Esportes

Vitória confirma que São Caetano
poderia ter chegado mais longe

DANIEL LIMA - 09/04/2012

A vitória ante o Santos ontem à noite no Estádio Anacleto Campanella por 2 a 1, de virada, confirmou uma realidade que o São Caetano faz questão de negar ao longo do campeonato: conta com jogadores qualificados para ir muito além de jogar para fugir do rebaixamento nas últimas rodadas. O risco de queda e o Santos completo, com Neymar e Ganso sempre prestes a lances especiais, levaram o time de Márcio Araújo a jogar com determinação. A vitória  foi um prêmio. Uma mudança no intervalo do jogo desmontou a mobilidade do Santos. 


 


Quem mudou tudo  foi o meia-atacante Ailton, que substituiu o quase inútil Kleber no intervalo. Com Ailton o São Caetano ganhou duplamente: teve um meia para dividir  com Marcelo Costa as atenções da marcação santista na área de criação, e passou a contar com um marcador atento aos avanços de Juan, lateral/ala que fez o que bem quis no primeiro tempo, inclusive atuando por dentro, como armador. A correção tática aumentou o poder de fogo do São Caetano. E fez deslanchar ainda mais o futebol do melhor jogador da equipe, Geovane, autor de um gol e da jogada para o segundo. A defesa do São Caetano, bem protegida por três volantes de contenção (Moradei, Augusto Recife e Anselmo) manteve o Santos quase sempre longe da área. Quase sempre, porque com Ganso e Neymar até o quase é força de expressão. 


 


O que o São Caetano mais temia acabou superado: ir para o Vale do Paraíba no final de semana e depender de empate ou mesmo vitória para escapar do rebaixamento. Uma matemática lógica, ante o Santos e uma associação de resultados bastante possível. A vitória tornou-se até extravagância. O empate teria desmontado a armadilha da queda. A vitória santista, mais provável, teria mantido a espada sobre a cabeça do Azulão. 


 


A noite de domingo foi tão favorável ao São Caetano que até a arbitragem colaborou e corrigiu série de deslizes anteriores, quando a equipe foi seguidamente prejudicada em lances capitais. Um gol de Ganso, apanhando rebote de falta de Elano que acertou o travessão, foi anulado pelo bandeirinha. Ganso estava em posição normal. 


 


Gols perdidos 


 


Embora o São Caetano insistisse durante quase todo o primeiro tempo em dar espaço demais, sobretudo porque recuava excessivamente o meio de campo e a defesa afundava em direção ao goleiro Luiz, o resultado de 1 a 0 para o Santos acabou sendo um castigo. O time de Márcio Araújo desperdiçou três oportunidades que custam caro ante adversário com tantos talentos. O gol de Neymar, penetrando nas costas do lateral Marcone e matando no peito, na corrida, um passe milimétrico de Ganso pelo meio, depois de receber de Juan, foi mais uma obra-prima. O goleiro Luiz até que fechou o ângulo, mas Neymar sempre encontra uma brecha para marcar. 


 


Ao restringir os passos de Juan no segundo tempo e também ao adiantar a marcação do meio de campo, o São Caetano provocou série de erros de saída de bola do Santos. Erros que irritaram o técnico Muricy. Dois foram fatais. No primeiro, Moradei ganhou de Ganso no meio de campo, avançou, passou na corrida por dois adversários e fez um passe em diagonal, na medida, para Geovane cabecear livre contra a saída do goleiro. No segundo, Geovane roubou a bola de Ibson, fugiu de dois adversários, cruzou na pequena área para Ailton que dividiu com o goleiro Rafael e no rebote, Marcelo Costa bateu livre para desempatar. 


 


Muricy fez de tudo para mudar taticamente o jogo. Ainda quando estava empatado tirou o lateral Fucile, deslocou Henrique para a função e colocou Elano para dar densidade ao meio de campo e também para potencializar as bolas paradas. Depois do desempate, fez mais duas modificações para aumentar a intensidade ofensiva, mas não obteve as respostas imaginadas. 


 


Se é certo que a derrota não altera o rumo do Santos no campeonato, perfilando-se como favorito ao título juntamente com os outros grandes, ao São Caetano o resultado serviu de advertência e motivação: é possível tornar o trajeto na Série B do Campeonato Brasileiro menos acidentado que nos últimos anos se o sentimento do grupo mantiver-se acesso em todos os jogos, não apenas nos que apresentarem maior visibilidade ou emergencialidade. 


 


Qual o caminho que o São Caetano preferirá no próximo campeonato? 


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