Esportes

Saged vence e escapa do penta;
São Caetano segue ameaçado

DANIEL LIMA - 02/04/2012

O São Caetano perdeu de 2 a 0 em Bragança Paulista para um adversário mais bem balanceado e contundente, por isso continua a viver situação difícil na Série A do Campeonato Paulista. Já o Saged, ex-Ramalhão, ganhou em casa do já classificado e desfalcadíssimo União Barbarense por 1 a 0 e escapou de vez de rebaixamento à Série C do Campeonato Paulista. O São Bernardo, finalista, começa a disputar um dos quadrangulares decisivos no próximo final de semana, depois de vencer o rebaixado Palmeiras B por 4 a 0 no Estádio Primeiro de Maio. Eis o resumo de um final de semana de resultados esperados.
 
Quem vê a classificação da Série A do Campeonato Paulista sem os cuidados necessários vai achar que o São Caetano, 13º colocado, tendo, portanto, sete equipes abaixo na classificação, respira sem dificuldades ao restarem apenas duas rodadas para o encerramento da primeira fase. Ledo engano. Como vai enfrentar em casa o Santos e na rodada final vai ao Vale do Paraíba para jogar com o ameaçadíssimo Guaratinguetá, o São Caetano terá dias complicados para fugir da lista final dos quatro rebaixados. Se não escapar matematicamente da queda já no final de semana, corre o risco de ter de decidir tudo fora de casa.
 
Para o São Caetano (19 pontos e quatro vitórias) escapar do descenso antes da rodada final sem depender de terceiros terá de vencer o Santos neste domingo. O empate também serve, mas aí precisa contar com pelo menos empate em dois dos jogos de adversários que estão abaixo na classificação com 14 pontos ganhos: do XV de Piracicaba em casa ante a Ponte Preta e do Guaratinguetá em Ribeirão Preto ante o praticamente rebaixado Comercial. Se XV de Piracicaba e o Guaratinguetá vencerem e o São Caetano empatar com o Santos, tudo ficará para a última rodada. Já se perder para o Santos, o São Caetano só escapará da decisão na rodada final se, além do Guaratinguetá e do XV de Piracicaba não vencerem neste final de semana, o jogo entre Catanduvense (13 pontos e duas vitórias) e Botafogo (13 pontos e quatro vitórias) terminar empatado.
 
Nenhum rebaixado ainda
 
Quem entender que tudo isso parece um emaranhado matemático estará repleto de razão. O problema é que são enredos que podem se traduzir em realidade. Matematicamente não há nenhuma equipe rebaixada ainda, nem mesmo o Comercial, que pode chegar a 14 pontos e quatro vitórias se vencer os dois jogos. Exatamente o número de pontos e de vitórias (primeiro critério de desempate) do XV de Piracicaba, primeira equipe fora da zona de rebaixamento. Mas a situação do Comercial é tão grave que só um milagre a salvaria da Série B. Além de vencer os dois jogos que lhe restam, teria de contar com uma combinação fabulosa de resultados. Seria ótimo se os riscos do São Caetano fossem inversamente proporcionais aos do Comercial, mas não são. Ganhar do Santos completo ou alternativo é quase uma façanha no próximo final de semana.
 
Nem mesmo se houvesse empatado ontem com o Bragantino o São Caetano estaria livre de uma máquina de calcular. O que causa espanto é que a transmissão do jogo pela TV paga não se apercebeu da gravidade do quadro, porque o tempo todo se falou, ainda, nas possibilidades de o São Caetano chegar ao G-8. Os jogadores, ao contrário, parece que tinham consciência das complicações. E também o técnico Mário Araújo. Tanto que o São Caetano jogou fechadíssimo, com três volantes, laterais que pouco apoiaram, três meias de articulação e nenhum atacante.
 
