O São Caetano perdeu de
Quem vê a classificação da Série A do Campeonato Paulista sem os cuidados necessários vai achar que o São Caetano, 13º colocado, tendo, portanto, sete equipes abaixo na classificação, respira sem dificuldades ao restarem apenas duas rodadas para o encerramento da primeira fase. Ledo engano. Como vai enfrentar em casa o Santos e na rodada final vai ao Vale do Paraíba para jogar com o ameaçadíssimo Guaratinguetá, o São Caetano terá dias complicados para fugir da lista final dos quatro rebaixados. Se não escapar matematicamente da queda já no final de semana, corre o risco de ter de decidir tudo fora de casa.
Para o São Caetano (19 pontos e quatro vitórias) escapar do descenso antes da rodada final sem depender de terceiros terá de vencer o Santos neste domingo. O empate também serve, mas aí precisa contar com pelo menos empate em dois dos jogos de adversários que estão abaixo na classificação com 14 pontos ganhos: do XV de Piracicaba em casa ante a Ponte Preta e do Guaratinguetá
Nenhum rebaixado ainda
Quem entender que tudo isso parece um emaranhado matemático estará repleto de razão. O problema é que são enredos que podem se traduzir
Nem mesmo se houvesse empatado ontem com o Bragantino o São Caetano estaria livre de uma máquina de calcular. O que causa espanto é que a transmissão do jogo pela TV paga não se apercebeu da gravidade do quadro, porque o tempo todo se falou, ainda, nas possibilidades de o São Caetano chegar ao G-8. Os jogadores, ao contrário, parece que tinham consciência das complicações. E também o técnico Mário Araújo. Tanto que o São Caetano jogou fechadíssimo, com três volantes, laterais que pouco apoiaram, três meias de articulação e nenhum atacante.
Sem poder contar com Geovane, um meia-atacante que se vira como pode como centroavante, o São Caetano apelou para um pretendido revezamento entre Marcelo Costa, Kleber e Airton à ocupação da grande área. Não deu certo porque nenhum deles tem características minimamente próximas de quem enxerga o gol jogando de costas, como bons atacantes convencionais. A grande área do Bragantino passou a ser um território inóspito. Talvez a escalação do jovem Fernando, centroavante das equipes de base e que constava do banco de reservas, pudesse ajeitar melhor a forma de jogar do São Caetano. Jogar sem centroavante de ofício como o São Caetano vem jogando há muitas rodadas é uma coisa, jogar sem centroavante de ofício mas com Geovane é outra coisa. Agora, jogar sem um e sem outro, é muito mais complexo.
Infrações treinadas
Por isso que, com folga na marcação ofensiva do adversário, o Bragantino adiantou-se e fechou todos os espaços no meio de campo com a costumeira intensidade física exigida pelo técnico Marcelo Veiga, que apostou mais uma vez na bola parada. Não deu outra: o gol no primeiro tempo e o gol no segundo tempo foram anotados a partir de infrações. No primeiro lance, Romarinho cumpriu rigorosamente os treinamentos, chamou Moradei para o combate nas proximidades da linha de fundo, pela esquerda, ganhou a falta e Léo Jaime bateu na cabeça do centroavante Giancarlo, ante um goleiro Luiz estático e uma defesa atônita. No segundo lance, Romarinho chamou a falta em disputa com Eli Sabiá pela direita, rente à lateral, a falta foi batida de novo na pequena área e desta vez o zagueiro André Astorga completou após rebote da defesa.
É na força bruta de jogadores de pegada e sempre contando com um toque de classe principalmente de Romarinho que o Bragantino constrói resultados. O São Caetano não tem consolidada uma jogada letal para momentos delicados. Uma deficiência fatal para quem parte do pressuposto tático de marcação e contragolpes.
Mesmo ao melhorar no segundo tempo, quando Márcio Araújo abandonou o sistema com três volantes com a entrada de Allan no ataque e o deslocamento de Marcone à lateral-direita, com a saída de Pedro Balu, o São Caetano não resistiu ao mandante. Principalmente porque o segundo gol surgiu num momento em que a equipe parecia dar sinais de vitalidade, com Allan se aproximando levemente da função de centroavante e incomodando os zagueiros.
Somente nos últimos 15 minutos, com pelo menos três oportunidades bem construídas, o São Caetano sinalizou que poderia preocupar a defesa do Bragantino, inclusive com uma penalidade máxima sofrida por Airton que o árbitro preferiu ignorar. Era tarde demais.
Saged e São Bernardo
Já o Saged, ex-Ramalhão, que ganhou do desinteressado União Barbarense num Estádio Bruno Daniel sem público, fez o suficiente para o gasto. Um gol de Batata, arrematando da entrada da área no primeiro tempo, sustentou a vantagem que não correu maiores riscos de supressão no segundo tempo porque o adversário só ameaçou duas vezes. O Santo André marcou o tempo todo e buscou os contragolpes.
Alguns fogos de artifício deram a dimensão do que representou o resultado: o alívio por escapar do quinto rebaixamento após o Ramalhão ter caído nas malhas do Saged (Santo André Gestão Empresarial e Desportiva), uma empresa que terceirizou o futebol da cidade com a turbulência organizacional expressa na própria história recente: em 2010 disputou a decisão do título paulista com o Santos de Neymar e Ganso e dois anos depois jogou desesperadamente para não mergulhar na Terceira Divisão. O modelo empresarial do Saged jamais saiu das planilhas e está na corda bamba tanto quanto o time de futebol, que pede socorro para não passar por novos vexames. Por isso, tratar a vitória do Saged com tom épico é mais que um exagero, é o suprassumo do deboche, da ingenuidade ou da vassalagem.
Bem diferente é a situação do São Bernardo, com dinheiro farto, apoio público e cada vez mais perto de retornar à Série A do Campeonato Paulista. O rebaixamento no ano passado provavelmente foi pedagógico porque entre a Série A e a Série B há um fosso técnico que jamais poderá ser desprezado. Apenas para exemplificar, jogadores sobre os quais pairam dúvidas de titularidade na Série B não podem passar perto dos vestiários na Série A.
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05/08/2024 Conselho da Salvação para o Santo André