capital por
Vi o jogo do Saged (Santo André Gestão Empresarial e Desportiva) no Estádio Primeiro de Maio,
Outra constatação, sempre a julgar por aqueles e outros 90 minutos: a diferença entre as equipes que estão na cabeça e as do andar de baixo é menor do que sugere a classificação. Nada surpreendente, porque a distância estrutural e orçamentária entre os clubes está longe de manifestar-se semelhante ao que se dá na Série A do Campeonato Paulista. Ali, há os grandes clubes, requisitadíssimos pela TV, há os clubes médios que integram a Série A ou a Série B do Campeonato Brasileiro e, portanto, têm calendário mais extenso, e os demais, que dependem muito do repasse de recursos financeiros da Federação, por conta do dinheiro da TV. Todos infinitamente muito mais preparados que a maioria das equipes da Série B, praticamente à míngua em matéria de patrocinadores de peso.
Três pontos
O Saged merecia ter saído de campo ontem com os três pontos. Bem organizado, com equilíbrio entre os setores, e diante de um adversário de força coletiva, o time de Ruy Scarpino teve o controle tático durante todo o tempo. Um controle tático feito com sabedoria, sem dar a menor possibilidade aos contragolpes adversários. Nas poucas vezes em que erros individuais superaram a estrutura tática, o Saged se deu mal. O gol do Penapolense surgiu de um erro de passe no meio de campo. E no segundo tempo, as três oportunidades que criou saíram de indecisões individuais.
A vitória seria mais adequada ao enredo do jogo porque, principalmente no segundo tempo, o Saged foi mais ofensivo e desperdiçou quatro ótimas oportunidades, três das quais sob a influência do goleiro do Penapolense.
Depois de assistir a três jogos do Saged e a três jogos do São Bernardo na Série B não tenho dúvidas em afirmar que o time de Ronan Maria Pinto é mais bem organizado coletivamente. Tem mais ajuste entre os setores. Desgasta-se menos emocionalmente. Erra menos passes. O São Bernardo está mais bem classificado porque tem um elenco mais numeroso, conta com um orçamento milionário e com a força da torcida. Mas é um time decepcionante para quem tinha a expectativa de que seria uma das sensações da competição.
Aos trancos e barrancos
A goleada ante o Audax, por isso mesmo, não surpreende. O técnico Luciano Dias não consegue definir o time titular porque o time titular do São Bernardo é confuso. Enquanto escalar na ala direita um jogador canhoto, enquanto preferir um zagueiro razoável atuando como volante (Marcelo Godri), enquanto optar por um Luciano Mandi longe da área, sendo que técnica ele não tem para jogar na intermediária, enquanto escalar Danielzinho e Nei Mineiro como dupla de área, enquanto os setores se distanciarem tanto entre si, enquanto tudo isso se mantiver, o São Bernardo dependerá mais e mais de alguns lampejos de Danielzinho e da letalidade do centroavante Fernando Gaúcho, ainda fora de forma.
De qualquer modo, a classificação à fase decisiva parece questão de tempo para o São Bernardo. E a luta para fugir do rebaixamento, porque reta de chegada é sempre estressante, será árdua para o Saged. O tiro curto da Série B, de apenas 19 jogos, é um terror para equipes que sofrem oscilações. O Santo André saiu em disparada, caiu e agora a recomposição é problemática, embora possível. O São Bernardo saiu mal, recuperou-se e agora joga por um objetivo alcançável. Se vai subir é outra história. No fundo, no fundo, acredito nisso. Mas será aos trancos e barrancos.
Total de 985 matérias | Página 1
05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André