Sem poder contar com Geovane, um meia-atacante que se vira como pode como centroavante, o São Caetano apelou para um pretendido revezamento entre Marcelo Costa, Kleber e Airton à ocupação da grande área. Não deu certo porque nenhum deles tem características minimamente próximas de quem enxerga o gol jogando de costas, como bons atacantes convencionais. A grande área do Bragantino passou a ser um território inóspito. Talvez a escalação do jovem Fernando, centroavante das equipes de base e que constava do banco de reservas, pudesse ajeitar melhor a forma de jogar do São Caetano. Jogar sem centroavante de ofício como o São Caetano vem jogando há muitas rodadas é uma coisa, jogar sem centroavante de ofício mas com Geovane é outra coisa. Agora, jogar sem um e sem outro, é muito mais complexo.


 


Infrações treinadas
 
Por isso que, com folga na marcação ofensiva do adversário, o Bragantino adiantou-se e fechou todos os espaços no meio de campo com a costumeira intensidade física exigida pelo técnico Marcelo Veiga, que apostou mais uma vez na bola parada. Não deu outra: o gol no primeiro tempo e o gol no segundo tempo foram anotados a partir de infrações. No primeiro lance, Romarinho cumpriu rigorosamente os treinamentos, chamou Moradei para o combate nas proximidades da linha de fundo, pela esquerda, ganhou a falta e Léo Jaime bateu na cabeça do centroavante Giancarlo, ante um goleiro Luiz estático e uma defesa atônita. No segundo lance, Romarinho chamou a falta em disputa com Eli Sabiá pela direita, rente à lateral, a falta foi batida de novo na pequena área e desta vez o zagueiro André Astorga completou após rebote da defesa.
 
É na força bruta de jogadores de pegada e sempre contando com um toque de classe principalmente de Romarinho que o Bragantino constrói resultados. O São Caetano não tem consolidada uma jogada letal para momentos delicados. Uma deficiência fatal para quem parte do pressuposto tático de marcação e contragolpes.
 
Mesmo ao melhorar no segundo tempo, quando Márcio Araújo abandonou o sistema com três volantes com a entrada de Allan no ataque e o deslocamento de Marcone à lateral-direita, com a saída de Pedro Balu, o São Caetano não resistiu ao mandante. Principalmente porque o segundo gol surgiu num momento em que a equipe parecia dar sinais de vitalidade, com Allan se aproximando levemente da função de centroavante e incomodando os zagueiros.
 
Somente nos últimos 15 minutos, com pelo menos três oportunidades bem construídas, o São Caetano sinalizou que poderia preocupar a defesa do Bragantino, inclusive com uma penalidade máxima sofrida por Airton que o árbitro preferiu ignorar. Era tarde demais.
 
Saged e São Bernardo
 
Já o Saged, ex-Ramalhão, que ganhou do desinteressado União Barbarense num Estádio Bruno Daniel sem público, fez o suficiente para o gasto. Um gol de Batata, arrematando da entrada da área no primeiro tempo, sustentou a vantagem que não correu maiores riscos de supressão no segundo tempo porque o adversário só ameaçou duas vezes. O Santo André marcou o tempo todo e buscou os contragolpes.
 
Alguns fogos de artifício deram a dimensão do que representou o resultado: o alívio por escapar do quinto rebaixamento após o Ramalhão ter caído nas malhas do Saged (Santo André Gestão Empresarial e Desportiva), uma empresa que terceirizou o futebol da cidade com a turbulência organizacional expressa na própria história recente: em 2010 disputou a decisão do título paulista com o Santos de Neymar e Ganso e dois anos depois jogou desesperadamente para não mergulhar na Terceira Divisão. O modelo empresarial do Saged jamais saiu das planilhas e está na corda bamba tanto quanto o time de futebol, que pede socorro para não passar por novos vexames. Por isso, tratar a vitória do Saged com tom épico é mais que um exagero, é o suprassumo do deboche, da ingenuidade ou da vassalagem.



Bem diferente é a situação do São Bernardo, com dinheiro farto, apoio público e cada vez mais perto de retornar à Série A do Campeonato Paulista. O rebaixamento no ano passado provavelmente foi pedagógico porque entre a Série A e a Série B há um fosso técnico que jamais poderá ser desprezado. Apenas para exemplificar, jogadores sobre os quais pairam dúvidas de titularidade na Série B não podem passar perto dos vestiários na Série A.


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